Conexão Mercado – Fechamento em 02.10.2020
Roger Marçal, Gerente
Luiz Claudio Arraes Liberali
Rômulo Ramos Alves,
do BB DIMEF Cenários Financeiros
Mercado Externo
Mercados fecharam divididos, com investidores contrabalanceando as notícias sobre covid-19 e mercado de trabalho fraco e avaliando as expectativas quanto ao pacote fiscal nos EUA.
► No exterior, os investidores iniciaram o dia negativo em reação ao anúncio de que o presidente americano Donald Trump a primeira-dama Melania Trump testaram positivo para Covid-19 e com a percepção de parecer distante a possibilidade de aprovação pelo Senado americano do pacote de estímulos fiscal de USD 2,2 trilhões aprovado pela Câmara, como também com decepção de que o indicador de criação de empregos da economia americana ter vindo abaixo das expectativas.
► No entanto, no decorrer da sessão os investidores diminuíram o movimento de cautela com a divulgação de dados de encomendas à indústria dos EUA e com o da confiança do consumidor que sinalizaram uma melhora na economia americana.
► No mais, em nova declaração da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, de que estaria esperançosa com um acordo com a Casa Branca e que alguns pontos já estavam alinhavados contribuíram para levantar o humor dos mercados. Entretanto, mais p/ o fim da sessão os ativos desaceleraram, com foco na parte em que Pelosi disse que “ainda há divergências significativas” nas negociações.
► Quanto aos discursos dos membros do Fed, Neel Kashkari (Fed Minneapolis) e Robert Kaplan (Fed Dallas) ressaltaram os dados decepcionante do relatório do emprego (payroll) e enfatizaram a necessidade de mais estímulos fiscais para a economia americana, além do controle da covid-19.
► Bolsas: Em NY, os principais índices fecharam em queda, mas diminuíram o ímpeto com os indicadores de encomendas à indústria e confiança ao consumidor acima das expectativas. Na Europa, a maioria dos índices fechou em alta moderada.
► Juros: as yields dos treasuries oscilaram, mas fecharam em alta com alguns indicadores melhores que o esperado na economia americana.
► Câmbio: o dólar fechou em alta ante a maioria das moedas, com o DXY subindo face desvalorização do euro. Entre as emergentes, o hand sul africano e o peso mexicano foram as exceções, e registraram alta ante o dólar
Mercado Interno
Mercados apontaram cautela, refletindo ruídos políticos locais que elevaram as preocupações fiscais
► No Brasil, a cautela externa e o predomínio da continuidade das preocupações com o quadro fiscal local manteve os ativos em tom negativo no fechamento, após uma abertura oscilante.
► O aumento dos ruídos políticos, diante da ausência de consenso entre a equipe econômica e lideranças políticas em relação a fonte de financiamento para o programa Renda Cidadã continua trazendo temor para os investidores.
► E esse fato se acentuou no dia após possíveis comentários do ministro do Desenvolvimento Social, Rogério Marinho, que teria afirmado em evento privado que o novo programa social será criado “por bem ou por mal”.
► Além disso, segundo fontes, o ministro teria confirmado que há pressão política para a flexibilização do teto de gastos, embora a visão predominante, no momento, é de se tentar manter a principal âncora fiscal do país.
► Assim, essas declarações só elevaram o grau de incerteza dos investidores com a condução da política fiscal, que já permeia há algum tempo
► Dólar: segue para fechar em alta marginal, após volatilidade no dia, orbitando ao nível próximo de R$ 5,65. O real, mais uma vez, segue afetado pelos impasses fiscais locais, embora no dia, a divisa americana tenha assumido um viés predominante de alta no exterior.
► Juros: fecharam em alta firme, impulsionados por ruídos internos de cunho fiscal.
► Ibovespa: fechou em queda, acentuou o movimento ao longo da tarde quando ruídos políticos incomodaram os agentes de mercado. Retornou o patamar de 94 mil pts, com destaque negativo para ações de Petrobras, Vale e varejistas.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise a respeito, elaborado por
ROGER MARÇAL, Gerente, LUIZ CLAUDIO A. LIBERALI e RÔMULO R. ALVES,
do BB DIMEF Cenários Financeiros