AES Brasil: resultado 2º Trimestre/2022
Menor geração eólica e custo alto da gestão do risco hidrológico prejudicam resultado
Por Rafael Dias, CNPI
05.08.2022
A AES divulgou em 04.08, após o fechamento do mercado, seu resultado referente ao 2T22, que consideramos negativo, com parques eólicos prejudicados por indisponibilidade e menor velocidade dos ventos e resultado das hidrelétricas limitados pela compra de energia a preços altos para mitigar o risco hidrológico.
Ainda houve impacto da inflação pressionando os custos gerenciáveis da companhia, anulando o efeito positivo da expansão em andamento e frustrando a nossa expectativa para 2022. No entanto, o contínuo crescimento na fonte eólica e o vencimento dos contratos de compra de energia mais cara para mitigar o risco hidrológico ao longo dos próximos meses deve trazer boa reação da performance em 2023.
A receita apresentou alta na comparação anual, vindo em R$ 620 milhões no 2T22 (+10,6% a/a) e somou R$ 1.297 milhões no acumulado do ano, alta de 16% na comparação com o 1S21, puxada pelo início operacional de novos parques eólicos e pelo reajuste anual do preço de venda de energia.
O custo com compra de energia elétrica somou R$ 192 milhões no 2T22, 32,8% acima do reportado no 2T21, e somou R$ 371 milhões nos 6M22, representando significativa alta de 90% na comparação anual, demonstrando novamente o alto custo da estratégia conservadora de gestão do risco hidrológico.
As despesas operacionais e administrativas excluindo depreciação somaram R$ 114 milhões no 2T22, representando alta de 13% sobre o 2T21, alta ligeiramente acima do crescimento da receita enquanto no 6M22 somou R$ 245 milhões, alta de 25% na comparação anual, também acima do crescimento da receita para o período, em função da incorporação do novos ativos eólicos no período, base comparativa impactada por não recorrentes e impacto da pressão inflacionária.
O EBITDA veio em R$ 239 milhões no 2T22 (-6,5% a/a) e somou R$ 540 milhões no 6M22 (-10,7% a/a) em queda decorrente do aumento de custos não gerenciáveis e dos gerenciáveis acima do crescimento da receita. A margem EBITDA no 2T22 ficou em 38,6%, 7 pontos percentuais abaixo do 2T21 enquanto no acumulado do ano ficou em 41,6%, 12,5 pontos percentuais inferiores ao apurado no 6M21.
Já o resultado financeiro veio melhor no 2T22 na comparação anual, com redução de R$ 9 milhões, favorecido por maior receita financeira, totalizando –R$ 107 milhões no trimestre 2T22. No 6M22 o resultado financeiro somou -R$ 201 milhões, também favorecido por incremento de receita financeira superior ao aumento da despesa financeira.
Assim, o 2T22 registrou lucro de R$ 9,3 milhões, substancialmente inferior aos R$ 26 milhões reportados um ano antes. No 6M22 o lucro líquido somou R$ 80 milhões, em queda de 32,9% na comparação anual.
A Companhia divulgou a distribuição de dividendos intermediários de R$ 52,9 milhões ou R$ 0,1074 por ação, referentes ao 1S22 com data base de 9/8/22, passando as ações a serem negociadas ex-dividendos no dia 10/8/22. O crédito dos dividendos será realizado no dia 30/9/22 e representa 1% de retorno sobre o preço de fechamento de ontem (4/8/22).
As ações da AES Brasil na B3 têm apresentado desempenho inferior ao Ibovespa no ano e nos últimos 12 meses e esperávamos uma melhora operacional com a melhoria das condições hidrológicas em 2022.
No entanto, o apresentado no 1S22 decepcionou essa expectativa e vislumbramos agora uma melhoria na performance operacional e geração de caixa apenas em 2023. De qualquer forma, mantemos nossa recomendação de Compra para AESB3 considerando o seu preço bem descontado atual, e o consequente alto potencial de valorização comparado ao nosso preço-alvo.
Confira no anexo a íntegra do relatório a respeito, elaborado
por RAFAEL DIAS, CNPI, analista senior do BB INVESTIMENTOS