BRF - Resutados no 3º trimestre/2019
Resultados positivos, embora com volumes menores; desalavancagem em cena
A BRF apresentou resultados positivos no 3T19, suportados por preços mais altos no Brasil e resultados consistentes na Ásia. Como resultado, a receita aumentou 8% a/a, totalizando R$ 8,5 bi, em linha com nossas estimativas. EBITDA atingiu R$ 1,6 bi, com margem de 19%, refletindo as iniciativas da empresa focadas nos segmentos, canais e países mais rentáveis.
Vale ressaltar que o EBITDA também foi impactado positivamente por um ganho líquido de R$ 467 mi relacionado a processos tributários. Assim, o EBITDA ex-ICMS estaria em linha com nossa previsão de R$ 1,1 bi, com margem de 13,5% vs 7,4% no 3T18.
Destacamos como positiva a redução de alavancagem que atingiu 3,21x (ex-IFRS16) vs 6,74x no 3T18, em linha com o compromisso da empresa de melhorar a alavancagem financeira líquida e a estrutura de capital. Como resultado, a BRF revisou pelo segundo trimestre consecutivo sua expectativa de alavancagem para final de 2019, agora em 2,75x da expectativa anterior de 3,15x.
Para o próximo trimestre, vemos volumes mais altos exportados do Brasil, especialmente para a China, devido às recentes novas licenças aprovadas (a BRF agora possui 9 plantas autorizadas), adicionadas a aumentos nos preços médios, aumentando as margens da empresa, gerando caixa e acelerando seu processo de desalavancagem.
Outperform
Portanto, mantemos nossa visão otimista para BRF reiterando nosso preço alvo Dez20 de R$ 45,0/ ação com o rating Outperform. BRFS3 é negociada com múltiplo de 8,4x EV/EBITDA, o que consideramos atraente, considerando sua média histórica de 9,7x em 2 anos.
Brasil: margens sendo mantidas t/t devido a execução e preços mais altos.
Mais uma vez, a estratégia da empresa se concentrou nos canais e produtos mais lucrativos, induzindo margens no Brasil. Embora tenhamos observado um impacto negativo nos volumes que reduziram 2% a/a, preços médios mais altos (+8% a/a) levaram a receita a R$ 4,4 bi, (+6% a/a e em linha com nossas estimativas).
Preços mais altos, juntamente com as melhorias em mix, não apenas aumentaram a receita, mas também induziram a diluição de custos fixos e despesas, elevando EBITDA para R$ 541 mi (+ 36% a/a e 4% acima da nossa previsão) com margem de 12,3% vs. 9,7% no 3T18 e 11,3% no último trimestre.
Halal: margem consistente, mas linha superior fraca.
A restrição imposta pelo Iraque às exportações da Turquia impactou negativamente o volume (-2% a/a) que, combinado com uma redução de 3% a/a no preço, reduziu a receita em 5% a/a para R$ 2,1 mi (5% abaixo de nossas estimativas).
Por outro lado, apesar dos custos mais altos, as menores despesas gerais de marketing e um controle rigoroso das despesas compensaram totalmente o desempenho operacional mais fraco e permitiram à unidade sustentar a margem EBITDA em 13,7%.
Em nossa opinião, as iniciativas da empresa focadas no ganho de eficiência podem continuar contribuindo para melhorias na margem. No entanto, novos incrementos de volume dependem mais do fim das restrições e de novas parcerias na região.
Nesse contexto, na teleconferência de resultados hoje (08.11), a BRF reafirmou seu compromisso de continuar crescendo na região, aproveitando sua posição de liderança.
Além disso, a empresa reitera que o investimento de R$ 120 mi na construção de uma planta de processamento de frango na Arábia Saudita em parceria com a Autoridade de Investimentos do Governo da Arábia Saudita (SAGIA) deve induzir a um portfólio de maior valor agregado e a maiores exportações da região.
Outros segmentos internacionais: resultados refletiram maior demanda da China. Além do maior volume exportado para a China (já esperado), a receita líquida foi impactada positivamente pela estratégia do Japão e da Coréia do Sul de iniciar o armazenamento, considerando o contexto da Peste Suína Africana (PSA).
Portanto, os volumes aumentaram 5% a/a enquanto os preços médios aumentaram significativamente 32% a/a, induzindo a receita a R$ 1,7 bi (+ 39% a/a e 4% acima de nossas estimativas).
Além disso, os ganhos de eficiência em vendas, gerais e administrativas também contribuíram e o EBITDA atingiu R$ 391 mi, com margem de 23%, a maior margem alcançada pela divisão até o momento. Ainda estamos otimistas em relação à demanda da China devido à PSA e, consequentemente, esperamos resultados sólidos para os Outros Segmentos Internacionais à frente.
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o desempenho da BRF no 3º trimestre/2019, elaborado por LUCIANA CARVALHO, do BB Investimentos