BB Investimentos analisa 4T13 de BRF
Cenário ainda desafiador no mercado interno e externo
BRFS3
Preço em 27/02/2014 R$ 40,90
Preço para 12/2014 Em revisão
O volume de vendas da BRF retraiu 8,1% no 4T13 se comparado ao mesmo período de 2012, e gerou uma receita líquida de R$ 8,2 bilhões, um crescimento de apenas 0,8% A/A.
O último trimestre do ano caracteriza-se por ser o melhor período de vendas do setor devido às datas comemorativas. No entanto, as demandas de Natal não seguiram a tendência e a inflação em patamares mais elevados, em conjunto com índice de confiança do consumidor mais baixo, afetaram as vendas no mercado interno (-16,4% A/A).
Essa retração foi compensada pelo aumento de 19,6% dos preços médios. Na contramão do mercado doméstico, os preços médios mais comprimidos no exterior anularam os ganhos com a desvalorização do real.
As exportações do 4T13 proporcionaram uma receita em linha com a do mesmo período do ano anterior (R$ 3,4 bilhões). No acumulado do ano, o avanço de 7% na receita líquida (total de R$ 30,5 bilhões) foi resultado de preços médios mais elevados e da valorização do dólar.
Custos e despesas operacionais pressionam margens
O CPV cresceu 8,1%, em comparação com o 3T13, e foram impactados pelos custos de mão-de-obra, matérias primas (farelo de soja e captação do leite), e aumento de itens indexados ao câmbio (embalagens, vitaminas e fretes).
As despesas operacionais do último trimestre cresceram 8,9% quando comparada com as do 3T13, influenciadas principalmente pela contratação de consultoria e TI, gastos com marketing, bem como por despesas não recorrentes advindas da reestruturação organizacional.
A margem operacional cresceu 1,7 p.p. A/A, ritmo inferior aos 3,6 p.p. de crescimento observado no 3T13. Assim, o Ebitda teve queda de 2% em relação ao 3T13 e margem 0,2 p p. menor. No ano, o Ebitda alcançou R$ 3,1 bilhões, alta de 37,2% em relação a 2012 e margem de 10,3%.
Resultado Líquido
Impactado pelo aumento das despesas operacionais e financeiras, o lucro líquido recuou 60% A/A, chegando a R$ 208,4 milhões no 4T13, com margem líquida de 2,5% ante 6,4% do 4T12.
Contudo, mesmo diante de um cenário mais desfavorável e de reorganização corporativa, em função de sua performance nas exportações e do repasse de preços no mercado doméstico, no acumulado do ano de 2013, a empresa atingiu um lucro líquido de R$ 1,1 bilhões, alta de 38% em comparação com ano de 2012, e margem de 3,5%.
Níveis ainda menores de alavancagem
No 4T13 a BRF apresentou aumento de 8% no endividamento bruto comparado ao mesmo período de 2012. Não obstante, o incremento de 35% na geração de FCF no trimestre alcançou R$ 578,2 milhões, e contribuiu para um índice de dívida líquida/Ebitda ajustado de 1,87x, seguindo a trajetória de queda dos níveis de endividamento da companhia.
Considerações
O processo de reestruturação ainda deverá ser responsável por despesas operacionais não recorrentes que afetarão os números da BRF nos próximos trimestres, porém com efeito positivo no longo prazo.
Acreditamos que os resultados desse novo modelo serão percebidos ao longo do ano de 2014, principalmente no segundo semestre, entretanto, ainda sem grandes surpresas.
O mercado externo pode favorecer a rentabilidade da companhia tendo em vista que, dentro de sua estratégia de atuar como empresa global, os investimentos também estão sendo voltados para ampliar sua linha de processados, principalmente no Oriente Médio, potencial cliente de carne de frango brasileira.
Confira no anexo o relatório completo de análise dos resultados da BRF, assinado por Nataniel Cezimbra, gerente da equipe de analistas do BB Investimentos; e Luciana de Carvalho, analista do BB Investimentos