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Franchising

09 de Março de 2012 as 21h:37



RESPONSABILIDADE SOCIO-AMBIENTAL CORPORATIVA, Solução para Desatinos das Filosofias Empresariais. Por Wilson R Correa


 

 

 

Responsabilidade Social Corporativa RSC. Solução Duradoura para Desatinos das Filofias Empresariais 

 

por Wilson  R  Correa

.

Em certa ocasião, minha amiga Lay escreveu

 

" (...) Nos últimos anos, fatores como meio ambiente, o tratamento dispensado aos empregados, o bom serviço prestado pelos fornecedores e o engajamento em ações sociais passaram a fazer parte da estratégia das empresas, que consideram tais atividades essenciais para atrair os consumidores [... ]"

 

Esse pensamento nos revela que o presente fulgor da Responsabilidade Social Corporativa RSC não surge  (1) do reconhecimento empresarial do valor intrinseco do meio ambiente por oferecer sustento à vida; ou (2) do humanismo subjacente ao respeito à vida do outro enquanto colaborador, funcionário ou empregado; ou (3) do sentimento de gratidão à humanidade pelos bens que ela oferece ao empresariado.

 

Internalização de fatores morais no ambiente competitivo

 

A filosofia empresarial do RSC firma-se enquanto resultante, entendo, de um impulso central:  a necessidade de resposta do capital monopolista à intensificação do processo competitivo a partir da incorporação de novos competidores –  nos países em desenvolvimento, notadamente os asiáticos – criados com o surgimento de novas tecnologias.

 

Ela equivale à busca de valorização de ‘fatores morais’, até então situados fora do ambiente econômico, para viabilizar a ‘destruição criativa’ que, de tempos em tempos, é desencadeada pelo capital monopolista para fortalecimento de um certo processo de concentração de capital que lhe seja favorável. 

 

Nessa valorização de ‘fatores morais’ tais valores são trazidos para dentro do ambiente competitivo, na circunstância em que os tradicionais instrumentos de estratégia utilizados pelas empresas na competição por mercados possam não apresentar os resultados esperados, ou seja, a manutenção de sua supremacia.

 

Antes de continuar, importante destacar quais seriam tais valores morais adotados pela estratégia empresarial. São aqueles  apresentados por Lay:

     (a) respeito ao meio ambiente,

     (b) bom tratamento dispensado aos empregados; e

     (c) engajamento empresarial em ações sociais.

 

Contudo, considerando a sociedade como um todo, creio que a grande força impulsionadora da RSC, externa às empresas, localiza-se nas demandas sociais que dão ênfase aos ‘valores morais’ eleitos pela comunidade, inclusive internacionalmente, e que passam sob pressão a ser internalizados no processo produtivo.

 

A Plataforma Verde, o Novo Sonho

 

Na área ambiental, as poderosas pressões sociais, desde os anos 70 até nossos dias, consideradas ingênuas e apolíticas, naquele início na Europa, associadas politicamente à direita na eleição de seus primeiros políticos, confrontou-se com a ordem estabelecida ao posicionar-se contrariamente:

 

(a) ao comércio internacional irrestrito de produtos para cuja produção sejam provocados impactos ambientais indesejáveis;

(b) à expansão da energia atômica como fonte energia elétrica e

(c) à devastação de florestas tropicais.

 

A Europa já tinha se esquecido dessas fortes demandas sociais desde os anos 60, particularmente as de 1968, exceto pelas pontuais greves de trabalhadores, como por exemplo, aquelas dos trabalhadores de minas de carvão, na Inglaterra, nos anos 80 (Era Tatcher) e das manifestações dos agricultores franceses em prol de seus subsídios à produção agrícola nacional, estas até recentemente. Tal como em 1968, as presentes demandas são provenientes das classes médias, com algum poder de mobilização, acesso a instrumentos de comunicação e formação de opinião.

