Lojas Americanas - Resultado no 1º trimestre de 2017
Marcado pelo descasamento da Páscoa e altas despesas financeiras
O resultado da Lojas Americanas veio misto no 1º trimestre/2017. Já eram esperados efeitos negativos oriundos do descasamento da celebração da Páscoa, que é o segundo principal evento do ano para a companhia, e no ano passado as vendas ficaram concentradas no 1º Trimestre/2017 enquanto neste ano foram postergadas para o 2T.
Assim, já projetávamos uma contração no top line da controladora, mas o recuo veio mais intenso que o esperado (-4,1% A/E). A margem EBITDA ajustada, por outro lado, foi uma surpresa positiva, ficando 0,8 p.p. acima das nossas estimativas na controladora, em 16,1%, refletindo despesas com VG&A abaixo do esperado (-7,2% A/E), em decorrência de um forte controle de custos.
Despesas Financeiras acima do esperado
O bottom line, no entanto, desapontou, refletindo despesas financeiras acima do esperado. As despesas financeiras líquidas vieram 8,5% acima das nossas projeções, levando a uma margem líquida negativa de 6,3% (-3,7 p.p. A/E).
Ainda assim, acreditamos que a companhia seja capaz de apresentar números melhores durante o 2º trimestre/2017, refletindo uma boa performance de vendas durante a Páscoa e uma melhor estrutura de capital (em maio a companhia emitiu R$ 1,5 bilhão em debêntures).
Deste modo, mantemos nossas projeções para Lojas Americanas inalteradas, com preço alvo de R$ 21,50 para o final do ano e recomendação de Outperform. LAME4 está sendo negociada a 12,4x EV/EBITDA e 63,0x P/L para 2017, de acordo com as nossas estimativas, contra uma média histórica (últimos 5 anos) de 12,0x e 56,7x, respectivamente.
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Os comentários abaixo referem-se à controladora.
Top line e margem bruta impactados pelo efeito calendário.
As vendas recuaram 12,0% a/a no 1º trimestre/2017, para R$ 2.441 milhões (-4,1% A/E), refletindo o descasamento da celebração da Páscoa em 2017 em comparação ao ano passado.
Ao mesmo tempo, a margem bruta aumentou 2,0 p.p. a/a no período, para 34,5% (-0,2 p.p. A/E), em decorrência de uma base comparativa mais fraca do 1º trimestre/2016, uma vez que as vendas da Páscoa são usualmente menos rentáveis.
Também destacamos que a maturação das iniciativas focadas em melhorias de reposição de produtos, redução de rupturas de estoque, ampliação de sortimento e aumento da penetração de itens de marca própria têm beneficiado a margem bruta da companhia nos últimos meses.
Bottom line pressionado por despesas financeiras.
Apesar da elevação da margem bruta, a margem EBITDA ajustada veio estável a/a em 16,1%, em decorrência da menor alavancagem operacional (uma vez que o top line recuou).
Ainda assim, vale ressaltar que as despesas com VG&A ficaram estáveis a/a, refletindo um forte controle de custos. O bottom line, por outro lado, foi pressionado pela deterioração das despesas financeiras líquidas (+31,1% a/a), apesar da recente queda da taxa Selic, devido ao maior nível de endividamento.
A dívida bruta aumentou 10,4% a/a, totalizando R$ 7,3 bilhões, equivalente a uma dívida líquida/EBITDA de 1,4x (em linha com o 1º trimestre/2016). Assim, a margem líquida reduziu 5,3 p.p. a/a no trimestre, para -6,3% (-3,7 p.p. A/E).
Fluxo de caixa também foi impactado pelo efeito calendário.
A queima de caixa nas atividades operacionais somou R$ 467 milhões no 1º trimestre/2017, representando uma piora de 10,3% a/a em comparação ao 1º trimestre/2016, refletindo o efeito calendário do descasamento das vendas da Páscoa.
Ao mesmo tempo que os estoques aumentaram devido à postergação das vendas, a conta de fornecedores também reduziu em decorrência da postergação das compras.
A geração de caixa livre, no entanto, veio positiva em R$ 2.036 milhões, devido principalmente ao aumento de capital de R$ 2.300 milhões concluído em maio, contra uma queima de caixa de R$ 198 milhões no 1º trimestre/2016.