Delegacia de Minneapolis, em chamas.
Trump diz aos governadores para 'DOMINAR' os manifestantes
Com a escalada de agressões policiais à população negra e o país dominado pela ultra-direita "supremacista" no poder, o EUA confirma, para além da democracia retórica, a tese de ser um país que ainda não superou seus históricos problemas raciais, aqueles mesmos que, a partir dos anos 50, colocaram-no à beira de uma guerra civil. O impasse no quadro atual retoma com grande intensidade o drama racial não resolvido.
O presidente Donald Trump pediu aos governadores que intensifiquem suas ações contra os manifestantes, exortando-os a usar mais força e a "dominar" as multidões violentas que cercam as cidades americanas.
Manifestantes e incendiários cercaram a Casa Branca no domingo à noite, incendiando a histórica Igreja Episcopal de São João nas proximidades e profanando marcos nacionais. Cenas semelhantes foram exibidas em dezenas de grandes cidades americanas, e o presidente ficou em silêncio a maior parte da noite.
Agora, Trump teria exigido que os governadores usassem uma mão mais pesada para reprimir a agitação. "Você tem que dominar, se você não domina, está perdendo tempo", disse ele em telefonema com os governadores nesta 2ª feira, segundo a CBS News.
"Eles vão atropelar você, você vai parecer um monte de idiotas. Você tem que dominar ... Você precisa prender as pessoas, precisa rastrear as pessoas, colocá-las na prisão por 10 anos e nunca mais verá essas coisa. "Temos todos os recursos - não é como se não tivéssemos os recursos. Então, eu não sei o que você está fazendo."
Após a morte de George Floyd em Minneapolis, Minnesota, na 2ª feira, protestos em todo o país rapidamente degeneraram em tumultos em larga escala. Trump elogiou o envio da Guarda Nacional para Minneapolis - por insistência dele - como instrumento para conter os distúrbios na cidade e exigiu que os outros governadores do país seguissem o exemplo.
É responsabilidade de cada estado individual solicitar a mobilização da Guarda e, se um governador optar por não fazê-lo, o presidente não poderá ordenar tropas federais nas ruas, graças à Lei Posse Comitatus de 1878. Como medida de última hora, Trump poderia invocar a Lei da Insurreição de 1807 para enviar as forças armadas, como George H.W. Bush fez durante os tumultos em Los Angeles de 1992.
O senador Tom Cotton (R-Arkansas) sugeriu que Trump deveria fazer exatamente isso.
"O que o presidente pode fazer ... [é dizer que] os tumultos, a anarquia e os saques terminam hoje à noite", disse Cotton à Fox News na segunda-feira. "Se a aplicação da lei local for sobrecarregada, se os políticos locais não fizerem seu trabalho mais básico para proteger nossos cidadãos, vamos ver como esses anarquistas respondem quando o 101º Aerotransportado está do outro lado da rua."
Antes de utilizar as forças armadas federais contra os manifestantes, Trump mirou nos militantes de esquerda da Antifa, a quem seu governo acusou de orquestrar e dirigir "o pior do caos".
No domingo, Trump disse que designaria o grupo unido como uma "organização terrorista", enquanto o procurador-geral William Barr anunciou que o FBI empregará suas Forças-Tarefa Conjuntas de Terrorismo contra Antifa.
Enquanto muitos da direita pediram a Trump que esmagasse os tumultos com força militar, alguns pediram cautela, alertando que o presidente corre o risco de uma reação pública caso ele o faça.
"O objetivo da esquerda é pressionar Trump a autorizar a guarda nacional a disparar contra os manifestantes - provando assim que ele é um tirano assassino",
twittou Candace Owens, um importante especialista em apoio a Trump.
"Eles não se importam com quantos bairros negros devem queimar no processo."
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