 

Nas empresas, o Corebusiness; no Setor Público, o  Estado Mínimo

 

Por outro lado, especificamente no ambiente empresarial, devemos considerar que, desde meados dos anos 80 até meados dos anos 90, a ordem do dia em termos de Filosofia Empresarial, era a REENGENHARIA, receituário que preconizara o foco das empresas ao seu core business, isto é, a concentração nas atividades produtivas naquele conjunto de produtos e serviços se constituíam no eixo central de seu negócio, de seu âmbito de atuação; tudo o mais deveria ser abandonado por meio da terceirização.

 

A pedra filosofal era a idéia de que as empresas deveriam voltar-se exclusivamente à produção daquilo para o qual teriam vantagens competitivas, pois nas demais atividades não apresentariam produtividade suficiente e, porisso, teriam custos maiores nessas atividades/produtos. Deveriam ser terceirizadas todas as atividades empresariais que não constituíssem o foco.

 

A Reengenharia surge em uma Europa e nos EUA sob o ideário de Estado Mínimo, trazido pela dupla Reagan/Tatcher, em um mundo sob o poder hegemônico dos EUA pós extinção da URSS.

 

Desnecessário mencionar o quanto a Reengenharia (a) gerou de desemprego mundo afora e (b) o quanto criou de massa crítica desfavorável ao status quo  composto por planos de demissão voluntária nas organizações, pelo ideário e incentivo da mídia ao desenvolvimento do próprio negócio, gerando um quadro em que o Estado, nas diversas nações, não teve frequentemente condições de fazer frente, imobilizado pela mídia encarregada de propalar o falso ideário criado de que o Estado atrapalha a vida civil e o lucro e os interesses privados.

 

Esse espaço deu margem ao surgimento de milhares de ONGs em todas as nações e, ao tempo que ofereceram trabalho e renda a uma parcela dos desempregados, passaram a ocupar parcela do espaço antes detido exclusivamente pelo Estado. As ONGs tornaram-se fonte de poderosa pressão social contra o statu quo não somente social, mas também e principalmente ambiental.

 

A Reengenharia, enquanto filosofia empresarial ainda reside subjacente à atividade empresarial nos dias de hoje, embora seu criador tenha manifesto recentemente ter abandonado esse ideário.

 

Contradições e Descompasso entre Filosofias Empresariais

 

Existe um certo consenso no interior das empresas que, depois de grande processo de demissão, o ambiente interno das organizações fica frequentemente muito machucado, as pessoas ficam abatidas, desconfiadas de que em breve “serão os próximos” a serem demitidos, percebem que não há espaço para lealdade no mundo do capital (exceto no Japão) e passam a analisar oportunidades de trabalho fora da empresa. E, com isso, observa-se que há queda de produtividade do trabalho.

 

Por essa razão, foi criada uma técnica administrativa denominada “Pesquisa de Clima Organizacional”, destinada a capturar o pensamento das pessoas no interior das empresas e melhor conhecer suas demandas. O reconhecimento dessas demandas permite melhor gerenciar e influir na configuração desse clima e aprimorar seus padrões, para viabilizar internamente a estratégia das empresas.

 

Antes da Reengenharia, a filosofia empresarial dominante era a do Programa de Qualidade Total, que apresenta muito bons resultados no entrelaçamento das pessoas em torno do ideário produtivo organizacional.

 

Lastimando-se, em particular, muitos empresários manifestam que “tinham gasto o cartucho” do Programa de Qualidade antes de aplicarem a Reengenharia e, assim, não poderiam aplicá-la novamente após a Reengenharia, pois não surtiria o mesmo efeito: com a Reengenharia, havia sido traído o ideário da participação intensa de cada um para construção de uma empresa que seria de todos, valor propalado pela filosofia do Programa de Qualidade Total. O desemprego havia gerado anticorpos bastante fortes para nova rodada do Programa de Qualidade.

