BRADESCO - Resultado no 2º Trimestre/2022
Operação sólida com resultado auxiliado por itens excepcionalmente favoráveis. Neutro
Por Rafael Reis, CNPI-P
04.08.2022
O Bradesco apresentou um resultado que consideramos neutro no 2T22, com lucro líquido recorrente de R$ 7,04 bilhões (+11,4% a/a), equivalente a um ROAE de 18,6%.
O resultado foi favorecido principalmente pela forte margem financeira com clientes, beneficiada por maiores spreads sobre uma carteira de crédito que
cresce a bom ritmo e pelas receitas com serviços, em especial seguridade, que opera com menor pressão por conta do alívio na pandemia.
Os detratores ficam por conta da significativa queda na margem com o mercado (tesouraria), dada a sensibilidade dos ativos e passivos ao cenário de alta de juros, e escalada das despesas de PDD, por conta da expansão da carteira e do mix mais arrojado.
Momento.
Ao olharmos para a operação do Bradesco é evidente a solidez: A carteira de crédito se expande com apetite, a inadimplência escala em ritmo que consideramos no limite do confortável, a gestão de custos é exemplar, a forte margem com clientes protagoniza, e a receita de serviços sólida nos lembra a importância da diversificação.
O lucro líquido também parece saudável, assim como o ROE, porém, nas minúcias, é possível observar que no 2T22, esses foram auxiliados por itens incomumente favoráveis, como impacto positivo de impairment de ativos financeiros muito acima do usual, assim como “outras despesas”, equilibraram itens excepcionalmente punidos no trimestre como a margem com o mercado negativa, e as vultosas despesas com provisões para devedores duvidosos.
Pespectivas.
De maneira geral, continuamos otimistas com a capacidade de execução do Bradesco, que exibe crescimento com boa rentabilidade. Acreditamos que a volatilidade e incerteza quanto a alguns itens de seu resultado mais sensíveis ao ambiente macroeconômico, como as supracitadas margem com o mercado e despesas de PDD, sejam, nesse momento, o principal motivo para o elevado desconto de mercado atribuído ao Bradesco ante demais pares.
Acreditamos que o recente clima de iminente fim do contracionismo monetário, que enseja uma dinâmica de inadimplência e de resultado de tesouraria menos espinhosa no futuro do banco sejam fatores capazes de reduzir a assimetria de tal desconto no curto prazo.
Revisão de Preço-alvo.
Atualizamos as projeções com base nos números do 2T e apresentamos nosso preço-alvo de R$ 28,00 para o final de 2023, o que representa um potencial de valorização de 52,17% com base no preço atual, e a recomendação de Compra.
Destaques do Resultado
> Consideramos positivos:
A margem financeira com clientes, que cresceu 7,1% t/t e 25,8% a/a, beneficiada majoritariamente por recomposição mais acelerada do spread. A carteira de crédito, que cresceu 2,3% t/t e 15,8% a/a. As despesas operacionais, que variaram 4,9% a/a, significativamente abaixo da inflação do período. As receitas de Seguridade, que escalaram 12,8% t/t e 135,5% a/a, já que no 2T21 foram duramente impactadas pela sinistralidade atípica pela pandemia do coronavírus.
> Consideramos negativos:
As despesas de PDD, que escalaram 15,6% t/t e 89,5% a/a, resultado de um mix de crédito mais arrojado e escalada paulatina da inadimplência, que se elevou 3 p p no trimestre, chegando a 3,5%. A Margem com o mercado, impactada pela sensibilidade da gestão de ativos e passivos à variação do CDI no período, que ficou negativa em R$ 587 milhões.
CONFIRA no anexo a íntegra do relatório elaborado a respeito,
por RAFAEL REIS, CNPI-P, analista senIor do BB INVESTIMENTOS.