Mercados mais calmos, riscos persistentes
10.08.2018
Nas últimas semanas, o movimento de apreciação do dólar perdeu alguma força e deu alguns sinais de estabilização. No entanto, o crescimento fora dos EUA ainda não é muito forte.
Isso lança dúvidas sobre a tese de uma expansão global sincronizada e deve impedir que as moedas de países emergentes ganhem muito terreno até que seus dados de atividade se mostrem mais firmes. Os riscos globais permanecem elevados.
No âmbito comercial, a probabilidade e as possíveis consequências de uma guerra tarifária entre os EUA e a China vêm se tornando maiores, relegando ao segundo plano o alívio derivado de conversas mais amigáveis com a Europa.
Outra fonte de preocupação é o fato que, com baixa capacidade ociosa e inflação próxima à meta, o Fed teria pouco espaço para amortecer choques negativos, em um momento em que o ciclo de crescimento já está em um estágio mais avançado.
Assim, à medida que os juros se movem em direção à neutralidade, a economia americana deve se tornar cada vez mais vulnerável.
Seguindo a tendência geral, as moedas latino-americanas se fortaleceram desde o início de julho. No entanto, o crescimento ainda não é generalizado na região: Brasil e Argentina – cujas economias apresentam os maiores desequilíbrios – vem tendo desempenho mais fraco que seus vizinhos menos vulneráveis.
Nos países que acompanhamos, a política monetária está claramente mais apertada do que antes do recente aumento de volatilidade que atingiu os ativos de países emergentes e, neste ambiente de incerteza, novos cortes de juros são improváveis.
No Brasil, mantivemos nosso cenário praticamente inalterado com relação ao último mês. A produção está em processo de normalização após a paralisação dos caminhoneiros, mas indicadores recentes de atividade sugerem que o crescimento subjacente continua enfraquecendo.
Contidos pela incerteza sobre as reformas, dados tímidos de emprego e indicadores de confiança mais baixos vão em linha com nossa previsão de crescimento do PIB em 1,3% para este ano. Com a atividade fraca como pano de fundo, a inflação permaneceu controlada após os choques recentes e o Banco Central deve manter juros estáveis, sem se comprometer ou sinalizar movimentos no curto prazo.