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Internacional

28 de Novembro de 2020 as 01:11:10



IRÃ - Cientista Nuclear é assassinado. Suspeitas caem sobre Israel. SAIBA TUDO AQUI.


Mohsen Fakhrizadeh, cientista nuclear assassinado.
 
Foi baleado e morto nesta 6ª, 27.11.2020, o principal cientista nuclear do Irã, Mohsen Fakhrizadehhá muito identificado pelos serviços de inteligência americana e israelense como a força motriz por trás de um suposto esforço secreto iraniano para projetar uma ogiva atômica.
 
O assassinato aconteceu como uma emboscada na estrada na ocasião em que Fakhrizadeh e seus guarda-costas viajavam para fora de Teerã.
 
Por cerca de 20 anos, este cientista esteve por trás do que as autoridades americanas e israelenses descrevem como o programa secreto de armas nucleares do Irã. O trabalho de Fakhrizadeh ainda continuou após o programa ter sido formalmente dissolvido, em 2003, de acordo com avaliações da inteligência americana e documentos nucleares iranianos roubados por Israel há quase três anos.
 
Um funcionário americano e dois outros oficiais de inteligência afirmaram que Israel estava por trás desse ataque, mas não ficou claro o quanto os EUA possam ter sabido antecipadamente sobre essa operação. Mas as duas nações são aliados muito próximos e de há muito compartilham informações sobre o Irã, que Israel considera sua mais forte ameaça.
 
Fúria e Vingança
 
As autoridades iranianas, que sempre afirmaram que suas ambições nucleares são para fins pacíficos e não para armas atômicas, expressaram fúria e juraram vingança pelo assassinato, chamando-o de ato de terrorismo e belicismo; e de imediato culparam Israel e EUA.
 
O assassinato de Fakhrizadeh aconteceu após apenas 10 meses que os EUA assassinaram o poderoso chefe da espionagem do Irã, o major-general Qassim Suleimani, em um ataque de drones americanos, em 03.01.2020, nas proximidades do aeroporto de Bagdá.
 
A Casa Branca, a CIA e as autoridades israelenses recusaram-se a comentar o atentado a Mohsen Fakhrizadehmas esse novo assassinato poderá complicar muito os planos do presidente eleito Joseph R. Biden Jr. de reativar o acordo nuclear de 2015 suspenso  por Donald TrumpA equipe de transição de Joe Biden igualmente não fez comentários imediatos sobre o assassinato.
 
O presidente Trump retirou os EUA do acordo nuclear em 2018, assinado por Barack Obama, isolando os EUA de aliados ocidentais que tentaram manter intacto o acordo, como Alemanha e França. Desde então, o Irã começou a aumentar suas capacidades nucleares mais uma vez, sob o argumento de que não mais está vinculado ao acordo nuclear, pois os EUA renegaram seus compromissos.
 
Evidência de profissionalismo no atentado
 
O assassinato de Fakhrizadeh tem as marcas de uma operação precisamente cronometrada. A mídia estatal iraniana disse que homens armados esperaram ao longo da estrada e atacaram enquanto seu carro dirigia pela cidade rural de Absard, uma área conhecida como uma fuga bucólica com montanhas majestosas a cerca de 60 km a leste de Teerã.
 
Fotos do rescaldo do ataque, postadas pelo Estado e pelas redes sociais, mostraram o veículo do cientista, um SUV preto, com seu para-brisas quebrado de balas e as janelas laterais explodidas. Manchas de sangue e cacos de vidro e metal foram espalhados pelaa estrada.
 
Clamor pela Vingança 
 
Protestos eclodiram do lado de fora de prédios do governo em Teerã para exigir vingança, assim como fizeram após o ataque de 03.01.2020, que matou Qassim Suleimani, o major-general iraniano que comandava a força de elite quds do Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos.
 
"Terroristas assassinaram um eminente cientista iraniano hoje. Essa covardia - com sérias indicações do papel israelense - mostra um belicismo desesperado dos agressores."
 
escreveu no Twitter o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarifresponsavel pela negociação o acordo nuclear iraniano. Ele disse no post que a comunidade internacional deveria "acabar com seus vergonhosos padrões duplos e condenar este ato de terror estatal".
 
