Diário do Mercado na 4ª feira, 17.08.2016
Indicadores econômicos e Ata do Fed trazem elevam volatilidade nos mercados globais
No destaque de hoje, a Ata do Fed (relativa à reunião do dia 27 e divulgada às 15h) foi causa de oscilações no mercado. Se até então os agentes ainda embutiam em seus modelos o aumento da probabilidade de aperto monetário nos EUA, após a divulgação da fala considerada hawkish de dois presidentes do Fed, o consenso passou a denotar uma menor chance de tal movimento, pelo menos em um futuro tão imediato.
Ibovespa sobe
O Ibovespa operava em queda de aproximadamente 0,5% até a divulgação da Ata do Fed. Logo após, inverteu o sentido e encerrou em alta, aos 59.323 pts (+0,80%). O giro financeiro da Bovespa foi de R$ 6,69 bilhões.
No último dado disponível (dia 15), houve retirada líquida de capital externo de R$ 26 milhões da Bolsa, levando o saldo negativo do mês para R$ 793 milhões, mas ainda permanecendo o acumulado no ano em R$ 16,5 bi positivos.
Inflação
Na agenda econômica (pg.3 do anexo), domesticamente, o IGP-10 de agosto mostrou deflação de 0,27%, em linha com o estimado pelo mercado, na média em -0,25%, e mostrando forte desaceleração ante o mês de julho, quando foi medido em 1,06%, influenciado significativamente pelos seus componentes atacado e construção civil, enquanto os preços ao consumidor, na mão oposta, avançaram modestamente. Com o arrefecimento, o Índice agora acumula alta de 6,16% no ano e 11,50% em doze meses.
Ainda no front inflacionário, o IPC-S, que mede semanalmente a inflação ao consumidor na cidade de São Paulo, ficou próximo à estabilidade, com avanço de apenas 0,05% na segunda quadrissemana de agosto, apresentando desaceleração ante a primeira quadrissemana, na qual o avanço foi da ordem de 0,24%.
Fed: EUA em Pleno Emprego
Externamente, o principal evento do dia ficou por conta da Ata do Fed. A interpretação ainda dovish do documento, sinaliza que, ainda que a economia americana esteja crescendo moderadamente e caminhando para uma situação próxima à do pleno emprego, o contexto mundial ainda inspira cautela para um eventual aperto monetário no curto prazo.
Após a leitura do comunicado, imediatamente a probabilidade implícita de aumento das Fed Rates, que até então ultrapassava 50% já na reunião de dezembro deslocou-se para uma maior probabilidade de aumento apenas na reunião de março de 2017.
Câmbio e Juros Futuros
No mercado de câmbio (interbancário), a divulgação da Ata do Fed foi capaz de trazer a divisa para negócios abaixo do patamar de R$ 3,20 – e em território negativo – porém, pouco tempo depois, a divisa recuperou o terreno perdido, e tornou a valorizar-se perante o Real, fechando praticamente estável, a R$ 3,2051 (-0,02%).
No mercado de juros, os contratos de DI futuro fecharam praticamente nos mesmos níveis do dia anterior, apesar de terem iniciado o dia com ligeira alta. Após a divulgação da ata do Fed, os contratos devolveram os prêmios, retornando à configuração dos últimos dias, em raro perfil de estabilidade da curva.
Apesar de o CDS Brasil se manter em campo baixista (aos 256 pontos), os agentes sinalizam cautela na montagem de novas posições no mercado de DI, especialmente em vista de expectativas com a política fiscal.
Mercados Externos
Na Ásia, as bolsas tiveram desempenho misto, com a China avaliando com pequeno entusiasmo a confirmação de que os mercados de Shenzhen e Hong Kong serão unificados e no Japão o dia foi de alta favorecida pela fraqueza moderada do iene ante o dólar.
Na Europa, cujos mercados não digeriram o impacto da Ata do Fed pois já se encontravam fechados, o dia foi majoritariamente de queda, justamente com maior cautela antecipatória ao teor do documento.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 4ª feira, 17.08.2016, elaborado por RAFAEL FREDA REIS, CNPI, JOSÉ ROBERTO DOS ANJOS, CNPI-P, e RENATO ODO, CNPI-P, analistas de investimento do BB Investiimento.