Focus: para 2015, IPCA inalterado, taxa Selic estacionou e PIB cedeu; e para 2016, IPCA subiu, taxa Selic baixou e PIB negativo.
O relatório semanal Focus do Banco Central, com as projeções de mercado (mediana), registrou os seguintes comportamentos em comparação com a semana anterior:
- o IPCA ficou estável em 9,32% para 2015 (limite superior em 6,50%) e teve leve subida a 5,44% (5,43% antes) para 2016;
- o PIB declinou a -2,01% (-1,97% antes) para 2015 e cedeu a -0,15% (0,00% antes) para 2016;
- e a taxa Selic permaneceu em 14,25% a.a. para 2015 e recuou a 11,88% a.a. (12,00% a.a. antes) para 2016.
Considerações:
- O PIB em 2015 manteve sua trajetória cadente e, pela primeira vez no ano, ficou negativo em sua projeção para 2016.
- O IPCA registrou uma pausa esta semana, mantendo-se estável para 2015, após ter subido consecutivamente por 17 semanas e
ficou quase “de lado” para 2016.
- A taxa Selic permaneceu estacionada em 14,25% a.a. para 2015 e cedeu para 11,88% a.a. (mediana) para 2016.
Em síntese, a percepção de desaceleração econômica persiste tanto para este ano como para 2016.
A expectativa sobre a progressão da inflação sofreu uma interrupção esta semana – aguardar os próximos números para ter noção se foi tão somente um movimento pontual ou se tornará constante.
Enfim, a diminuição da estimativa da taxa Selic para o próximo ano, associada a outras expectativas, como menor necessidade de financiamento externo (Investimento estrangeiro versus conta corrente), redução da alta da produção industrial, câmbio mais elevado e inflação mais equilibrada, refletem-se no modelo dos agentes em uma previsão de mais baixo crescimento para 2016.
Globalmente, o foco está sobre uma possível alta nos juros norte-americanos, já decisão do FOMC em 17 de setembro próximo. A taxa implícita nos Fed Funds indica hoje que os agentes estão literalmente divididos (50%/50%).
Nos EUA, o mercado de trabalho deu mais um sinal de vigor, com a média móvel de quatro semanas do seguro-desemprego batendo no mais baixo nível desde a semana de 14 de abril de 2000, além da geração de cerca de 1,5 milhão de vagas neste ano e o núcleo da inflação (PCE) girando em 1,3%. Talvez o Fed possa levar em conta riscos mais abrangentes, como efeitos sobre as demais economias.
Vale destacar que a China, por temor de uma desaceleração mais abrupta, desvalorizou sua moeda em cerca de 3% nesta última semana.
O Copom decidiu por unanimidade, no dia 29 de julho de 2015, elevar a taxa básica de juros em 50 pontos-base, para 14,25% a.a., sem viés - que era consenso de mercado, voltando ao patamar idêntico ao de agosto de 2006. Em seu comunicado, o comitê citou:
"manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no fim de 2016".
Esta foi a sétima alta consecutiva, que teve início em 29 de outubro de 2014, quando estava em 11,00% a.a. A subsequente decisão do comitê está marcada para o próximo dia 2 de setembro.
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o Boletim Focus de 17.08.2015