O general-de-brigada Mohammad Bagheri, chefe de gabinete das forças armadas do Irã, disse em um comunicado que "não descansaremos até encontrarmos e nos vingarmos dos responsáveis pelo assassinato do mártir Fakhrizadeh".
 
Na 6ª feira à noite, o Irã enviou uma carta ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, condenando o que chamou de "ataque terrorista" e alertando que o país "se reserva seus direitos de tomar todas as medidas necessárias para defender seu povo e garantir seus interesses".
 
Os assassinatos gêmeos podem ter envenenado o poço. Os linha-dura no Irã podem ganhar o argumento de que não podem se curvar à pressão externa e devem redobrar seus esforços para resistir ao Ocidente em memória do Sr. Fakhrizadeh, que eles declararam ter sido martirizado.
 
John Brennan, que era o diretor da CIA sob o comando do Sr. Obama, chamou o assassinato de "um ato criminoso e altamente imprudente" em um tweet.
 
"Ele corre o risco de retaliação letal e uma nova rodada de conflito regional", escreveu ele, instando o Irã a "esperar pelo retorno da liderança americana responsável"
 
e resistir às tentações de contra-atacar.
 
O ex-alto funcionário de política do Pentágono no Oriente Médio, Michael P. Mulroy, disse que a morte do Sr. Fakhrizadeh foi "um revés ao programa nuclear iraniano". Ele observou que o cientista "também era um oficial sênior do Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos, e isso ampliará o desejo do Irã de responder à força".
 
Não ficou claro se o secretário de Estado Mike Pompeo, um dos mais vocais falcões do governo contra o Irã, havia recebido qualquer aviso prévio dos planos de Israel quando visitou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de Israel na semana passada.
 
Outros cientistas assassinados e intimidação
 
Algumas autoridades estadunidenses argumentaram que a morte de Fakhrizadeh -- a mais recente de uma série de assassinatos dos principais cientistas nucleares do Irã, que datam de doze anos atrás -- amplifica a mensagem arrepiante para os demais cientistas do país que trabalham nesse programa: Se a cabeça bem guardada não pode ser protegida, nem ninguém mais pode.
 
Também não está claro o quanto a matança vai fazer afetar o programa iraniano. Fakhrizadeh tinha o passado e a visão ampliada para entender desafios da física e da política que o programa nuclear iraniano enfrenta. Mas o Irã se recuperou dos assassinatos de cientistas de nível inferior, e dos ataques cibernéticos de 2007 a 2010 no local de produção de combustível nuclear em Natanz, uma operação conjunta israelense-americana, de codinome "Jogos Olímpicos". E essa operação fez com que o Irã retardasse um ano.
 
Al Qaeda
 
O assassinato de Fakhrizadeh vem apenas duas semanas após oficiais da inteligência terem confirmado que o segundo líder mais alto da Al Qaeda foi morto a tiros nas ruas de Teerã, por assassinos israelenses em uma motocicleta, em 07.08.2020, a mando dos EUA.
 
Abdullah Ahmed Abdullah, oficial da Al Qaeda, passou pelo nome de guerre Abu Muhammad al-Masri e foi acusado de ser um dos mentores dos ataques mortais contra duas embaixadas dos EUA na África Oriental, em 1998. Ele foi morto com sua filha, Miriam, a viúva do filho de Osama bin Laden, Hamza bin Laden.
 
Mas, Abdullah era um estrangeiro; Fakhrizadeh era um herói nacional, personagem da resistência ao Ocidente e sua insistência de que o Irã não poderia ter sua própria tecnologia nuclear.
 
O Irã nunca concordou com as exigências da AIEA Agência Internacional de Energia Atômica, o monitor nuclear das Nações Unidas, para permitir que inspetores da ONU questionem Fakhrizadeh, dizendo que ele era um acadêmico que lecionou na Universidade Imam Hussein em Teerã.
 
Contudo, ainda que acadêmico, uma série de relatórios confidenciais, em especial uma longa avaliação feita pela CIA em 2007, para a administração George W. Bush, revela que o papel acadêmico era uma história de capa. Em 2008, o nome de Fakhrizadeh foi adicionado a uma lista de funcionários iranianos, cujos bens foram congelados pelos EUA. 
 
