Além disso, neste trimestre a empresa registrou um impairment (efeito não caixa) relacionada aos ativos da VNC e de carvão de Moçambique, onde a Vale vem revisando seu plano de negócios. No entanto, não podemos deixar de mencionar que
(i) maior volume de vendas de MF,
(ii) o menor custo unitário de MF entregue nos portos e
(iii) os preços realizados mais altos de Metais Básicos compensaram a queda nos preços de referência do minério de ferro.
Em 2019, destacamos que as vendas de minério de ferro ficaram em linha com o guidance, uma vez que os impactos da ruptura da barragem foram compensados pelo consumo de estoque no montante de 14Mt. No entanto, a Vale encerrou o ano com um EBITDA de US$ 10.585 milhões (-36,2% a/a), como consequência
(i) dos US$ 7.402 milhões negativos relacionados a provisões e despesas de Brumadinho,
(ii) menor volumes menores de outros produtos e
(iii) maiores custos e despesas gerais.
Olhando para frente, a Vale continuará trabalhando para retomar os 40Mt de capacidade interrompida após Brumadinho, com um plano de 15Mt para 2020 e 25Mt para 2021 (dependendo de concessão de autorização externa), o que leva a uma estimativa de produção de MF em 2020 entre 340-355 Mt.
Além disso, o S11D deverá contribuir com 90Mt de minério de ferro de alta qualidade na produção deste ano, o que deve continuar a beneficiar os preços e margens realizados. Portanto, mantemos nosso TP 20E para a VALE US em US$ 17/ação e para a VALE3 em R$ 68/ação, mantendo o rating Outperform.
Brumadinho: progresso da reparação.
Desde a ruptura da barragem, a Vale tem se concentrado em reparar todos os danos causados à sociedade e ao meio ambiente como um todo. Até o momento, a empresa gastou cerca de R$ 3,28 bilhões em indenizações e auxílio emergencial. Alguns outros acordos também foram assinados, envolvendo frentes ambientais e socioeconômicas, mas a descaracterização das estruturas a montante é um processo que levará mais tempo e permanecerá no radar dos investidores.
Minerais ferrosos: preços mais baixos, mas maior participação de produtos premium.
As vendas totalizaram 77,9 Mt no trimestre (+5,2% t/t e -3,2% a/a), com produtos premium representando 87% do total, 1 p.p. acima do 3T19. O prêmio pago pelos produtos da Vale nesse segmento aumentou positivamente para US$ 6,4/t, contra US$ 5,9/t no trimestre anterior, com contribuição de pelotas em US$ 2,6/t.
O preço realizado CFR/FOB ficou em US$ 83,5/t no período (-6,4% t/t), enquanto o MF Platts 62% ficou em média US$ 88,3/t, uma queda de 13,3% t/t. Assim, a receita no segmento totalizou US$ 8.020 milhões, 3,7% menor t/t e +4,9% a/a.
O custo caixa C1 reduziu no trimestre de US$ 15,3/t no 3T para US$ 14,5/t no 4T, seguindo a queda do preço de MF no mercado. É importante mencionar que esse nível está mais próximo ao da meta da Vale de US$12/t, considerando o S11D em plena operação. Quanto aos custos de frete, eles totalizaram US$ 18,2/t no 4T19 (-US$ 0,9/t t/t), como resultado da menor exposição ao mercado spot e de um melhor mix de frota.
As despesas com paradas e logística extraordinárias totalizaram US$ 191 mm no trimestre, dos quais US$ 168 mn foram relacionados às despesas de parada de Brumadinho. O EBITDA ajustado, portanto, totalizou US$ 4.538 milhões, uma queda de 2,1% t/t, mas 12,6% superior às nossas estimativas.
Metais básicos: melhora no desempenho.
As vendas de níquel e cobre caíram t/t em 7,7% e 4,6%, respectivamente. No entanto, os preços mais altos de ambos, a retomada de algumas plantas de níquel e a maior produção nas operações canadenses levaram o EBITDA do segmento a atingir US$ 649 milhões (+ 16,9% q/q).
Em relação especificamente às operações de níquel, pudemos observar que elas estão progredindo após algumas paradas nos últimos trimestres e, mais importante, o preço médio aumentou 9,4% t/t devido ao maior prêmio pago pelos produtos de níquel de melhor qualidade. Quanto ao cobre, as operações da Salobo melhoraram com os custos unitários diminuindo em US$ 53/t, enquanto em Sossego houve uma parada de manutenção não programada no período.