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Editorial

19 de Setembro de 2019 as 03:09:38



EDITORIAL - No Rio, Terrorismo de Estado, Afirmação de Poder e Dominação


 
Editorial
O Rio, Palco do Terrorismo de Estado, da Afirmação de Poder e Dominação
 
Na manhã da 4ª feira, 18.09, o País assistiu aturdido as imagens de helicóptero da Polícia Militar do Rio, sobrevoando a favela do "Complexo" do Alemão e desferindo tiros de fuzil sobre a comunidade aterrorizada de negros e pobres que ali busca sobreviver. A operação da PM começou no início da manhã e contou com o efetivo de atuação terrestre e o helicóptero de apoio aéreo. 
 
Um policial ferido e mortos quatro "suspeitos" foi o resultado. As aulas foram canceladas na comunidade, milhares de crianças e adultos afligidos e aterrorizados com tiros e mais tiros de armas pesadas, cujos projéteis facilmente perfurariam barracos e casebres. O massacre da população pobre e negra carioca. A violência pela violência ... improdutiva, porquanto os índices de criminalidade se mantenham constantes. O terrorismo de estado e a miséria moral dos tempos da direita mais ignorante, estúpida e abjeta de que se tem notícia no poder no Brasil, que apresenta a violência como estratégia de comunicação social e tática de combate à criminalidade,  inócua
 
Não há informações sobre o governador Witzel estar pessoalmente no helicóptero no momento, mas pela Teoria do Domínio do Fato, conforme  interpretada pelo ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, poderia ser preso em flagrante e ter contra si desencadeado um processo de impeachment. E no tribunal da ONU, em Haia, na Holanda, a condenação por crime contra a humanidade.
 
Em um paralelo, Bill Clinton, acossado pelo Congresso, sob ameaça de impeachment em razão do caso sexual com a estagiária da Casa Branca, em picos da pressão política a que era submetido, determinava o bombardeio de algum país árabe para evidenciar seu poderio e desviar a atenção do público e da imprensa. Ao ponto de, para lhe ser favorável a votação do Congresso sobre seu impechment, em dezembro de 1998, ter elevado espetacularmente o orçamento das forças armadas para conseguir o apoio dos parlamentares que atuavam em favor da industria bélica.
 
No caso do governo carioca, essa lição parece ter sido aprendida. O PSL acaba de deixar a base de Wilson Witzel em razão de declarações do governador sobre seu interesse em candidatar-se, em 2022, à presidência da República, antagonizando-se a essa mesma pretensão de Jair Bolsonaro. Em resposta, o deputado Eduardo Bolsonaro, o "nº 2",  lançou a convocação aos membros do PSL para  que deixem os cargos que ocupam no governo Witzel.   
 
Para manter seu apoio na Câmara e deter essa movimentação que enfraqueceria seu governo, Witzel precisava de uma demonstração de força que calasse no fundo do coração de seu eleitorado, que vê na violência contra o povo das favelas e na morte a solução para a criminalidade.
 
Assim, de olho nas eleições presidenciais de 2022, a extrema direita carioca já se divide, com três anos de antecipação,  e os sub-segmentos buscam correligionários, ... contando com que eleições aconteçam. O governador faz suas demonstrações de força para manter em torno de si grupo coeso e forte para a jornada eleitoral ao Planalto.
 
Essa pode ser uma das formas de ver os fatos. Talvez a mais facilmente compreensível. 
 
Todavia, há uma outra forma de avaliar o quadro. Um tanto mais ousada. Seria a de que pode estar havendo uma disputa pela liderança da representação política, no interior do Estado, das milícias e do crime organizado.
 
Em um breve parentesis, é de se lançar mesmo a pergunta sobre quais grupos de interesses o presidente Bolsonaro poderia estar representando ao buscar legalizar a venda, a posse e o registro e o uso de fuzis e armamentos exclusivos das Forças Armadas pela população civil, senão a milicia ? Ainda que não tenha tido sucesso ... 
 
O fato é que, em oito meses completos de poder, não somente o bolsonarismo desabou em termos de imagem pública, o que tende a se agravar a cada momento. Mas, também acentuou-se a vulnerabilidade judicial dos membros do Clã. Sinal disso é a busca do aparelhamento do Estado realizado por Bolsonaro envolvendo, no Rio de Janeiro, a Receita Federal, a Polícia Federal ... até o MPF-RJ, que não se esforçou sequer para colher depoimento de Queiroz -- indivíduo sobre o qual incide a suspeita de ser a conexão entre o Clã e a milícia carioca --  ... e,  em Brasília, o COAF, que detectou a movimentação suspeita de recursos no gabinete de Eduardo Bolsonaro, o "nº 2", e a compra inexplicável de dezenas de imóveis por Flávio Bolsonaro, o "nº 1". Isso, o que ficou mais claramente visível e foi apontado pela mídia. E para que esse aparelhamento ? A resposta evidente parece ser para proteger os membros do Clã. 
 
A fragilidade legal dessa possível representação política bolsonariana, caso isso seja realmente concreto, pode estar afligindo ou vir a afligir os negócios do empreendimento miliciano.
 
Diante disso, com essa demonstração de força nas favelas, nesta 4ª feira, Witzel se apresenta como lider político que poderá trazer alguma estabilidade ao empreendimento miiciano e o afastará da zona de incerteza. Esse também pode ser o conteúdo de sua candidatura à presidência.
 
Seja qual for a interpretação que se dê ao massacre carioca dessa 4ª feira, o presente momento é de reciclagem de papéis e de perfis. Novos e velhos personagens se rearticulam na formação de novos grupos de poder e na definição de novas lideranças. E a massa de negros e pobres, o palco dos experimentos políticos violentos e da configuração da linguagem do poder e da comunicação social da dominação.


Fonte: da Redação JF





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