CONSTRUÇÃO CIVIL - Relatório Setorial preparado pelo BB-BI
Em Junho o pessimismo dos investidores impactando as ações do setor
Durante junho, as ações das empresas do setor de construção civil acompanharam o pessimismo que vem afetando os mercados emergentes desde o início do trimestre e caíram fortemente, incluindo aquelas com bons resultados operacionais e financeiros, como Tenda e MRV.
Além de um cenário externo adverso (com a normalização da política monetária nos EUA, o mercado acionário tem sido impactado pelas incertezas advindas do calendário eleitoral e pelas revisões para baixo do PIB de 2018 do Brasil por analistas de mercado, com sinais de retrocesso tanto na retomada do investimento privado quanto no aumento do consumo das famílias.
Essa redução das expectativas pode ser observada na pesquisa da CNI de maio, que mostrou queda não apenas no nível de atividade (de 46,9 para 44,4) e expectativas para os próximos 6 meses (de 54,7 para 50,4), mas também nas intenções de investimento ( -2,7 pontos m/m), o que nos leva a concluir que os agentes econômicos estão adotando uma posição mais conservadora para o 2S18.
Mesmo uma notícia positiva para o setor durante o mês não foi suficiente para reverter a tendência de queda das ações.
No início de junho, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que regulamenta a questão dos distratos. De acordo com o assunto, que está atualmente em discussão no Senado, se o comprador decidir cancelar a compra do imóvel, o vendedor poderá reter 50% do valor já pago como multa.
Em nossa opinião, a proposta é positiva, uma vez que reduz a incerteza jurídica que prevalece atualmente devido à falta de regras claras nesta matéria. No entanto, seu alcance é minimizado devido à diminuição das entregas para os próximos meses, o que reduz o impacto dos distratos no resultado das empresas.
Por fim, vale mencionar dois dados operacionais relacionados ao setor de incorporação recém-divulgados. O primeiro diz respeito à manutenção da inadimplência das empresas no nível mais alto desde que a informação começou a ser divulgada (segundo dados da Abecip, a taxa de inadimplência das empresas foi de 10,9%, +0,3 p.p. superior m/m), indicando que as empresas do setor ainda enfrentam dificuldades para cumprir seus pagamentos.
O segundo refere-se ao volume de contratações na área habitacional com funding do FGTS, que vem apresentando uma redução significativa considerando os dados dos últimos 12 meses (-11,2% a.a, atingindo R$ 55,1 bilhões em junho/18).
Ao nosso ver, isso pode afetar os lançamentos e vendas de empresas focadas no segmento de baixa renda, se a tendência de baixa persistir nos próximos meses.