Sobre a derrota da social democracia nas eleições europeias e o temor da ascensão da direita, o eleitorado comunitário europeu percebeu o que os ingleses desde o inicio já sabiam: os países comunitários perderam autonomia na gestão da política fiscal, cambial e monetária ao entrarem na Comunidade Europeia. Quem detem todo o poder é chamada troica: o BCE Banco Central Europeu, a CE Comissão Europeia e FMI Fundo Monetário Internacional, que só fazem exigir dos países políticas econômicas restritivas, desemprego e tudo o que é impopular, como a venda do patrimônio público, privatizações de empresas do estado, terceirização da mão de obra do estado, demissão de funcionários públicos e outras políticas de interesse do grande capital.
E, nesse momento, os partidos que construíram isso tudo estão sendo afastados do poder pelo voto popular. Não se trata de ascensão da direita, por si, mas apenas de partidos que se opuseram a integrar-se à União Europeia. Uma faceta disso é os bancos terem feito o estrago que levou à crise econômica de 2007-2008, e os governos dos países comunitários terem que aumentar a dívida pública para manter as economias funcionando e salvar o sistema financeiro, cuja falência generalizada seria a hecatombe geral. E agora o BCE, a CE e o FMI propalam o mito da "finança sadia" subalternalizando esses países endividados à liderança da Alemanha, de forma institucionalizada.
Não se trata de falência da esquerda e da social democracia europeia, por sua maior ou menor capacidade de gestão. Não se trata também de mero envelhecimento da social democracia ... Não se trata, no caso da França, de vingança popular do affair extraconjugal do François Hollande.
Trata-se, sim, de algo mais polpudo: do desemprego, da miséria, das privatizações, da demissão de funcionários públicos, do desmonte do estado de bem estar social, da venda o patrimônio público como políticas de estado exigidas pela Troica e implantadas em muitos dos países europeus.
A questão é que a social democracia construiu a União Europeia, consciente de que essa é a unica possibilidade de sobrevivência da Europa no mercado mundial tomado pelo embate competitivo entre China e EUA, o que também é absoluta verdade. Com ela, os governos nacionais perderam o poder de exercer políticas compensatórias que não estão nos manuais de economia do pensamento ortodoxo. E, agora, ... o troco nas urnas.