FED reune-se em 16 e 17.06 para decidir estratégia econômica e taxa básica da economia dos EUA
O PIB dos EUA caiu 0,2% no 1º trimestre/2015, em confronto com o 4º trimestre/2014. A queda é ainda maior quando comparado com o 1º trimestre/2014: -0,7%.
A causa desse desempenho negativo está na valorização do dólar, que retraiu exportações (-7,6%) e elevou importações(+5,6%); na queda do preço internacional do petróleo, que provocou menor rentabilidade da indústria petroleira; e no comportamento retraído dos consumidores que trouxe a elevação dos estoques de mercadorias das empresas.
O mercado financeiro esperava, por sua vez, uma queda ainda maior do PIB dos EUA: -0,9%, algo estranho quando se observa que a economia norteamericana cresceu 5,0% e 2,2% no 3º e 4º trimestres/2014, respectivamente.
O comportamento ciclotímico da economia dos EUA, ao tempo que cria insegurança nos investimentos empresariais, traz complicações para a gestão da política monetária para o FED, o banco central da principal economia do mundo.
A ortodoxia monetarista privilegia a gestão da taxa básica de juros como mecanismo por excelência não somente para o controle da oferta de moeda e da inflação, mas igualmente para o impulsionamento ou não dos investimentos privados, isto é, a capacidade da economia expandir-se ou retrair-se.
Essa é uma compreensão sobre a qual há muito controvérsia, mas de qualquer maneira, é a parametrização teórica da política econômica norteamericana, não somente da política monetária.
Os juros básicos da economia dos EUA estão ao nível zero desde dezembro/2008 e há um certo consenso entre os economistas integrantes do FED de que deverão subir a partir de algum momento do futuro próximo. Esse consenso estabeleceu-se em 2014, quando da elevação do PIB, mas o comportamento incerto do nível de emprego foi levando a postergações do início da subida dos juros.
Stanley Fisher, o apascentador
Nos próximos dias, serão divulgados os números atualizados da geração de emprego na economia dos EUA e uma certa tensão já se faz sentir sobre a decisão que será tomada na próxima reunião do FED, em 16 e 17.06.2015. Uma recuperação do nível de emprego poderá ensejar o início da elevação dos juros básicos.
É aguardado com ansiedade o pronunciamento de Janet Ellen, presidente do FED após a reunião do FED, a despeito de Stanley Fisher, seu vice, ter recentemente adiantado que a “normalização” dos juros deverá se dar gradualmente, ao longo de um período de até 4 anos, para alcançar algo em torno de 4%. O mercado financeiro espera que a elevação dos juros comece a acontecer possivelmente antes do final de 2015.
Essa ansiedade é compartilhada por todo o mercado financeiro mundial, porquanto a subida da taxa básica dos juros norte americanos poderá carrear, para a economia dos EUA, recursos atualmente aplicados em países em desenvolvimento e também pelas principais economias do planeta.
Geopolítica dos Juros Básicos Norte americanos
Se por um lado, deve-se considerar que o FED, também sob a presidência de Janet Ellen, continua apresentando um certo grau de compromisso com o desenvolvimento da economia mundial, podendo ser esperado que busque o menor efeito possível sobre as demais economias das outras nações, deve-se considerar, também, os elementos da política internacional e da geopolítica envolvidos na gestão dos juros básicos norte americanos: sua gestão revela um poder aglutinador das principais economias em torno do projeto econômico e político dos EUA.
A integração do mercado financeiro mundial tem o poder de aplacar as tensões do jogo geopolítico, algo de extrema importância neste exato momento em que a China lança alerta de guerra contra os militares norte americanos, por sua movimentação no Mar da China; e em que exercícios militares no Ártico envolvem, contra a Rússia, as forças navais e aéreas dos países do norte da Europa, Inglaterra, França e EUA.
Nesse contexto geopolítico, a elevação dos juros básicos norte americanos poderá contribuir para a permanência dos biliardários capitais chineses aplicados no mercado financeiro dos EUA. Da mesma forma os capitais japoneses, alemães e árabes, os quais têm garantido o giro da dívida pública dos EUA, o financiamento do estrondoso déficit fiscal e o giro de toda da principal economia do planeta.