VIA VAREJO - Resultados no 4º trimestre/2019
Resultados operacionais positivos ofuscados por não recorrentes
Os resultados do 4T19 da Via Varejo foram positivos, em nossa opinião. A companhia conseguiu aumentar as vendas nos canais físico e online, sendo a última uma das nossas principais preocupações em relação à tese de investimento, devido ao atraso da companhia na "corrida do comércio eletrônico" ante seus pares.
A Via Varejo também conseguiu melhorar suas margens operacionais na comparação anual, em linha com o BB-BIe.
Vale ressaltar, no entanto, que o brilho dos resultados foi manchado pelo reconhecimento de irregularidades contábeis relacionadas à manipulação da provisão trabalhista e pelo diferimento indevido na baixa de ativos e contabilização de passivos, o que levou à contabilização de aproximadamente R$ -1,2 bilhão no resultado do período.
Aproveitamos a oportunidade para destacar que, devido à pandemia do Covid-19, a Via Varejo fechou todas as suas lojas físicas e interrompeu a produção de móveis Bartira, mantendo apenas o canal online em operação para atender à demanda.
Se, por um lado, devemos esperar um impacto significativo na receita da companhia (80% da receita líquida no 4T19 foi proveniente de lojas físicas) e, consequentemente, nas margens, durante o período de fechamento; por outro lado, é uma oportunidade para a companhia melhorar ainda mais seu canal online, com a inclusão de novos sellers, o aumento de novos clientes em sua base e o aumento do sortimento disponível para os consumidores.
Nas próximas semanas, revisaremos nossas estimativas para a Via Varejo. Por enquanto, rebaixamos a recomendação para Market Perform, mas mantemos nosso preço-alvo 20E em R$ 16,90.
Desempenho Econômico-financeiro.
A receita bruta foi de R$ 8,8 bilhões, um pouco acima das nossas estimativas (1,9% r/e), suportada pelas vendas do canal físico, uma vez que as vendas de comércio eletrônico decepcionaram nossas expectativas (-9,9% r/e). Na comparação anual, no entanto, o crescimento de 3,9% da receita bruta deveuse em grande parte ao desempenho do comércio eletrônico (+ 25,9% a/a), enquanto as vendas do canal físico ficaram estáveis (+0,7 a/a).
Quanto à margem bruta, destacamos a melhora na comparação anual (+2,6 p.p. a/a), devido à estratégia de preços adotada desde que a nova administração assumiu a Companhia, em julho/2019. No entanto, a margem bruta veio abaixo de nossas estimativas (-0,5 p.p. r/e).
Em relação ao VG&A, observamos uma redução nas despesas como percentual do GMV total (de 19,9% para 18,5%), contribuindo para uma margem EBITDA ajustada em linha com nossas expectativas (+0,3 p.p. r/e) e superior na comparação anual (+2,7 p.p. a/a).
Finalmente, o resultado líquido foi de R$ -875 milhões, resultando em uma margem líquida negativa de 11,5% (ante uma margem líquida de -3,8% no 4T18), em decorrência das irregularidades contábeis listadas acima.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do desempenho da VIA VAREJO no 4º trimestre/2019, elaborado por GEORGIA JORGE, integrante do BB investimentos
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