Volume de estoques reduzindo, mas a que custo?
A Rossi divulgou um resultado fraco no 3T14. A receita líquida voltou a cair, tanto na comparação anual quanto na trimestral, bem como a margem bruta. Os distratos seguem aumentando, assim como a relação divida liquida sobre patrimônio líquido.
Como ponto positivo, observamos redução no nível de estoques e melhoria na velocidade de vendas (VSO) e nos repasses.
Endividamento e repasses.
No 2T14 a relação divida liquida/PL havia aumentado, interrompendo uma sequência de quedas. Isso ocorreu novamente no 3T14, levando o indicador para mais de 100%.
Já com relação aos repasses, observamos um bom volume (R$ 733 milhões – parte Rossi), o que impactou a geração de caixa, que chegou a 92 milhões, revertendo o resultado ruim no 2T14 (R$ -104 milhões) e acumulando R$ 156 milhões no ano.
Estoques em trajetória de queda.
Conforme apontado em nosso último relatório, a necessidade de redução nos níveis de estoques é imprescindível para que a empresa chegue ao esperado momento de turnaround.
Neste 3T14, a Rossi reduziu seu estoque em 6%, dando continuidade ao movimento de queda iniciado no começo deste ano. A VSO acumulada de 12 meses ficou em 45,8%, um aumento de 4,8 p.p na comparação A/A.
Distratos e impacto na receita.
O elevado volume de distratos (65% do total das vendas, ante 50% no 2T14) embute uma pesada penalidade à receita liquida da empresa, que sofreu redução de 25% T/T e, consequentemente, ao lucro líquido, que ficou negativo em R$ 265 milhões. Isso ocorre porque os distratos impactam diretamente a receita líquida, já que tanto os custos quanto as receitas são estornados dos resultados.
Acreditamos que o atual caminho de queima dos estoques com estímulo aos distratos e fortes descontos nas vendas, tem indicado que a pressão nas margens e na rentabilidade pode ser muito grande, trazendo grande volatilidade para os resultados.
Portanto, ainda que a companhia considere que a velocidade de revenda das unidades distratadas (74% em até 90 dias) colabore para que a atual estratégia de diminuição dos estoques resulte em aceleração do ciclo de recebimentos, entendemos que no curto prazo (e até que os estoques estejam normalizados e com margens adequadas à atividade de incorporação), os resultados continuarão instáveis e com viés negativo.
No anexo, o relatório do desempenho da ROSSI no 3º trim/2014,
elaborado por DANIEL COBUCCI e WESLEY BERNABE,
analistas de investimentos do BB INVESTIMENTO