Senado recebe Moro em audiência e articula "CPI do Moro"
MoroGate pode ser considerado o maior escândalo da história do Brasil, somente comparável ao atentado no RioCentro, em 30.04.1981, em que grupo militar de extrema direta buscou reverter o processo de abertura do regime ditatorial, atribuindo sua autoria a esquerda
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, compareceu em audiência no Senado, desde as 9h20 da manhã desta 4ª feira e até pouco antes das 18h, com o objetivo de dar seus esclarecimentos sobre o conteúdo do material jornalístico que tem sido publicado pelo site The Intercept Brasil desde a semana passada.
Logo após o vazamento das conversas entre Dallagnol e Moro, o juiz fora alertado pelo senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) que senadores preparavam requerimentos para convocação de Moro pela CCJ do Senado e por uma CPI tocada pelo senador Ângelo Coronel (PSD-BA).
Para evitar a CPI, Moro adiantou-se, por meio de ofício enviado a Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, colocou-se à disposição e, nesta 4ª feira, 19.06, compareceu à CCJ do Senado.
Os senadores de oposição esperavam de Moro explicações sobre as ilegalidades cometidas por ele e pela força tarefa da operação Lava Jato, denunciadas pelo Intercept Brasil.
Sérgio Moro, contudo, não reconheceu a autenticidade daqueles conteúdos e classificou como normais eventuais conversas entre policiais, juizes, promotores e personagens envolvidas em processos judiciais. Classificou como "sensacionalista" a atuação do Intercept Brasil.
O Maior Escândalo da História Brasileira
Moro teve mensagens vazadas pelo Intercept, ainda quando juiz de 1ª Instância na 13ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba, que mostram que ele instruiu o Ministério Público Federal em processos contra Lula, com dicas de investigação fora dos autos, indicação de testemunhas de acusação, além de estratégias de comunicação e interferências em fases ostensivas da Lava Jato.
Além disso, na última leva divulgada pelo Intercept, Moro aparece enquadrando os procuradores da Lava Jato por terem apresentado denúncia considerada por ele “frágil” contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo Moro, a acusação era “questionável” porque “melindra” alguém cujo apoio é “importante”. Deltan Dallagnol, por sua vez, afirmou que as suspeitas contra o tucano só foram levantadas para passar a ideia de que a operação é “imparcial” e não perseguia apenas PT e aliados.
Moro não reconheceu as ilegalidades que cometeu manipulando os processos da Operação Lava Jato, no que já foi cunhado pelo sociólogo Jessé Sousa como o maior escândalo da história brasileira.
Por essa razão, o Senado pautou o início de discussões, para a próxima semana, sobre projeto de lei que pretende estabelecer punição ao abuso de autoridade praticado por magistrados e membros do Ministério Público.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, o presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP) tem se reunido com a ala “antimoro” do STF Supremo Tribunal Federal. Articula-se assim a "CPI do Moro".