Renda Fixa - Análise Semanal de Mercado
Cenário indefinido volta aos mercados
Com reduzidos volumes, os derivativos de juros DI têm se concentrado no giro intradiário, com poucas posições e acentuada volatilidade, enquanto dólar e CDS Brasil alternam movimentos expressivos de altas e baixas, mas em correções de curto prazo, sem configurar uma tendência mais clara.
No entanto, entre os sinais mistos emitidos pelo mercado, é possível observar o início de configurações ainda latentes, mas que apontam para um movimento mais forte de queda do dólar e para a manutenção do nível de risco-país expresso pelo CDS. Como desdobramentos, enquanto a estrutura do DI futuro se estabiliza, a curva da NTN-B se eleva, em linha com expectativas de menor inflação, juntamente com o bond soberano brasileiro de 2025.
A análise gráfica revela que a força altista perdeu força na cotação do dólar, retomando os padrões observados anteriormente a ago/2015, ao passo que o CDS se sustenta orbitando ao redor dos 400 pontos (entre 360 e 420), sem indicativos de baixa consistente.
Derivativo de juros – DI Futuro (% a.a.)
a) Em meio a oscilações diárias, a curva DI retornou praticamente à mesma configuração do início do período, mantendo a inclinação negativa e a inflexão peculiar a partir do derivativo de jan/2018 (com progressiva redução de yields até então, mas seguida de elevação nos demais vencimentos), contudo, registrando reduzidos volume de negociação (em média diária de 860 mil negócios)
b) A volatilidade continua elevada, acarretando uma alternância pouco comum de inclinações positiva e negativa da curva, medidas entre jan/2017 e jan/2021 (apear do expressivo volume do contrato de jan/2018); operadores destacam a relevância de negócios intradiários, em lugar de posições mais estáveis
c) Este comportamento seguiu a divulgação do IPCA de março em 0,43%, praticamente em linha com o esperado (0,46%) e menor que o anterior (0,90%), além da ata do Fomc, interpretada como mais branda, e o discurso do presidente do Bacen, entendido como mais hawkish – ao tempo em que os agentes ainda aguardam definições no cenário político–, mais uma vez em linha com estimativas de mercado (vide análise do Relatório Focus), que estabilizaram a expectativa para a Selic (2016), com recuo para o PIB (2016) e para a inflação (2016 e 2017)
Juro Real pela NTN-B (IPCA + cupom % a.a.)
a) O yield apresentou elevação em todos os vencimentos; mais acentuadamente até ago/2020, com registro de yield médio de todos os títulos da curva em 6,48% (contra 6,42% das duas semanas anteriores)
b) A inflação implícita (medida por DI / NTN-B) registrou mais uma queda, no horizonte de até 5 anos, alinhando-se com as expectativas compiladas pelo Relatório Focus
FRA Cambial (% a.a.)
a) Apesar de a curva DI ter voltado ao mesmo nível da semana anterior, os retornos curtos do FRA Cambial recuaram intensamente, acompanhando a forte queda do dólar spot, que reduziu o desconto por forward premium
b) Os demais, a partir de fev/2017 apresentaram elevação, mas em proporções moderadas
Dólar Comercial (BM&F)
a) A faixa entre R$ 3,65 e R$ 3,55 foi efetivamente percorrida e começa a perder força, abrindo novos objetivos em cotações mais baixas, mas com grande volatilidade
b) É possível haver correções altistas em movimentos curtos (acima da linha superior de R$ 3,65), mas a tendência mais forte, neste momento, é a busca dos referenciais de R$ 3,44 e R$ 3,30 (com apoio de indicadores gráficos e a continuidade da cotação abaixo da média de 200 dias)
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise semanal do mercado de Renda Fixa, datado de 11.04.2016, elaborado por RENATO ODO, CNPI-P, JOSÉ ROBERTO DOS ANJOS, CNPI-P.