Vice-presidente dos EUA telefonou para Dilma para dar explicações sobre espionagem.
O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, ligou para a presidenta Dilma Rousseff, na noite desta 6ª feira, 19.07, para dar explicações gerais sobre as denúncias de violação da privacidade de brasileiros e instituições do país, pelos serviços ilegais de espionagem.
Segundo a ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, a ligação durou 25 minutos e Biden lamentou a repercussão negativa que a notícia teve no país e reiterou a proposta, feita anteriormente pelo embaixador norte-americano no Brasil, Thomas Shannon, para que uma delegação do governo brasileiro vá a Washington para receber explicações mais detalhadas - técnicas e políticas.
Brasil espera que EUA mude suas práticas e políticas de segurança
Segundo a ministra, a presidenta Dilma disse a Biden que, além das explicações, espera que o governo norte-americano mude suas práticas e políticas de segurança para que não haja, no futuro, risco de violação da privacidade de brasileiros e de instituições brasileiras.
A presidenta teria afirmado que, em nome da segurança, "não se pode infringir a privacidade dos cidadãos brasileiros e até a soberania do país”.
A comitiva – com representantes dos ministérios das Relações Exteriores, da Defesa e da Justiça, que apuram as denúncias de espionagem no Brasil – irá aos EUA dentro dos próximos 20 dias.
A presidenta Dilma também confirmou sua visita de Estado ao país no dia 23 de outubro e disse a Biden esperar que, até lá, o episódio já tenha sido superado.
A viagem, a primeira de Estado da presidenta aos EUA, é considerada um marco por se diferenciar das demais, principalmente porque é reservada aos parceiros estratégicos dos norte-americanos.
OPINIÃO
Biden é o mesmo que semanas atrás afirmou que o Brasil é quintal dos EUA. Para além de poupar-se do desgaste político, a opção de Obama de não telefonar pessoalmente à Dilma Roussef e a utilização de membro de ser governo envolvido em afirmações dessa natureza, revelam o grau de importância política que seu governo confere ao Brasil.
A nota da Agência Brasil revela que o vice presidente norte americano, Joe Biden, apenas lamentou a repercussão negativa que a notícia teve no País, não pediu desculpas, nem se manifestou sobre a cessação da arapongagem norte americana.
Dirma Roussef, por sua vez, parece ter sido dura com Biden, ao afirmar que espera que os EUA mudem suas práticas e políticas de segurança, para que não haja risco à privacidade dos cidadãos e instituições e à soberania do Brasil.
Mas, ninguem espera que os EUA mudem. Mesmo que o presidente Obama assim o desejasse, as diversas agências de segurança e espionagem norteamericanas têm vida própria e estão fora do controle do pessoal da Casa Branca. Ademais, o próprio presidente Obama tem dado novo fôlego aos serviços de inteligência, em sua política preferencial pela cessação de atividades bélicas.
Para que o Brasil deixe a retórica, cabe ao governo brasileiro a iniciativa de estudar a dimensão do prejuizo e o padrão de trabalho de espionagem norteamericana no País, sendo recomendável a adoção dos seguintes procedimentos:
a) reavaliar os convênios brasileiros com o FBI e estudar a conveniência de caducar a autorização brasileira ao FBI de operação no Brasil;
b) mobilizar a Polícia Federal e a ABIN para levantamento dos mecanimos de espionagem do Brasil por potencias estrangeiras, identificação de seus profissionais, providenciando sua expulsão do País e o desenvolvimento de mecanismos de proteção;
c) monitoramento das empresas suspeitas de conivência com a espionagem, cassação das autorizações de operação no mercado brasileiro e criminalização judicial de sua diretoria e prisão;
d) ao Congresso Nacional cabe realizar um CPI da espionagem;
e) aparelhamento da Polícia Federal e da Abin para que deixem de acolher doações de materiais e equipamentos dos serviços de segurança e de espionagem norteamericanos, conforme já noticiado pela imprensa no passado, que a Política Federal recebeu apoio até para a manutenção de seus veículos de serviço;
f) contratação, entre outras empresas especialistas, da empresa russa Karpesky, especialista em ciberespionagem, para detecção e desenvolvimento de mecanismos de ciberdefesa do País. A Karpesky é fabricante de antivirus e, recentemente, detectou um novo virus denominado GAUSS, responsavel pela espionagem de cerca de 2.000 computadores em países do Oriente Médio. Vide a respeito a matéria do JORNAL FRANQUIA, de 16.08.2012, no endereço a seguir: