Relatório Setorial do segmento de SIDERURGIA e MINERAÇÃO - Dezembro/2014
No último mês do ano, os papéis de siderurgia e mineração apresentaram desempenhos mistos, mas ainda assim mantiveram a tendência negativa observada nos meses anteriores. CSN, Usiminas e Vale encerraram o período acima do Ibovespa, enquanto Gerdau registrou uma desvalorização um pouco mais forte.
Em 2014, o destaque negativo ficou com as siderúrgicas CSN e Usiminas, cujas desvalorizações foram respectivamente de 60,1% e de 64,5%.
Segundo os dados do IABR*, as vendas de laminados em novembro recuaram 10,0% M/M e 11,9% A/A, levando a uma queda de 8,2% no acumulado do ano em relação ao mesmo período do ano passado.
As importações voltaram a cair pelo segundo mês consecutivo – ainda decorrente da forte desvalorização cambial – mas, no ano, as mesmas somam alta de 8,1% até novembro.
Em função das férias coletivas anunciadas por algumas montadoras para este final de ano, não está prevista recuperação de volume em dezembro, o que deve levar o setor a encerrar o ano com uma queda nas vendas totais em torno de 9% sobre 2013.
Já o INDA** registrou em novembro uma queda nas vendas de 9,8% M/M e de 14,6% A/A, somando assim um volume 4,5% menor no acumulado do ano em relação a 2013. Apesar de as compras também terem recuado no mesmo comparativo, o giro dos estoques acabou elevando-se para 3,1 meses de venda, superior à média histórica de 2,5 meses considerada “normal”.
Não obstante o cenário mais confiante nos EUA e a valorização do dólar, a Gerdau apresentou uma queda superior aos pares em dezembro, mas sem notícias relevantes que justificassem esse movimento. No dia 09, a companhia informou que a BNDESPar, subsidiária do BNDES, reduziu sua participação no capital da siderúrgica de 6,6% para 0,6%, de modo que esse mesmo montante passou a ser detido pelo BTG Pactual através de um contrato de opção de venda.
Acreditamos que o que mais movimentou o setor foi a divulgação de alguns dados macroeconômicos da China abaixo do esperado. No dia 12, por exemplo, o país informou que a produção industrial cresceu 7,2% em novembro A/A (versus 7,5% previsto pelo mercado).
Além disso, os dados da balança comercial também vieram abaixo do consenso, assim como o PMI preliminar de dezembro que ficou em 49,6 (abaixo de 50 indica contração econômica).
Nesse sentido, além da Vale continuar sendo pressionada pela queda na cotação do minério, a desaceleração do gigante asiático já evidenciou nos dados de novembro de exportação divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O montante em dólar exportado recuou 17,9% M/M e 20,9% no acumulado do ano em relação a 2013.
Perspectivas
Apesar de janeiro ser o mês em que as siderúrgicas negociam o reajuste com as montadoras – que servirá de base para o preço a ser praticado no ano inteiro – as expectativas não estão otimistas e as negociações difíceis. Se levarmos em consideração o dólar no patamar atual, o prêmio entre o aço nacional e importado está em torno de 5% (abaixo da média histórica entre 10% e 15%), o que justificaria um aumento superior a 10% já que essa valorização do dólar também ajuda a reduzir a entrada de produto importado no país.
Entretanto, o fraco crescimento esperado para o setor em 2015, e ainda sobre uma base de comparação baixa, torna qualquer otimismo de reajuste de preços e crescimento nas vendas muito longe de ser alcançado.
O segmento de mineração continua sendo pressionado pelos preços mais fracos de minério e, com isso, o foco desde já tem sido no aumento da produção com redução de custos, a fim de equilibrar as menores margens decorrentes da queda nos preços. Todavia, como toda empresa exportadora, a Vale deverá ser beneficiada pela desvalorização do real no top line do seu resultado do último trimestre do ano passado.
Confira no anexo a íntegra do relatório sobre o desempenho das ações em bolsa, referentes aos segmentos de Siderurgia e Mineração, em dezembro/2014, assinado por VICTOR PENNA, analista de investimentos do BB INVESTIMENTOS.