BRADESCO
Resultado 3T15: Comprovando a resiliência
O Bradesco entregou um resultado neutro no 3T15, com lucro líquido de R$ 4.533 milhões, 6,2% acima da nossa estimativa, mas alguns pontos de atenção. Os destaques negativos do resultado foram:
a) despesas de provisão aumentaram 8,5% T/T;
b) crescimento do índice de inadimplência acima de 90 dias (NPL90) de PMEs (+40bps T/T);
c) aumento de 11,2% A/A de despesas de pessoal e administrativas, acima da inflação do período e d) enfraquecimento do índice de eficiência operacional (+138 bps T/T).
No lado positivo, destacaram-se:
a) forte crescimento dos empréstimos ao segmento Corporate (+8,6% T/T) e
b) aumento de 7,6% T/T da receita de seguros.
A rentabilidade, medida pelo setor no sobre patrimônio líquido (ROE), se manteve acima de 20%, atingindo 20,9% no 3T15.
Apresentado versus Estimado
A margem financeira (NII – Net Interest Income) subiu 1,4% no trimestre e ficou em linha com a nossa projeção (+ 0,4% A/E), com o spread bruto (NIM - Net Interest Margin) vindo exatamente conforme nossas estimativas (7,35%) e estável no trimestre (-7 bps).
Esta estabilidade da NIM neste período confirma a nossa tese de que o período favorável de crescimento da NII está perto do fim. As despesas de provisões saltaram 8,5% no trimestre, conforme nossas estimativas (+0,3% A/E).
A receita de tarifas também ficou próxima de nossa projeção (+0,5% A/E) e a surpresa positiva foi o forte crescimento das receitas de seguros (+7,6% T/T).
As despesas operacionais vieram 1,3% acima de nossas projeções devido à maiores despesas administrativas com marketing e serviços de terceiros. Quase todos os itens vieram praticamente alinhados com nossas estimativas, porém, o motivo do descasamento entre nossa estimativa de lucro líquido e o realizado pelo banco (6,2% A/E) foi a alíquota de efetiva de imposto menor que a esperada, beneficiada pela maior distribuição de Juros sobre o Capital Próprio no presente trimestre.
Crescimento da carteira e inadimplência
A carteira de crédito classificada, de acordo com o conceito do Banco Central do Brasil (BCB), aumentou 3,1% T/T, auxiliada pelo forte crescimento de grandes empréstimos corporativos (+8,6% T/T), beneficiado pela apreciação do dólar no período (+27%).
A carteira de crédito para empresas cresce 4,4% no trimestre, enquanto os empréstimos para pessoas físicas 1,2% no mesmo período. O banco manteve o foco do crescimento da carteira de crédito em linhas de menor risco como imobiliário, consignado e empréstimos para grandes empresas.
O índice de inadimplência (NPL90) apresentou deterioração de 10 bps T/T, conforme esperado. No entanto, a inadimplência das PMEs saltaram 40 bps no trimestre, trazendo uma pressão adicional para a qualidade dos ativos. Para o próximo trimestre, esperamos outra elevação de 10bps no NPL90, que deverá atingir 3,9% no final do ano.
Perspectiva
Apesar de um momento macroeconómico adverso, o Bradesco mostrou resiliência em seu modelo de negócios, entregando um ROE acima de 20% pelo sexto trimestre consecutivo. Mantemos nossa visão otimista para as ações do Bradesco (BBDC4) e a nossa recomendação de Outperform. A BBDC4 é negociada a 1.26x P/VPA para 2015, o que é, a nosso ver, um desconto excessivo em relação à média de seus últimos 24 meses de 1.72x.
Confira no anexo a íntegra do Relatório de Desempenho do BRADESCO no 3º trimestre/2015, elaborado por MÁRIO BERNANRDES JUNIOR, CNPI, CARLOS DALTOZO e RAFAEL REIS, analistas de investimentos do BB INVESTIMENTOS