Focus: para 2015, IPCA cedeu, taxa Selic estável e PIB recuou;
e para 2016, IPCA e taxa Selic aumentaram e PIB negativo baixou.]
O relatório semanal Focus do Banco Central, com as projeções de mercado (mediana), registrou os seguintes comportamentos em comparação com a semana anterior: o IPCA diminuiu a 9,29% (9,32% antes) para 2015 (limite superior em 6,50%) e aumentou a 5,50% (5,44% antes) para 2016; o PIB diminuiu a -2,06% (-2,01% antes) para 2015 e baixou a -0,24% (-0,15% antes) para 2016; e a taxa Selic ficou estacionada em 14,25% a.a. para 2015 e subiu a 12,00% a.a. (11,88% a.a. antes) para 2016.
Considerações:
- O PIB permaneceu com viés de baixa para 2015 e, pela segunda semana seguida, arrefeceu negativamente para 201;
- O IPCA, que havia pausado na semana passada, depois de 17 semanas consecutivas de elevações, cedeu para 2015, mas, subiu sua projeção para 2016.
- A taxa Selic permaneceu estacionada em 14,25% a.a. para 2015 e retornou para 12,00% a.a. (mediana) para 2016.
Em suma, as estimativas para o recuo do PIB prosseguiram declinantes para 2015 e para 2016, sendo o segundo dado seguido de arrefecimento em campo negativo, mas, ainda não dá para afiançar que é uma tendência. A questão da inflação futura versus taxa de juros denota que o mercado precificou uma taxa de juros real em torno de 6,2% a.a. para o próximo ano.
Também, mantida a inflação esperada (IPCA) em 5,50% para 2016 e permanecendo a taxa de juros no atual patamar de 14,25% a.a., a expectativa de juro real seria de 8,3% a.a. Assim, mesmo que a inflação esperada subisse até o limite superior de 6,5%, o juro real ainda seria de 7,3%. Ou seja, observando somente o cenário doméstico revisto pelo mercado, a taxa Selic atual já está calibrada pelo Bacen.
No cenário externo, tornou-se preocupante a desaceleração mais abrupta (“hard landing”) da China, que já havia desvalorizado sua moeda em mais de 3% no início deste mês.
A continuidade da percepção adversa sobre a economia chinesa deverá prosseguir contaminando negativamente os demais mercados globais, com repercussões sobre as bolsas de valores, os mercados de bonds e os preços de commodities pelo mundo. Já em relação a uma possível alta nos juros norte-americanos pelo Fed, não deverá ocorrer em setembro próximo, impactado também por este panorama chinês adverso.
Em verdade, temerosos do desenrolar desta questão chinesa, a previsão de elevação pelos agentes já foi postergada para, no mínimo, dezembro deste ano.
O Copom decidiu por unanimidade, no dia 29 de julho de 2015, elevar a taxa básica de juros em 50 pontos-base, para 14,25% a.a., sem viés - que era consenso de mercado, voltando ao patamar idêntico ao de agosto de 2006. Em seu comunicado, o comitê citou: "manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no fim de 2016".
Esta foi a sétima alta consecutiva, que teve início em 29 de outubro de 2014, quando estava em 11,00% a.a. A subsequente decisão do comitê está marcada para o próximo dia 2 de setembro.
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre as expectativas expressas no Boletim Focus desta semana, publicado pelo Departamento de Pesquisas da Diretoria DIMEC do BB