PETROBRAS - Resultado no 1º Trimestre/2022
Operacional Robusto e Elevação nas Cotações de Petróleo trazem bons números e dividendos excepcionais
Daniel Cobucci, CNPI
do BB Investimentos
A Petrobras reportou em 05.05.2022 seus resultados do 1T22, com um crescimento de 23,5% no EBITDA (4% acima do consenso de mercado) e de 45% no lucro líquido (5% acima do consenso), resultando em uma distribuição de dividendos de R$ 3,72 por ação, equivalente a um dividend yield médio (ON e PN) de 11,2%, considerada a cotação de ontem.
O incremento de 27% t/t nas cotações do petróleo tipo Brent foi um dos principais motivadores para o resultado, apesar da queda de 6,3% na cotação do dólar e de uma queda na receita líquida de gasolina (-7,6% t/t), gás natural (-10% t/t) e GLP (-5% t/t), efeitos que podem ser associados à venda da refinaria RLAM e que foram compensados por uma maior receita total com exportação (+5,6%), com destaque para as exportações de petróleo (+35,8% t/t).
Esse modelo, de aumento da dependência das exportações de petróleo, é favorável aos acionistas em condições de elevação dos preços da commodity, mas, como comentamos detalhadamente em dezembro, concentra os riscos e ignora atuações/investimentos que poderiam ser estratégicos no longo prazo, como transição energética e outros segmentos que diversificariam as receitas.
Desempenho financeiro.
A valorização de 27% a/a do petróleo tipo Brent, em conjunto com o maior volume de vendas de petróleo no mercado interno (venda para Mataripe, antiga RLAM), colaboraram para um aumento de 5,6% t/t na receita líquida. Houve uma queda de 11% t/t no CPV, dados os menores gastos com importação de gás natural e derivados, ainda que tenha ocorrido um aumento nos custos de produção (+11% t/t), refletindo a maior produção e maiores gastos com participação governamental, que acompanha a cotação de petróleo.
Considerando que as despesas administrativas e com vendas vieram estáveis, vemos um EBITDA ajustado na ordem de R$ 77,7 bilhões (+23,5% t/t). O resultado financeiro foi beneficiado pela apreciação do real frente ao dólar, o que reverteu os R$ 13 bilhões negativos do 4T21 em R$ 3 bilhões positivos. A dívida líquida caiu de US$ 47,6 bilhões para US$ 40,1 bilhões, uma redução de 15,9% ante o trimestre anterior.
Desempenho por segmento.
O segmento de E&P apresentou EBITDA de R$ 73 bilhões, +19% t/t, dado o maior preço do Brent, ainda que tenha ocorrido um aumento de 6% no custo de extração (devido a efeito cambial e gastos com manutenção).
O segmento de refino foi beneficiado novamente por um efeito positivo no giro dos estoques, resultando em um lucro bruto de R$ 16,3 bilhões, +29% t/t, e um EBITDA de R$ 16,2 (+30% t/t), já que apesar dos menores volumes (venda da RLAM), houve forte incremento de margens, principalmente no diesel, acompanhando (parcialmente) a elevação nos preços internacionais.
No segmento de Gás e Energia, seguiu-se a dinâmica de importação com preços mais elevados do que os previstos em contrato com consumidores, consolidando um resultado operacional negativo em R$ 2,2 bilhões. Em suma, exceto pelo resultado em G&E, temos uma percepção positiva dos números apresentados no trimestre.
Conclusão.
O bom resultado operacional e financeiro, associado a um baixo patamar de alavancagem e a perspectiva de manutenção da excepcional distribuição de dividendos são elementos que reforçam nosso viés otimista para o papel.
Adicionalmente, vemos os preços de petróleo se mantendo elevados, dados os receios em relação à oferta global, principalmente com a recente confirmação de que a União Europeia deve colocar um embargo gradual aos produtos petrolíferos russos, o que favorece a companhia no curto prazo.[
Com o resultado recente, os múltiplos ficaram ainda mais descontados em comparação aos pares: o EV/EBITDA 2022E está em 2,3x, ante 3,9x dos pares de mercado, aumentando a percepção de desconto no papel, e sugerindo, em nossa visão, certa cautela por parte dos investidores devido à possível volatilidade relacionada às eleições presidenciais, algo comum para as ações estatais nesse período, especialmente no atual cenário de intensas discussões domésticas sobre a política de preços da companhia.
Mantemos nosso preço alvo para 2022E em R$ 38,50, com recomendação Compra.
CONFIRA no anexo a íntegra do relatório elaborado por
DANIEL COBUCCI, CNPI, analsita senor do BB Investimentos