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Política

16 de Novembro de 2020 as 10:11:11



EDITORIAL - Venda do polo petroleiro de Marlin escancara Estratégia de Auto-Destruição da Petrobras


EDITORIAL

Venda do polo petroleiro de Marlin escancara política de fatiamento e arremate da Empresa na "bacia das almas" 

Por meio de Comunicado de Fato Relevante à CVM Comissão de Valores Mobiliários  divulgado no site da Petrobras e, "passando a boiada" no momento que o País se ocupa das eleições municipais, a direção Petrobras informa nesta 2ª feira, 16.11.2020, que iniciou processo para venda de 50% de sua participação nas concessões conhecidas como Polo Marlim.

Situado em águas profundas da Bacia de Campos, neste polo encontram-se os campos gigantes de petróleo e gás de  Marlim, Voador, Marlim Leste e Marlim Sul. No comunicado, a Empresa esclarece que detém 100% dos ativos desse Polo e que se manterá como operadora desses campos de produção de petróleo e gás.

Super Produção

Os campos de Marlim e Voador apresentam excelente produção e rentabilidade, risco nulo e investimentos já realizados em plataformas e equipamentos. Neste ano de 2020, esses campos já produziram em média cerca de 68,9 mil barris de óleo por dia, entre os meses de janeiro e outubro, além de 934 mil m³/dia de gás, detalhou a estatal o padrão "arábia saudita".

Com nada a dever, Marlim Leste produziu 38,5 mil barris de óleo/dia e 615 mil m³/dia de gás no mesmo período, em média, enquanto Marlim Sul teve a super  produção média de 109,6 mil barris de óleo/dia e cerca de 2 milhões de m³/dia de gás de janeiro a outubro.

Refinarias à venda e outros negócios

A lastimável operação de venda desses poços maravilhosos vem a público no momento em que a Petrobras conduz amplo e controvertido programa de desinvestimentos.

A Empresa conduz desavergonhadamente processo de venda imediata de duas de suas mais importantes refinarias de sua propriedade, sob a alegação de que suas vantagens competitivas se inserem em pesquisa e extração de petróleo. Tratam-se ds refinarias Refinaria Landulpho Alves RIAM e da Refinaria do Paraná REPAR, cuja venda esteve programada para 2020, responsáveis pelo refino de 1,1 milhão de barris de petróleo, de modo a atender 50% da demanda brasileira por combustíveis. Contudo, o governo Bolsonaro pretende privatizar oito refinarias até o fim de 2021.

A retória de apoio a essa dilapilação patrimonial é a tese da otimização de resultados por meio da especialização e o aproveitamento de vantagens competitivas na exploração e refino de petróleo, o corebusiness defendido pela atual alta gerência da Petrobras.

O desmandelamento da Petrobras vem em uma sequência destrutiva, em respeito à ótica liberal imediatista na busca de maior lucratividade aos acionistas. Em 2019, a Petrobras vendeu 30% das ações da BR Distribuidora. Como a participação da estatal ficou então menor que 50%, a operação significou a privatização da antiga subsidiária de venda de combustíveis.  Em 26.08.2020, a  diretoria provou a proposta de venda da integralidade de sua participação remanescente de 37,5% no capital social da Petrobras Distribuidora S.A. (BR Distribuidora), por meio de uma oferta pública secundária de ações.

Em 27.02.2020, a Petrobras decidiu colocar à venda a totalidade de sua participação na holding Petrobras Gás S.A. (GASPETRO), que possui participação societária em diversas companhias distribuidoras de gás natural em todas as regiões do Brasil e dispõe de uma rede de mais de 10 mil quilômetros de gasodutos. Em 2019, o volume total de gás distribuído foi de 29 milhões de metros cúbicos por dia, atendendo cerca de 500 mil clientes.

Em 06.08.2020, a direção da Petrobras comunicou a conclusão do arrendamento das fábricas de fertilizantes da Bahia (FAFEN-BA) e de Sergipe (FAFEN-SE), com promessa de subarrendamento dos terminais marítimos de amônia e ureia no Porto de Aratu, na Bahia.

Segundo a diretora de Refino e Gás Natural, Anelise Lara, essas operações estariam 

"alinhadas à nossa estratégia de gestão de portfólio de capital, que focará nossos investimentos na produção de petróleo e gás em águas profundas e ultraprofundas, principalmente no pré-sal, onde temos melhor retorno do capital investido".

Estratégia Organizacional

A discrepância entre esse posicionamento estratégico e o processo ora anunciado de venda de seus poços de petróleo e gás mais produtivos, sem risco, com investimentos já realizados, evidencia a inconsistência e esboroa a estratégia propalada pela direção da Empresa, captaneada pelo economista Roberto Castelo Branco, presidente da Petrobras.

A título de uma retórica de interesse nacional destinada a angariar apoio da mídia a população, a direção da Empresa argumenta que novos investimentos serão trazidos ao País a partir da venda daquelas refinarias, algo de todo improvável, uma vez que a capacidade mundial instalada de refino supera a demanda de derivados de petróleo, notadamente neste período recessivo e pandêmico.

Considerada a capacidade de refino nacional inferior à capacidade de produção de petróleo, o mercado brasileiro traz excelente atratividade à importação de gasolina e diesel refinados no exterior, derivados do excesso de produção externa pelas grandes companhias de petróleo, públicas ou privadas.

Assim, a venda de poços gigantes  brasileiros de petróleo, altamente produtivos e rentáveis, alimenta as críticas à direção da Petrobras no sentido dela estar a mobilizar-se para fatiar, desarticular e enfraquecer a Empresa para vendê-la “na bacia das almas”, desatenta ao interesse nacional.



Fonte: DA REDAÇÃO JF, com informações da Petrobras e Reuters





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