PAPEL E CELULOSE - Resultado no 3º trimestre/2019
Preços de celulose continuam a cair; neutro para negativo
Nas próximas semanas, as empresas trarão seus resultados do 3T19, os quais, em nossa opinião, devem vir neutros para negativos, uma vez mais, refletindo o cenário ainda desafiador, especialmente para celulose. Assim como vimos observando, os preços mantiveram a tendência de queda, caindo na Europa e na China, embora em menor proporção que o observado no 1S19.
Apesar de estável em termos de volumes vendidos quando comparado ao trimestre anterior, os menores preços de celulose devem limitar as receitas. Adicionalmente, a estratégia das companhias de preservar suas florestas no curto-prazo, levando a produção com maior custo, devem resultar em maiores pressões nos números companhias.
Celulose.
A visão cautelosa sobre o segmento se mantém com os preços de celulose ainda caindo na China e na Europa, embora em menor velocidade. Perspectivas na Europa continuam fracas, refletida na demanda e levando produtores a buscar por outros mercados não o Europeu, inundando a China como perfeita opção.
Na China, os estoques caíram levemente no 3T19, limitando a queda nos preços da celulose; entretanto, ultimamente vimos os mesmos subirem novamente, justificando a retomada de movimento descendente para preços de celulose.
Os embarques do Brasil comprimiram 21% comparados ao trimestre anterior (-6,6% a/a), de acordo com a SECEX, após avançar no 2T19 contra o 1T19, provável reflexo dos menores embarques da Suzano, dada sua estratégia de diminuir seus estoques nos portos chineses.
Para o longo-prazo, mantemos nossa visão otimista baseados (i) na demanda crescente para tissue, (ii) as restrições quanto ao uso de plástico, (iii) na política de restrições ambientais na China.
Papel.
Mantendo a tendência recente, observamos correção de preços para kraftliner após o aumento da disponibilidade da oferta no exterior, devido ao menor consumo na América do Norte. De acordo com a ABPO, as vendas de caixas de papelão avançaram 0,4% em 2019 (até agosto, último dado disponível), quando comparado ao mesmo período do último ano.
Lembramos que, dado o menor ritmo de vendas, a ABPO revisou para baixo suas expectativas de crescimento para este ano dos 3% no início do ano para 1,7%. Já para IE, os 3T e 4T são geralmente mais fortes devido à demanda interna pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Além disso, devemos ver exportações mais fortes para cartão e IE em uma tentativa de compensar a menor demanda no mercado local.
Outlook.
No curto-prazo, o lado da demanda não deve ver melhoras evidentes e os preços de celulose devem se manter estáveis com leve queda, embora os impactos devam ser menores, amparados pela redução de oferta e menores pressões advindas das negociações US-China. As perspectivas também dependerão dos avanços do comércio global e da ameaça de desaceleração econômica mundial.
Além disso, os estoques nos portos chineses continuam em níveis elevados, subindo novamente no mês passado, chegando a 1,9Mt, após ter caído por dois meses consecutivos.
Na China, dados do governo mostram o PIB do trimestre subindo 6,2%, menor nível desde 1992, o que poderia afetar a demanda do maior consumidor de celulose mundial, tornando as coisas ainda mais difíceis. A greve na planta da Arauco em Horcones (onde o projeto MAPA deverá ser construído) poderá beneficiar os produtores brasileiros e, em certo modo, o mercado de celulose, caso a produção seja afetada por mais tempo que o esperado
KLABIN (KLBN11) - Neutro
Data de divulgação: 28 de outubro. Pré mercado.
Destaques 3T19.
Neste trimestre, devemos ver os efeitos do PIS/Cofins nos resultados da companhia, então, impulsionando o EBITDA para ~R$ 1.566 mm. Não obstante, excluindo este efeito, o EBITDA deve vir estável t/t, em R$ 955 mm, de acordo com nossas estimativas.
Devemos ver a receitas impactadas por volumes vendidos estáveis no período, embora com menores preços que o observado no trimestre anterior. Já para custos, devemos ver os mesmos impactados pela parada para manutenção na planta Puma, que ocorreu em agosto e levou 15 dias, contudo, parcialmente compensados por uma maior contribuição de venda de energia. No segmento de papel, como mencionado, os preços de kraftliner caíram consideravelmente desde o início do ano e parecem ter chegado ao vale nos últimos dois meses.
Assim, corroborando a sua estratégia flexível, a empresa reverteu para o negócio de embalagens, parcialmente compensando o pior cenário para kraftliner, mantendo a performance desta unidade estável no trimestre. Em relação a caixas de papelão, a performance deve ficar levemente menor que o mercado.
SUZANO (SUZB3) - Negativo
Data de Divulgação: 31 de outubro. Após-mercado.
Destaques 3T19.
Seguindo a estratégia anunciada nos resultados do último trimestre no que tange menor produção a fim de reduzir os estoques no exterior, os embarques da Suzano partindo do Brasil devem ser reduzidos. Mesmo assim, entendemos que a empresa deve vender seus volumes alocados nos portos chineses e, assim, devemos ver volumes vendidos crescendo no trimestre.
Mesmo assim, dada a esperada redução nos preços realizados de celulose, as receitas devem vir menores com os preços mais que compensando o aumento nos volumes. Ainda, devemos ver volumes de papel avançando, já que o segundo semestre do ano é sazonalmente mais forte.
Com relação a custos, vemos os mesmos ainda em níveis elevados comparado ao que a empresa é capaz de entregar, dada a estratégia da Suzano em preservar seus ativos florestais a fim de criar valor aos seus acionistas no longoprazo. Isto posto, vemos o EBITDA somando R$ 2.562 mm, 17% menor t/t e 52% menos que os números
do 3T18.
Confira no anexo a íntegra do relatório preparado por GABRIELA E. CORTEZ, CNPI, integrante do BB Investimentos