Diário do Mercado - 4ª feira, 20.04.2016
Siderurgia e mineração impediram uma baixa mais expressiva.
O principal índice da Bolsa brasileira finalizou o dia em queda, com os destaques negativos ficando por conta das ações do setor de construção civil, como MRV, Cyrela e Multiplan, além de Oi e Petrobrás.
A queda foi parcialmente compensada com a performance positiva das ações dos setores de siderurgia e de mineração, como Vale, Usiminas e Bradespar, sensíveis aos preços do minério de ferro, que segue em pujante rali de alta no mercado externo.
Ao término do pregão, o Ibovespa encerrou cotado a 53.630 pontos, em ligeiro recuo de 0,15%
Na agenda doméstica do dia, dois indicadores de peso divulgados pelo IBGE ditaram o tom pessimista do mercado: o IPCA-15, que é a medida de inflação mensal registrada entre os dias 15 do mês de referência e 16 do mês anterior, considerada uma prévia do IPCA do mês, que é por sua vez a medida oficial de inflação do governo brasileiro, e a Taxa de Desemprego.
O IPCA-15 de abril apresentou número ligeiramente acima do consenso do mercado, em +0,51%, contra 0,47% na mediana das estimativas, especialmente pressionado pela alta dos preços dos alimentos.
Embora este número pudesse adicionar um ingrediente de incerteza quanto ao momento e intensidade da redução da taxa Selic, esta segue sendo amplamente esperada pelos agentes de mercado para o segundo semestre deste ano, tendo em vista o trajetória declinante da inflação observada.
A taxa de desemprego rompeu a barreira dos dois dígitos, e ficou em 10,2%, em linha com as estimativas, que previam 10,1%, mantendo sua recente trajetória ascendente.
Câmbio e Juros Futuros
Quanto ao Câmbio, na sessão de hoje, que sucedeu a única sem intervenção do Bacen desde o dia 06 deste mês, uma nova investida com o leilão de 20.000 contratos de swap reverso por parte da autoridade monetária tornou a impulsionar a valorização do Dólar contra o Real, embora o movimento tenha perdido força ao longo do dia.
A divisa findou o pregão cotada a R$ 3,5307, estável em -0,10%. O CDS de 5 anos, medida de Risco-Brasil, baixou pelo terceiro dia consecutivo, e finaliza cotado a 336 pontos. A estrutura a termo da curva de juros recuou em praticamente todos os seus vencimentos.
No âmbito externo, na Ásia, mercados em baixa refletindo dúvidas quanto à desaceleração e novos estímulos à economia chinesa. O Xangai Composto China desvalorizou-se 2,3% nesta quarta-feira, levando consigo mercado menos relevantes como Taiwan e Coréia.
A exceção foi o Japão, onde o Índice Nikkei apresentou alta de 0,19%. Na Europa os mercados observaram seu terceiro dia consecutivo de alta, na esteira da recuperação dos preços do petróleo ao longo do dia. Em Londres o FTSE registra ganhos de 0,08%, em Frankfurt o DAX sobe 0,59% e em Paris o CAC avançou 0,56%.
O contrato futuro para junho do Brent na ICE em Londres, após iniciar a sessão em alta recuperou-se e finalizou cotado a US$ 45,55 por barril, uma alta de 3,45%, no aguardo da divulgação dos estoques nos EUA, e ainda digerindo as incertezas geradas pela mal sucedida reunião dos produtores no final de semana passado.
A Argentina retornou ao mercado de dívida soberana com uma bem sucedida emissão de US$ 16,5 bilhões, a primeira em 15 anos. A demanda superou largamente a oferta, mostrando que o apetite dos investidores por mercados emergentes tem espaço em um momento de juros baixos a nível global, e reflete também uma maior confiança acerca da mudança política vivida pelo país recentemente.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 4ª feira, 20.04.2016, elaborado por RAFAEL FREDA REIS, CNPI, analista de investimento do BB INVESTIMENTOS.