O governo argentino liberalizou nesta 6ª feira, 24.01, algumas medidas de controle de câmbio, impostas nos últimos dois anos, para frear a fuga de pesos.
A partir de 2 ª feira próxima, 27.01, os argentinos poderão comprar dólares (e outras moedas estrangeiras) pelo câmbio oficial, operação que tinha sido proibida em julho de 2012.
O chefe de gabinete da Presidência, Jorge Capitanich, também anunciou a redução do imposto cobrado para compras feitas com cartão de crédito no exterior, de 35% para 20%.
O anúncio foi feito dois dias após a maior desvalorização do peso em doze anos. A cotação do dólar oficial saltou de 6,8 pesos na 3ª feira, 21.01, para 8 pesos na quinta-feira (23). No mercado paralelo, que cresceu nos dois anos de política de controle cambial, a cotação do 'dólar blue' (como é chamada a moeda comercializada no paralelo) passou de 11,8 pesos para 13 pesos.
As medidas fazem parte da política cambial de “flutuação administrada”, explicou o chefe de gabinete da Presidência argentina, em entrevista coletiva.
“O governo considera que o preço do dólar alcançou o nível de convergência aceitável para os objetivos da política econômica”,
disse ele.
Segundo o economista Fausto Spotorno, a intenção do governo e reduzir a brecha entre o dólar oficial e o paralelo, cuja cotação vem aumentando desde a implementação de rígidos controles ao câmbio.
A primeira medida foi anunciada em outubro de 2011: quem quisesse comprar dólares na Argentina tinha de pedir autorização à Administração Federal de Ingressos Públicos (Afip), órgão equivalente à Receita Federal brasileira, e demonstrar que tinha pesos suficientes para realizar a troca.
“Os argentinos compram dólares há mais de três décadas porque acham que é a forma mais segura de poupar e preservar o poder de compra de seu dinheiro”,
explicou à Agência Brasil o economista Marcelo Elisondo.
“Não confiam nos bancos, porque o dinheiro deles já foi confiscado mais de uma vez e agora estão preocupados com a inflação”.
Em maio do ano passado, o ministro da Economia, Axel Kicillof, estimou que os argentinos tinham US$ 40 bilhões guardados fora do sistema financeiro local: em cofres bancários ou em casa.
Em 2012, o governo limitou ainda mais as operações de câmbio: só podia comprar dólares quem viajasse ao exterior. Os argentinos passaram, então, a fazer viagens relâmpago aos vizinhos Paraguai e Uruguai, para comprar dólares no mercado oficial argentino ou sacar dólares nos caixas eletrônicos dos dois países para revendê-los no mercado negro.
Em seguida, o governo argentino apertou o cinto impedindo o uso dos cartões de débito argentinos no exterior e cobrando taxa de 35% sobre cada operação com cartão de crédito no exterior.
As medidas anunciadas nesta 6ª feira reduzem o imposto a 20% e autorizam a compra de dólares mesmo para quem não for viajar ao exterior. Os argentinos, no entanto, ainda precisam pedir autorização à Afip se quiserem fazer uma operação de câmbio.