GRUPO NATURA&CO - Resultado no 2º Trimestre/2023
Positivo; Forte Expansão de Margem Bruta
Georgia Jorge, CNPI-P
15.08.2023
Consideramos o resultado reportado pelo Grupo Natura&Co no 2T23 como positivo. A forte melhora da margem bruta permitiu anular o efeito de perda de alavancagem operacional em decorrência da retração das vendas e da elevação das despesas operacionais. Também consideramos positiva a menor queda das vendas na Avon International, sinalizando uma retomada mais acelerada da receita nessa unidade do que as nossas estimativas projetam.
Desempenho das Ações e Perspectivas.
As ações NTCO3 acumulam alta de 9,2%nos últimos 30 dias até ontem (14/08) refletindo as expectativas positivas com o processo de turnaround ora em curso pelo Grupo Natura&Co, com avanços na estrutura de custos e transformação do modelo operacional. No momento, mantemos nossa recomendação em Neutra e preço-alvo para o final de 2023 em R$ 17,40, até incorporarmos os resultados mais recentes em nosso modelo financeiro.
Desempenho econômico-financeiro
A receita líquida do Grupo somou R$ 7,8 bilhões, retração de 4,1% a/a e em linha com as nossas estimativas (-1,9% r/e). A unidade de negócio que apresentou a melhor performance foi a Natura&Co Latam (-1,7% a/a e +5,8% em moeda constante), enquanto as demais unidades tiveram queda de receita tanto em reais, quanto em moeda constante, apesar da queda ter sido inferior às nossas projeções, o que consideramos positivo.
O lucro bruto atingiu R$ 5,1 bilhões, com ganho de 4,4 p.p. de margem bruta na comparação anual (-0,1 p.p. r/e), com todas as unidades de negócio contribuindo positivamente, beneficiadas pelo aumento de preços e um mix favorável, compensando o ambiente inflacionário persistente e a pressão cambial.
Já a elevação da margem EBITDA Ajustada no período foi menos intensa (+2,3 p.p. a/a e -1,2 p.p. r/e), refletindo o incremento das despesas com vendas, gerais e administrativas como percentual da receita líquida (63% ante 60,8% no 2T22) devido à aceleração da depreciação da The Body Shop, investimentos em marketing na marca Natura e aumento de despesas G&A na Avon International. Tudo considerado, a margem EBITDA Ajustada atingiu 9,7% no trimestre.
O ganho de margem operacional não se refletiu em melhora de resultado líquido, com o Grupo reportando mais um trimestre de prejuízo, o qual atingiu R$ 732 milhões no período, superior às nossas estimativas em 32,3%. O prejuízo reportado é explicado, principalmente, pela contribuição negativa proveniente de operações descontinuadas.
No que se refere à alavancagem financeira, pontuamos que a dívida líquida do Grupo atingiu R$ 10 bilhões no 2T23, cerca de R$ 1,5 bilhão superior a/a, equivalente a 4,2x o EBITDA dos últimos 12 meses, patamar considerando desconfortável, mas que será endereçado com a conclusão da venda da Aesop nos próximos trimestres.
Em relação à posição de caixa, destacamos o consumo de R$ 692,1 milhões nas atividades operacionais e de R$ 273 milhões em investimentos, o que implicou em uma saída de R$ 965 milhões de caixa, relacionada principalmente ao aumento da alavancagem e taxas de juros.
Confira no anexo a íntegra do relatório a respeito, elaborado por GEORGIA JORGE, CNPI-P, analista senior do BB investimentos.
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