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Internacional

24 de Janeiro de 2013 as 05:01:14



UNIÃO EUROPEIA - Para ressurgimento da City em Londres, Cameron defende interesse dos grandes bancos



Primeiro ministro inglês quer pegar a bola e levar pr´a casa, dizendo “ninguém brinca mais ...”, mas nem ele nem seu país estão com toda essa bola.
 
Uma grande cerimônia em Berlin, na última 3ª feira, 22.01, marcou os cinquenta anos do Tratado do Eliseu, celebrado entre França e Alemanha para selar a aliança desses dois antigos inimigos, que se enfrentaram em grandes guerras mundiais.
 
O foco da celebração da aproximação histórica entre as duas nações são os resultados dela obtidos, o mercado único europeu, a União Europeia e o Euro, realizações reconhecidamente impensáveis sem a aliança franco-alemã.
 
Angela Merkel, primeira-ministra alemã e anfitriã, e François Hollande, presidente francês, destacaram nos festejos os valores comuns entre as duas nações e a determinação de serem superadas as diferenças a respeito da gestão da união monetária europeia. E, numa perspectiva imediatista, destacaram o propósito de construção de propostas conjuntas de aprofundamento da integração econômica e fiscal europeia, a serem apresentadas antes da realização da cúpula de líderes da UE, programada para julho próximo. 
 
Como revela o Spiegel, ainda que editoriais de jornais europeus estejam apontando que as declarações mútuas de amizade mascaram fendas profundas em áreas fundamentais, como a crise do euro, política externa e segurança europeia, tem sido também reconhecido que tais diferenças sempre existiram e que a integração europeia fez mais progressos quando ambos os países trataram-nas abertamente e buscaram um compromisso conjunto.
 
Impossível deixar de observar que essa movimentação franco-alemã ocorre simultaneamente à declaração do primeiro ministro inglês, David Cameron, nesta 4ª feira, 23.01.
 
Cameron declarou que se reeleito daqui a dois anos, irá realizar um plebiscito no Reino Unido, para confirmar sua permanência ou não na União Europeia. Exceto se a UE passar por reformas, o governo britânico recuperar poderes e poder deixar de obedecer decisões tomadas em Bruxelas. 
 
Angela Merkel, por sua vez, afirmou estar preparada para discutir exigências de Cameron. Ressaltou contudo que os demais países podem ter vontades diferentes. Laurent Fabius, ministro das Relações Exteriores da França, afirmou que a Grã Bretanha não pode ter uma Europa à la carte, só com as regras que mais agradam ao país.
 
O fortalecimento do poder fiscal e monetário da UE, intensificado em 2012, implica em perda de parcela importante da soberania nacional de cada país integrante da comunidade.
 
Contudo, o mais importante é que a UE aprovou recentemente o controle dos grandes bancos pelo BCE Banco Central Europeu, a averiguação de suas contas e o acompanhamento de seus indicadores de  liquidez e solvabilidade, além de outros tópicos.
 
Londres novamente como Centro Financeiro Mundial
 
É estratégia declarada do Reino Unido ressuscitar a City londrina como grande centro financeiro internacional, acolher todas as grandes instituições internacionais, intensificar a movimentação financeira, servir como centro financeiro da União Europeia e também do grande mercado criado pela economia verde que ora desponta pelo mundo.
 
Autoridades inglesas podem estar considerando – e com toda a razão – que os controles que vierem a ser estabelecidos pelo BCE poderão afetar negativamente o livre trânsito de capitais e o desenvolvimento dos modernos produtos e serviços financeiros, que garantiriam confiabilidade e atratividade da City no mercado financeiro mundial.
 
A preocupação do BCE e das autoridades monetárias de grande parte dos países comunitários é a proliferação de ativos tóxicos, aqueles modernos produtos financeiros que fizeram a festa da banca até 2007 e levaram à ruína pessoas, organizações e países por todo o mundo. 
 
A nova direção do BCE quer ter controle sobre esse tipo de ativos e somente o terá se "entrar" na contabilidade dos grandes bancos. E essa é uma questão dolorosa, pois os bancos centrais dos países têm travado séria batalha contra os homens do mercado financeiro, refratários a essa modalidade de controle. Assim, o BCE quer trazer para si esse controle que sob sua tutela poderia, inclusive, ser melhor desenvolvido no rastreamento de recursos movimentados entre países, em eventuais operações irregulares acobertadas.
 
“Se os britânicos quiserem sair do bloco, nós vamos estender o tapete vermelho pra eles”, 
Laurent Fabius, Ministro das Relações Exteriores da França 
 
Nesse sentido, ainda que possa parecer um blefe a promessa do primeiro ministro inglês, de realizar um plebiscito que poderá levar o Reino Unido a deixar a UE, ele certamente está representando os interesses dos grandes bancos e, também, contribuindo para consolidar a estratégia do RU de renascimento da City em Londres.
 
Impensável para um político inglês ou de qualquer outro país declarar a defesa de interesses dos grandes bancos. Mas, com essa atitude David Cameron garante, no mínimo, maior poder de negociação com os demais membros da comunidade do Euro, em julho próximo, quando haverá deliberações sobre o aprofundamento do controle fiscal dos países comunitários.
 
Como a Inglaterra é parceira dos EUA em sua abordagem do mercado europeu, a manifestação desfavorável da Casa Branca à realização do plebiscito do RU pode ser compreendida a partir das seguintes chaves:
 
(1) aos americanos interessa a Inglaterra inserida da União Europeia; e 
 
(2) não interessa aos americanos o ressurgimento da City em Londres, Nova Iorque e Chicago prestam-se bem ao papel de centros financeiros mundiais.
 
A festividade franco-alemã é recado ao Reino Unido e EUA de que Alemanha e França continuarão a ditar os rumos da UE e as políticas monetária e fiscal dos países comunitários, através do BCE Banco Central Europeu.
 
Nessa estratégia, pouco espaço e horizonte para ressurgimento da City, desinteressante à França e à Alemanha..


Fonte: Wilson R Correa, com dados do Spiegel online





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