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Franchising

15 de Março de 2012 as 00:00:00



PANORAMA BRASILEIRO - Carta ao amigo James, na Alemanha


Panorama Brasileiro - Carta ao amigo James, na Alemanha
 
Olá, James,
 
Não nos falamos mais, desde a última vez que estivemos conversando sobre o Euro e a Crise Grega. Imagino seu sufoco na condução de seu doutoramento aí, na Alemanha. Aproveito agora para levar-lhe um pouco do que conseguimos ver a partir do hemisfério sul.
 
Penso que o nível de emprego não deve melhorar tão cedo na economia dos países europeus e nos EUA, por algumas razões.
 
Você mais que todos sabe, o sistema econômico funciona na busca da maximização de lucro e não na busca do pleno emprego; e,  a rigor, economistas sabem que esses dois objetivos podem ser excludentes no mercado.
 
A maximização do lucro das empresas depende do aumento da produtividade, dado certo nível salarial, ou da redução dos salários, dado certo nível de produtividade. A partir de maiores taxas de crescimento econômico obtidas dos aumentos de investimentos empresariais, aumenta o nível de ocupação da mão de obra no conjunto da economia, mais trabalhadores são contratados.
 
Quando isso ocorre, haverá menos desempregados para aceitarem os níveis salariais do momento, e as empresas são obrigadas a contratar pessoal oferecendo salários mais altos, algo que pode comprometer os níveis de lucro empresarial.
 
Nessa circunstância, o que pode ser feito para manter taxa de lucro atraente para novos empreendimentos serem lançados ? São duas as soluções possíveis.
 
Uma delas é o empresariado partir para aprimoramentos tecnológicos e gerenciais que aumentem a produtividade dos funcionários aos níveis de salários atuais. Assim, eles produzirão mais, ganhando o mesmo e elevando os lucros.
 
Outra solução possível é manter o nível atual da tecnologia e gestão empregados na produção e distribuição de mercadorias produzidas, mas reduzindo simultaneamente o volume de produção e dispensando funcionários e tendo menores gastos salariais.
 
Há um ponto na curva da produção em que isso pode ser feito aumentando os lucros, mesmo ao nível atual de preço de venda dos produtos e serviços da empresa; melhor ainda no caso de aumento de preços de seus produtos vendidos, possibilidade bastante presente por se tratar de princípio econômico básico no caso de redução da oferta.
 
O elevado nível de atividade econômica norte americana e mundial até meados de 2007 fez elevar o nível de emprego até alcançar o limite suportável pela lucratividade empresarial/produtividade. No momento em que a taxa de produtividade passou a cair, o nível dos investimentos igualmente foi caindo, caindo e provocando o desemprego que se vê até os dias atuais.
 
Trata-se de uma reação básica do empresariado: diante da elevação da remuneração do trabalho, reduzem-se os ganhos de produtividade e a taxa de lucro; daí reduzem-se os novos investimentos e essas ações provocam a queda no nível de emprego e da renda, até o ponto em que os salários caiam de modo a garantir o lucro empresarial.
 
Nos EUA esse foi um processo intenso de desemprego da mão de obra que estendeu-se de 2007 a 2009, ano em que a taxa de produtividade voltou a ascender um pouquinho e paulatinamente pelos diversos segmentos da economia norteamericana. Desde então, o desemprego é alto, mas tem se mantido estabilizado: em fevereiro/2012 ficou em 8,3%.
 
Para se ter uma idéia, o PIB dos EUA caiu 3,3% em 2008, caiu 0,5% em 2009, subiu 3,1% em 2010; e em 2011, cresceu 0,4% no primeiro quadrimestre, 1,3% no segundo, e 1,8% no terceiro, revelando um comportamento consistente de crescimento.
 
Paralelamente, a taxa de crescimento da produtividade do trabalho na indústria foi -4,2% em 2008, +6,2% em 2009, +4,2% em 2010, e em 2011 foi de +4,2% no primeiro quadrimestre, -2,2% no segundo e 5,0% no terceiro.  Observa-se que a taxa de produtividade passou a crescer a partir de 2009, por conta da redução salarial e do menor nível de emprego.
 
Contudo, o desemprego das pessoas deixaria rastros nos bancos que, já em 2008, passaram a sentir a inadimplência que levou quebra grandes bancos. Muitos analistas avaliam a crise econômica a partir do fenômeno da crise bancária, ao meu ver superficialmente, como se tudo pudesse ser resumido na inadimplência das pessoas por ausência de critério dos bancos na concessão de crédito.
 