 

O Surgimento da RSC como solução para a continuidade

 

Contudo, como o poder deve alisar e bater, bater e alisar, diante da falência dos programas de Reengenharia e do caráter inócuo dos PQT nesse novo momento, as organizações viram na RSC Responsabilidade Social Corporativa sua grande saída para mobilização dos colaboradores. A RSC faria renascer o ideário do compromisso social das empresas, trucidado pela aplicação da Reengenharia desde meados dos anos 80 até por quase toda a década de 90.

 

A RSC surge, assim, como resultado de (a) forças externas às organizações – a forte pressão social em todo o mundo para que as organizações contribuam para a construção de uma sociedade comprometida com o bem estar, no sentido mais amplo, e com o equilíbrio do meio ambiente  – e (b) de forças internas às organizações, caracterizada pela necessidade de mobilização dos colaboradores, funcionários e empregados para a reconstrução das empresas ocidentais, premidas pela concorrência devastadora dos países asiáticos (que se tornaram modelo de gestão), mas sem o mesmo poder de pressão da massa salarial.

 

É emblemático o caso da empresa NATURA, situada em segmento altamente competitivo da economia. Cedo adotou essa filosofia e desde logo apresentou crescimento pujante e elevação continua de seu marketshare.

 

O comportamento do Estado oscilou ao longo desse tempo e não foi o mesmo de país a país. Nos EUA imperou a desnormatização absoluta dos procedimentos e dos controles do Estado sobre a economia como um todo e sobre as empresas em particular, de modo às empresas partirem até para o ilícito (vide caso Eron) e a verificar-se a desarticulação de políticas sociais pelo governo.

 

Nos países europeus, por sua vez, a desnormatização foi menos radical, mas a onda privatizante foi também intensa e não menos inibriante para desvarios das empresas financeiras e dos investidores privados. E também na Europa foi intenso o surgimento de ONGs e, igualmente a RSC floresceu  como novo baluarte da filosofia e da política empresarial.

 

No Brasil isso não tem sido absolutamente diferente, embora na área ambiental o País jamais tenha deixado o perfil de gestão pública ambiental de padrão comando-controle – alvo de críticas intensas dos privatistas –, o que tem garantido, sob o lastro da forte pressão social, o aperfeiçoamento das condições ambientais brasileiras, evento notório quando se compara com o grandes descaso empresarial e governamental brasileiro dos anos até o final da década dos 80. A Rio 92 foi um marco.

 

Panorama favorável à continuidade do emprego da Filosofia de  RSC

 

Considero que existe algo muito importante que distingue como da água para o vinho as filosofias empresariais, de um lado o PQT Programa de Qualidade Total e a Reengenharia, e de outro a RSC Responsabilidade Social Corporativa: a forte mobilização social em prol da preservação ambiental e do ambientalmente amigável.

 

Essa distinção traz muita luz no caminho das causas ambientais e esperança a todos. Mas, somente enquanto existir essa força, penso, as empresas manter-se-ão adeptas à filosofia RSC. Caso essa força se extinga, as organizações poderão criar nova filosofia derivada de suas próprias necessidades organizacionais que melhor viabilizem a acumulação de capital.

 

Por enquanto, para as empresas a estratégia da RSC parece adequada (e articulada com a atuação da ONU em prol do desaquecimento global) para o combate ao poder competitivo da economia chinesa e dos tigres asiáticos. Devo lembrar que a Reengenharia tinha o mesmo propósito e falhou.

 

Útil até o presente por ter viabilizado o desenvolvimento empresarial, a permanência da RSC enquanto filosofia empresarial poderá ser melhor avaliada após as negociações do Pós-Quioto, ainda em curso neste início de 2012, em que seu papel talvez venha a ser melhor desenhado. Joga muito em favor da permanência da RSC, a situação mundial de premência climática e as soluções de curto, médio e longo prazo que poderão ser oferecidas para sua mitigação. Lhe são positivas as perspectivas, embora isso tenha correspondência com a gravidade da situação climático-ambiental. 


  

 



Fonte: por Wilson R Correa

 
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