M Dias Branco
Resultado no 3º Trimestre/2020
Volumes e preços avançam, enquanto maiores custos pressionam margem
A M Dias Branco reportou outro resultado positivo no 3T20, fruto
(i) do processo de reestruturação iniciado em 2019, com avanços em distribuição e lançamento de produtos, e
(ii) do cenário de pandemia, que resultou em um ambiente mais favorável para consumo em supermercados.
Como resultado, no 3T20, volumes e preços médios continuaram suas trajetórias ascendentes com aumento de vendas em todas as categorias, o que levou o volume do consolidado a um incremento de 27% a/a.
Como também houve aumento de 3% a/a nos preços médios, a receita líquida atingiu recorde para o trimestre e totalizou R$ 2 bilhões (6% acima de nossas estimativas e 11% acima do consenso).
Diante dessa performance positiva em vendas, a empresa conseguiu uma maior diluição dos custos fixos que, combinada com a verticalização próxima aos 100% em farinha de trigo e gordura vegetal, ajudaram a mitigar parcialmente os impactos negativos de maiores custos com trigo e óleo vegetal, fruto principalmente do dólar mais forte. Assim, a margem bruta caiu de 34,5% no 3T19 para 32% neste trimestre.
Por outro lado, créditos tributários não recorrentes levaram o EBITDA a R$ 328 milhões, com margem de 16,2%, acima dos 12,1% do 3T19; excluindo esses efeitos não recorrentes, a margem EBITDA teria fechado em 10%.
Por fim, como reflexo do resultado operacional e dos efeitos dos não recorrentes, o Lucro Líquido totalizou R$ 265 milhões.
Desempenho das ações e perspectivas.
As ações de M Dias Branco acumulam uma queda de 4% no ano de 2020 até sexta (06), mas ainda assim um desempenho superior ao do Ibovespa, que cai 13%.
Após a mínima atingida em março em função da pandemia, o papel mostrou uma consistente recuperação até julho, quando voltou a apresentar maior volatilidade com o mercado precificando uma maior pressão de custos em suas margens.
Para o último trimestre do ano, apesar de sazonalmente mais fraco, acreditamos que a tendência positiva para volumes deverá permanecer, como resultado não apenas da retomada gradual da atividade econômica, mas também pela boa execução da empresa e iniciativas de marketing, que devem auxiliar no ganho de market share.
No entanto, entendemos que alguma pressão sobre as margens ainda deve ocorrer por conta de custos com trigo e dólar mais forte.
Apesar do momento mais desafiador no curto prazo, continuamos otimistas com a tese de investimentos da empresa para o médio e longo prazo. O processo de reestruturação iniciado no ano passado tem se mostrado bem-sucedido e compensado, mesmo que parcialmente, os efeitos dos maiores custos.
Assim, com a normalização dos custos aguardada para o próximo ano (dado a expectativa de valorização cambial), esperamos que a empresa possa aumentar sua eficiência e capturar ainda mais os ganhos da reestruturação, bem como sinergias advindas da integração de Piraque, com avanços na região sul e sudeste.
Tudo considerado, mantemos nosso preço-alvo 21e de R$ 47,0/ação e reiteramos nossa recomendação de Compra, também tendo em vista que o papel está sendo negociado a um múltiplo EV/EBITDA de 11,6x, abaixo de sua média histórica de 2 anos de 12,9x.
Confira no anexo a íntegra do relatório a respeito, elaborado por LUCIANA CARVALHO, do BB INVESTIMENTOS