O fato é que, a partir de 2009, expandiu-se a taxa de produtividade da indústria americana, mas encontrou forte barreira na propagação de seus efeitos sobre o restante da economia, justamente pela instabilidade do sistema bancário, intensa até 2009, e, em 2010/11, pela instabilidade dos estados nacionais, fragilizados pela gigantesca dimensão do déficit público. Este pode levar de roldão, ainda, o Euro e fragilizar as economias dos BRICS e outras economias em desenvolvimento. 
 
O quadro é piorado pela intensificação das medidas de contenção de gastos governamentais, de forma generalizada, nos diversos países europeus; e, principalmente, pelo "esgotamento orçamentário" dos EUA, na limitação política de endividamento público pelo Partido Republicano e por seu segmento, o grupo radical Tea Party. 
 
Os países ricos fizeram opção pelo “tsunami financeiro” representado pela injeção de US$5 trilhões na economia mundial pelos EUA e pela União Européia, nos últimos meses. Somente o Banco Central Europeu injetou 1 trilhão de Euros nos últimos 2 meses em socorro a cerca de 800 bancos.
 
Essas medidas criam efeitos protecionistas favoráveis aos produtos europeus e norteamericanos, mas não representam estímulo direto à produção e retomada da atividade econômica, uma vez que, sendo os bancos os beneficiários diretos, nada garante que eles deixem de reter esses recursos (como já vêm fazendo desde 2008), em prol de empréstimos ao setor produtivo de modo a gerar efeitos em cadeia sobre toda a economia mundial.
 
Assim, o sistema econômico ainda corre grave risco de recessão ao nível mundial. 
 
No Brasil considero que, considerados os graus de liberdade existentes, as possibilidades de enfrentamento dessa crise internacional têm sido amplamente aproveitadas por meio da política pública do governo federal, o qual, na medida do possível, tem buscado, com elevado grau de eficácia, minimizar os efeitos internos dessa crise internacional, considerada a retomada da inflação no início de 2011.
 
Surpreendendo a todos, os movimentos políticos da presidente Dilma Roussef têm sido impecáveis, buscando aproximar-se da oposição para garantir a governabilidade, à guisa de crise iminente. Para isso, está  respaldada por grande popularidade, de modo a garantir a neutralização da oposição, seu deslocamento para as bases de apoio no Congresso, ou, no mínimo, certa afabilidade da oposição.
 
Findo agora seu primeiro ano de governo, busca livrar-se da companhia incômoda de suspeitos de corrupção de seu ministério e de caciques políticos poderosos no Congresso, notadamente aqueles que marcaram sua ação política pelo confronto agudo com a oposição, desde o governo Lula.
 
Nesse sentido, a ação recente da presidente Dilma, ao renovar as lideranças do governo no Congresso –  ao lado de buscar maior eficácia de sua representação nas duas casas legislativas, onde contabilizou recentes perdas importantes  – parece sugerir o afastamento de antagonistas que poderiam conter maior aproximação, junto à base do governo, de antigos opositores desde o governo Lula, egressos de partidos políticos que hoje literalmente estão se desfazendo.
 
Seus movimentos no campo da política econômica também são muito bons, seja na busca de harmonização entre política monetária, política fiscal e creditícia; seja na tributação cautelosa dos capitais especulativos externos que têm imposto a valorização  artificial do Real; seja na forte regulação bancária; seja na gestão cautelosa dos juros Selic de modo a não desestabilizar os bancos, mas buscando reduzir gastos do Estado no giro da dívida pública; seja no incentivo às exportações tecnológicas; seja na tributação de produtos minerais exportáveis; seja na defesa do trabalhador, dos aposentados e no fortalecimento do mercado interno; seja na condução de projetos de infraestrutura energética, viária, aeroviária; seja no impulsionamento das obras de infraestrutura; seja, finalmente, na presença marcante na frente externa, atenta à defesa dos interesses do País, no enfrentamento do tsunami e dessa guerra cambial, do qual esperamos todos possa alcançar resultados positivos a partir desse segundo ano de governo.
 
Que Deus permaneça nos protegendo a todos e a você, aí, brasileiro, temporário nessa terra de Bach e da eficiência.
 
grande abraço.
 
Wilson R Correa


Fonte: da Redação, Wilson R Correa





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