Copom inicia 5ª reunião do ano para definir taxa Selic
Expectativa é que a taxa suba de 13,25% para 13,75% ao ano
Em meio aos impactos de uma possível recessão nos EUA e da evolução da inflação após a queda dos preços da gasolina no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), inicia nesta 3ª feira, 02.08, em Brasília, a quinta reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a Selic. Na 4ª feira, 03.08, ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão.
Segundo a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a Selic deverá passar de 13,25% para 13,75% ao ano, com alta de 0,5 ponto percentual. Os analistas de mercado esperam que a taxa permaneça nesse nível até o fim do ano.
Na ata da última reunião, os membros do Copom indicaram que pretendiam aumentar mais uma vez a taxa Selic em 0,5 ou 0,25 ponto percentual, mas deixaram aberta a possibilidade de promover novas altas caso a inflação persista.
Até maio, os comunicados do BC indicavam que a autoridade monetária pretendia encerrar o ciclo de elevações em junho. No entanto, as altas além do previsto promovidas pelo Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA e do Banco Central Europeu adicionaram pressão sobre os juros brasileiros.
Depois de altas nos últimos meses, as estimativas de inflação têm caído. A última edição do boletim Focus reduziu a previsão de inflação oficial pelo IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo de 7,3% para 7,15% neste ano. Em junho, as projeções para o IPCA chegaram a 9%.
Embora a gasolina e a energia elétrica tenham ficado mais baratas nos últimos meses, a guerra entre Rússia e Ucrânia continua a impactar os preços do diesel, de fertilizantes e de outras mercadorias importadas. Além disso, a instabilidade na economia norte-americana, que enfrenta a maior inflação nos últimos 41 anos, provoca forte volatilidade na cotação do dólar em todo o planeta.
Para 2022, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2% e o superior, 5%. Os analistas consideram que o teto da meta será estourado pelo segundo ano consecutivo.
Aperto monetário
Principal instrumento para o controle da inflação, a Selic continua em um ciclo de alta, depois de passar seis anos sem ser elevada. De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa atingiu 6,5% ao ano em março de 2018.
Em julho de 2019, a Selic voltou a ser reduzida até chegar ao menor nível da história em agosto de 2020, em 2% ao ano. Começou a subir novamente em março do ano passado, tendo aumentado 11,25 pontos percentuais até agora.
Taxa Selic
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia. Ela é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle.
O BC atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima ao valor definido na reunião.
Quando o Copom eleva a taxa básica de juros, ele pretende conter a demanda aquecida, causando reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas seguram a atividade econômica.
Ao reduzir a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
NOTA DA REDAÇÃO JF
Têm sido grandemente equivocada a política do BC de subir a taxa SELIC neste momento em que os preços de toda a economia sobem puxados elevação dos preços administrados de combustíveis e de energia.
Combustíveis e energia eletrica têm preços administrados, os primeiros pela PETROBRAS; por sua própria conta e risco; o segundo, por determinação do poder público, majoritariamente. E os preços de combustíveis e energia têm amplo impacto em todos os outros setores da economia; quando sobem, impactam os preços de todos os demais bens e serviços oferecidos, seja pelo setor privado, seja pelo setor público.
Assim, continua sendo inócua a ação do BC no sentido de deter os preços dos combustíveis, pois estes são estabelecidos pelo mercado internacional e impostos com base na regra fixada pela Petrobras, de moto proprio, de guardar relação direta com os preços internacionais.
Contudo, a elevação da Selic provoca recessão e desemprego, por conta do impacto da elevação da taxa básica de juros sobre outros setores, que não o de Combustíveis e Energia.
Recessão e desemprego não são objeto de quaisquer preocupações pelo BC, que rejeitou o mandato para políticas de desenvolvimento, emprego e renda, defendido pelo senador Tasso Jereissati, para que o BC obtivesse do Senado Federal a aprovação da concessão de Autonomia ao BC.
A elevação da Selic tem efeito perverso: aumenta em bilhões a remuneração dos rentistas e dos bancos. Toda crítica já foi feita, mas o BC mantêm a retórica de combate a inflação com os métodos inadequados. E a demissão da diretoria por incompetência não está prevista na lei. Poderá ser demitida unicamente no caso de cometimento de crime.