No mesmo ano, suas atividades foram divulgadas pelo inspetor-chefe da I.A.E.A, em um briefing não-classificado. Mais tarde, ficou claro que ele executou o que os iranianos chamaram de Projetos 110 e 111 - um esforço para enfrentar os problemas mais difíceis que os projetistas de bombas enfrentam na criação de uma ogiva pequena o suficiente para caber em cima de um míssil e fazê-lo sobreviver aos rigores de reentrada na atmosfera.
 
Ele ficou fora de vista por anos. Mas uma operação israelense no início de 2018 que roubou um armazém cheio de documentos iranianos sobre o "Projeto Amad", o que os iranianos chamaram de esforço de armas nucleares há 20 anos, incluiu documentos sobre Fakhrizadeh, e pelo menos um escrito à mão por ele, alegaram os israelenses.
 
Pouco depois, Netanyahu destacou o Sr. Fakhrizadeh em uma apresentação televisionada, em que descreveu a operação secreta israelense para apreender o arquivo. O primeiro-ministro israelense acusou o Irã de ter mentido a respeito do propósito de sua pesquisa nuclear e identificou o Fakhrizadeh como o líder do programa Amad.
 
O governo iraniano declarou que a apresentação do Sr. Netanyahu era ficção.
 
As autoridades israelenses, mais tarde apoiadas por funcionários da inteligência estadunidense que revisaram o arquivo, disseram que o cientista manteve os elementos do programa vivos, mesmo depois de ter sido ostensivamente abandonado. Netanyahu argumentou que o programa estava sendo executado secretamente por uma organização dentro do Ministério da Defesa do Irã conhecida como S.P.N.D. Ele acrescentou:
 
"Você não ficará surpreso ao saber que a S.P.N.D. é liderada pela mesma pessoa que liderou o Projeto Amad, Dr. Fakhrizadeh."
 
Trump quis atacar 
 
O assassinato vem em momento de tensões crescentes entre o Irã e a administração Trump. Trump foi dissuadido de atacar o Irã há apenas duas semanas, depois que seus assessores advertiram que isso poderia se tornar um conflito mais amplo durante suas últimas semanas no cargo.
 
Trump havia perguntado aos conselheiros seniores em uma reunião do Salão Oval em 12 de novembro se ele tinha opções para tomar medidas contra o principal local nuclear do Irã em Natanz nas próximas semanas. Dias depois, o Sr. Pompeo visitou Israel no que poderia ser sua última viagem ao cargo.
 
Tal ataque às vésperas de uma nova administração poderia envenenar as relações com Teerã a tal ponto que negociar a restauração do acordo nuclear, ou endurecer seus termos, poderia ser impossível.
 
Desde que o Sr. Trump demitiu o secretário de Defesa, Mark T. Esper, e outros altos assessores do Pentágono este mês, o Departamento de Defesa e outros funcionários de segurança nacional expressaram privadamente suas preocupações de que o presidente poderia iniciar operações, abertas ou secretas, contra o Irã ou outros adversários no final de seu mandato. Outros disseram que o Netanyahu, que em vários momentos esteve à beira de atacar as instalações nucleares do Irã, pode tentar agir enquanto o Sr. Trump ainda está no cargo.
 
Enquanto principais conselheiros do Sr. Trump - inclusive Mike Pompeo e o General Mark A. Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto - argumentaram desfavoravelmente a um ataque militar contra o Irã, altos funcionários e comandantes dos EUA ainda alertam para o que chamam de atividades malignas do Irã.
 
No Irã, alguns funcionários e comentaristas reconheceram que a perda de Fakhrizadeh criou um vazio significativo na busca da ciência nuclear no país, mas juraram que ela não seria interrompida. Outros expressaram preocupação com o que aparentemente era um buraco de segurança que permitiu que agentes israelenses se infiltrassem no Irã.
 
"Israel acampou aqui de uma maneira ruim. Os recentes acontecimentos deste ano deixam isso claro ... A estratégia de segurança do Irã deve ser encontrar espiões e informantes do Mossad."
 
disse no Twitter um ex-vice-presidente, Mohammad Ali Abtahi.


Fonte: NYT. Tradução e copidescagem da Redação JF





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