PETROBRAS - Resultados no 1º trimestre de 2015
Desempenho melhor que o esperado, evento único no setor Gas & Energia
Os resultados apresentados pela Petrobras, no 1º trimestre/2015 (1T15), estiveram acima do esperado em consenso pelo mercado. Apesar de uma queda de 9% diante do 1º trimestre/2014 (1T14), 4,2% abaixo do consenso, devida à menor demanda por derivados de petróleo no mercado interno e o nível baixo dos preços atuais do petróleo, a Petrobras foi beneficiada por importações menores e pela redução dos custos e dos impostos incidentes sobre a produção.
O EBITDA atingiu R$ 21 bilhões (22% acima do consenso).
Segmentos de refino e Gas & Power foram os destaques positivos: o primeiro segmentoreverteu prejuízo líquido de R$ 4,8 bilhões no 1T14 para lucro líquido de R$6,2 bilhões no 1T15, em meio a preços mais altos no Brasil contra os preços do petróleo mais baixos. O segundo segmento reconheceu um impacto positivo da reversão de provisão para créditos sobre recebíveis de clientespobres de uma indústria de energia (+R$ 1,3 bilhões).
E&P - Exploração & Produção - Números impulsionados pelos preços internacionais mais baixos. A linha superior para E&P caiu 65% no período, para R$ 27,7 bilhões, devido à redução de cerca de 50% nos preços médios de petróleo. Apesar desse fato, a depreciação ajudou na redução de custos de petróleo para US$ 13,27/barril no 1T15, a partir de US$14,15/barril em 1T14. Incluindo as taxas sobre a produção, o menor impacto do Brend e as variações do câmbio, levaram a um custo de extração de US$ 20,05 (-39% face ao período homólogo). O spread entre o Brent médio e o preço médio do petróleo nacional subiu para US$ 10,57/barril, a partir de US$ 9.78 no 4T14. A produção total permaneceu estável QoQ, mas a produção do pré-sal alcançou o recorde de 800 mbpd em abril/2014, com uma produção média de 672 mbpd no 1T15.
Downstream (Refino): Preços domésticos mais elevados e diminuição das importações. O impacto por todo o trimestre da subida de preços no mercado interno, em novembro último, juntamente com os menores preços de transferência, produziram resultados positivos para o segmento.
A valorização do dólar foi parcialmente compensada pela menor necessidade liquida de importações (importação menor de produtos de petróleo vs. exportações), que também contribuíram para o lucro líquido de R$ 6,2 bilhões contra prejuízo líquido de R$ 4,8 bilhões no 1Q14. Os custos de refino, por outro lado, subiram para US$ 2,84 / barril (+ 3% face ao período homólogo).
Gas & Energia: Impacto positivo da reversão de provisão. O novo preço teto no mercado à vista definido pela ANEEL (Agência elétrico brasileira) tem influenciado negativamente as margens para este segmento. A geração de energia elétrica, por outro lado, aumentou para 5.110 MW médios (+24% em termos homólogos), em decorrência da expansão das plantas de energia térmica, como consequência de má hidrologia do País.
Os resultados líquidos obtidos pela divisão de Gas & Energia, no 1T15, ficaram em R$ 1,4 bilhões contra R$ 515 milhões no 1Q14. E foram influenciados positivamente pela reversão de R$ 1,3 bilhões da provisão de créditos recebíveis de clientes pobres por concessionária de energia.
No fundo. As despesas financeiras líquidas atingiram R$ 5,6 bilhões no 1T15 devido a perdas com a valorização do dólar sobre a dívida total (mesmo considerando a política de hedge conta da Petrobras), parcialmente compensadas por ganhos de depreciação do euro em relação ao dólar.
O lucro líquido ficou em R$ 5,3 bilhões (acima do consenso de R$ 2,9 bilhões) impulsionado por melhores resultados provenientes de Refinação e Gas & Energia. A dívida líquida encerrou o trimestre em US $ 103,6 bilhões.
Próximos passos. Petrobras deve lançar, até o final de maio, o seu plano estratégico de longo prazo 2015-19. Ao fazer isso, a Empresa poderá dar mais visibilidade a cada passo do processo esperado de desalavancagem; o documento poderá abordar:
(i) uma nova curva de produção a partir de 2017, incorporando o cenário atual de preços internacionais, ao seu cenário corporativo;
(ii) a exigências de capital para atingir essas metas de produção, considerada a disponibilidade de equipamentos e o horizonte temporal dara os projetos de estaleiros;
(iii) o Plano de desinvestimento, uma importante fonte de caixa, poderá ser mais específico na descrição dos ativos ou das prioridades em tais alienações.
R$ Milhões 1Q15 4Q14 1Q14 QoQ YoY
Receita Líquida 74.353 85.040 81.545 -12,6% -8,8%
Lucro Bruto 22.410 22.015 19.454 1,8% 15,2%
Margem Bruta (%) 30,1% 25,9% 23,9% 4,3 p.p. 6,3 p.p.
Adj. EBITDA 21.518 20.057 14.349 7,3% 50,0%
Adj. Margem EBITDA (%) 28,9% 23,6% 17,6% 5,4 p.p. 11,3 p.p.
Lucro Líquido 5.330 5.393 -26.600 -120,0% -1,2%
Margem Líquida (%) 7,2% -31,3% 6,6% 38,4 p.p. 0,6 p.p.
Cash Flow Operacional 16.427 14.974 9.415 9,7% 74,5%
Dívida Total 400.639 351.035 308.147 14,1% 30,0%
Dívida Líquida 332.457 281.089 229.669 18,3% 44,8%
Dívida Líquida/EBITDA LTM 5,0x 4,8x 3,8x 0,3x 1,3x
Fonte: Petrobras e BB Investimentos
Confira no anexo o relatório, na íntegra, de análise dos resultados obtidos pela PETROBRAS no !º trimestre/2015, elaborado por Wesley Bernabé (CNPI) e Mariana Peringer, analistas de investimento do BB Investimentos.