Em expectativa que estupidamente continua a se retroalimentar, mercado mantém perspectiva pessimista sobre a economia
Investidores e analistas do mercado financeiro estimam que a economia deve encolher 0,42% em 2015. Os números estão no Boletim Focus divulgado semanalmente pelo Banco Central. A produção industrial deve encolher 0,43%, informa a publicação.
Para a inflação apurada pelo IPCA Indice de Preços ao Consumidor Amplo, o mercado elevou a taxa de 7,15% para 7,27%. A expectativa é que o dolar feche o ano cotado a R$ 2,90 e a taxa básica de juros fique em 12,75% ao ano. Os preços administrados, que são controlados pelo governo como as tarifas de luz e a gasolina, têm elevação estimada em 10% ante os 9,48% previstos anteriormente.
O mercado financeiro não está otimista em relação à Dívida Líquida do Setor Público, que deve passar de 37,2% para 38% do PIB Produto Interno Bruto.
O déficit em conta corrente, um dos principais indicadores das contas externas, deve permanecer em US$ 78 bilhões, segundo a estimativa do mercado, com o saldo da balança comercial previsto em US$ 5 bilhões e os investimentos estrangeiros diretos, em US$ 60 bilhões.
Opinião da Redação - Expectativas irracionalmente retroalimentadas
Em expectativa que continua a se retroalimentar, o mercado mantém perspectiva pessimista sobre a economia.
Semanalmente o Banco Central consolida e publica, em seu Relatório Focus, todas as 2ªs feiras, desde o governo FHC, as expectativas de agentes do mercado financeiro sobre o comportamento dos preços e do câmbio e sobre a evolução do PIB.
Não são poucos os analistas, entre eles Delfim Neto, que têm ironizado a autofagia e a irracionalidade dessa política de comunicação social do Banco Central.
A publicação equivale à chancela conferida pela Autoridade Monetária, perante todo mercado, à avaliação que realizam, a cada semana, economistas dos bancos privados, de empresas de consultoria que lhes prestam serviços e demais homens do mercado financeiro.
O efeito tem sido a materialização dessas expectativas por todo o mercado, conforme a antevisão delineada das expectativas conforme publicadas pelo Banco Central em seu Relatório Focus.
Acontece que a opinião do mercado a respeito do comportamento de indicadores responde exclusivamente aos interesses do capital financeiro, não esconde sua perspectiva exclusivamente financista e imediatista, conformada pela visão livrecambista, pela defesa dos interesses dos bancos, inclusive internacionais, e distante dos interesses da Nação.
Já passou da hora de o Banco Central deixar de chancelar a opinião do mercado em suas reações, negativas ou eventualmente positivas, em resposta às medidas governamentais.