Livre comércio: Anfavea teme que empresas prefiram investir no México
O setor automotivo brasileiro, que defendia a renovação por mais três anos do sistema de cotas no comércio de veículos entre Brasil e México, disse, em nota, que o
“temor não é em relação ao intercâmbio de produtos, mas quanto ao risco de que futuros investimentos das matrizes acabem indo para o México, em detrimento do Brasil - sobretudo de veículos de maior valor agregado”.
Em 19.03, o governo anunciou que passou a valer o livre comércio de veículos leves, sem a cobrança de tarifas ou limitação quantitativa, entre Brasil e México.
Em nota, a ANFAVEA Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores afirmou que a renovação do sistema de cotas seria uma forma de “resguardar a indústria brasileira, que tem menor competitividade em relação à mexicana”.
“Aquele país tem carga tributária menor, infraestrutura mais eficiente e maior escala, já que exporta para os Estados Unidos. Seria um prazo também para que os dois governos recém-empossados discutissem melhor as regras de origem das peças utilizadas na fabricação dos carros, que ainda gera muitas dúvidas nas montadoras”,
destacou a associação.
O fim do regime de cotas para veículos leves neste ano estava previsto em acordo firmado em 2015 pelos dois países. Desde ontem, também deixou de vigorar a lista de exceções, que previa regras de origem específicas para autopeças.
“O retorno ao livre comércio automotivo entre Brasil e México é passo importante para aprofundar o relacionamento comercial entre as duas maiores economias da América Latina”,
disseram, em nota, os ministérios da Economia e das Relações Exteriores, na 3ª feira, 19.03.
A partir de 2020, está previsto o livre comércio também para veículos pesados (caminhões e ônibus) e suas autopeças.
“Adicionalmente, o governo brasileiro tem grande interesse em ampliar o livre comércio com o México para outros setores, tanto industriais quanto agrícolas, com a inclusão de matérias sanitárias e fitossanitárias, facilitação de comércio e barreiras técnicas ao comércio, conforme compromisso assumido anteriormente nas negociações do Acordo de Complementação Econômica nº 53 (ACE-53)”,
diz a nota.
“Dentro de uma dinâmica de abertura e de aproveitamento do pleno potencial das duas maiores economias da América Latina, o governo brasileiro pretende retomar as negociações para um acordo mais abrangente de livre comércio com o México, paralisadas desde 2017”,
ressalta.