Diário do Mercado na 4ª feira, 17.05.2017
“Efeito Trump” negativo derruba globalmente os mercados acionários – veicula-se até possibilidade de impeachment
Resumo.
Com pouco mais de cem dias de governo, o presidente norte-americano Donald Trump enfrenta uma deterioração de sua governabilidade perante os políticos norte-americanos, com reflexo direto sobre os mercados em geral.
A visão dos agentes quanto aos avanços nas reformas trabalhista e tributária do chefe de estado turvou-se diante de um escândalo noticiado pela imprensa dos EUA.
Jornais locais deram conta que ele teria solicitado ao diretor do FBI – que em seguida foi demitido por ele pela recusa – o encerramento de uma investigação sobre a possível ligação entre seu ex-conselheiro de Segurança Nacional e a Rússia.
No momento, até membros do partido republicano, do qual faz parte Trump, estão solicitando abertura de inquérito contra o presidente. Ademais, ainda paira sobre ele a responsabilidade pelo vazamento de dados sigilosos em relação ao combate aos terroristas do estado islâmico para o embaixador russo, em reunião na Casa Branca.
Com este alvoroço político o clima dos negócios azedou, derrubando as bolsas mundo afora e levando os investidores a portos considerados mais seguros como o dólar, os títulos do tesouro norte-americano (US treasuries) e o ouro. Internamente, nem agenda econômica, nem a política foram capazes de suplantar a atmosfera de incremento de aversão ao risco.
Ibovespa.
A bolsa brasileira, que já acumulava alta de quase 5% ao longo dos últimos seis pregões, enfim, cedeu. O firme movimento de realização foi calcado na piora do humor dos investidores em escala global instaurado pela situação desfavorável ao presidente dos EUA.
Ponderadamente, o setor financeiro foi o principal responsável pela queda do índice, tendo a Petrobras sofrido menos revés, graças à recuperação do preço do petróleo.
O benchmark da bolsa brasileira findou aos 67.540 pts (-1,67%), com giro financeiro preliminar da Bovespa em R$ 8,350 bilhões, sendo R$ 8,027 bilhões no mercado à vista.
Capitais externos na Bolsa
Com o ingresso de R$ 116,40 milhões em 15.05, o capital externo aplicado na bolsa brasileira soma R$ 1,158 bilhão neste mês. Em 2017, está acumulando agora R$ 4,67 bilhões.
Agenda Econômica.
Sem destaques de relevo por conta de indicadores pouco impactantes e ainda com leituras amplamente dentro das estimativas do mercado, o direcionador do dia residiu tão somente na divulgação de estoques de petróleo nos EUA.
O DoE (Department of Energy) informou que houve uma redução de 1,753 milhão de barris nos estoques norte-americanos na última semana, o que terminou por impulsionar a cotação dos contratos futuros da commodity no mercado internacional.
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) foi o destino de capital em busca de segurança na sessão, e ganhou terreno ante os principais pares globais. A divisa norte-americana findou os negócios a R$ 3,1330 (+1,16%).
Risco País - O CDS brasileiro de 5 anos mostrava leitura de 206 pts neste momento, versus 197 pts da véspera.
Juros.
Com o incremento das animosidades do mercado mundial para com o governo Trump, houve avanço nos vencimentos mais longos dos juros futuros. Na ponta curta, no entanto, o movimento foi contido pela crescente visão do mercado de um provável corte mais agressivo na Selic pelo Copom na reunião do próximo dia 31 de maio.
Para a 5ª feira.
A agenda econômica ganha corpo. Internamente, são aguardados a arrecadação de impostos, a confiança industrial/CNI e inflação pelo IPC-Fipe semanal e pela segunda prévia do IGP-M. Externamente PIB do Japão e índice antecedente nos EUA despontarão.
Apesar de poucos dados externos, o mercado tende a permanecer com o radar apontado para prováveis desdobramentos dos escândalos envolvendo o presidente Trump.
Cabe salientar que, em relação à política monetária norte-americana, a entrada da variável “deterioração da governabilidade” soma-se a dados econômicos que denotaram dubiedade recente na economia, como inflação aquém do esperado e vendas de imóveis novos. Tais imbróglios podem forçar o mercado a rever suas projeções quanto as altas de juros pelo Fed.
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o comportamento do mercado na 4ª feira, 17.05.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T Analista Senior e RAFAEL REIS, CNPI-P Analista, ambos do BB Investimentos