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Investimentos

03 de Dezembro de 2021 as 17:12:25



VALE - Revisão de Preço e Vale Day 2021 - Relatório ESPECIAL


VALE -  Revisão de Preço e Vale Day 2021
Atualização de projeções e novo preço 22e
por Mary Silva, CNPI 
02.12.2021
 
Na última 2ª feira, 29.12, a Vale realizou seu evento anual “Vale Day”. Assim como na edição anterior, a Empresa dedicou um tempo relevante do evento aos temas segurança das operações, excelência operacional e ESG, reportando a evolução da reparação de Brumadinho e atualizando suas metas ESG para os próximos anos. 
 
Além disso, como usual, a Companhia divulgou seus guidances (estimativas) de produção, custos e investimentos para os próximos períodos.
 
Outro destaque da apresentação foi o detalhamento das estratégias de maximização do flight-to-quality (vôo para qualidade) no minério de ferro e de transformação em metais básicos, evidenciando seu plano de crescimento e aumento de competitividade em cada segmento.
 
De forma geral, a Vale passou uma mensagem positiva no evento, mostrando que continua perseguindo as estratégias de de-risking, re-shaping e re-rating(melhorias em diversas frentes da companhia).
 
Além disso, apesar dos desafios de curto prazo para o mercado de minério de ferro e das operações de metais básicos, a empresa segue intensificando as iniciativas para capturar as oportunidades dos segmentos nos próximos anos.
 
Aproveitamos a divulgação das novas estimativas da empresa para revisarmos nosso modelo financeiro, incorporando novas premissas para o setor de mineração, e apresentamos o novo preço-alvo 2022e para VALE3 de R$ 99,00 (de R$ 125,00) e de US$ 18,00 para VALE US (antes US$ 24,00), mantendo a recomendação de Compra. 
 
Segurança das operações e ESG
 
Em sua apresentação, a Vale mais uma vez reforçou sua ambição de se tornar a mineradora mais segura do mundo, e reportou os avanços na reparação dos danos causados pelo acidente de Brumadinho, bem como suas iniciativas para ampliar a segurança e sustentabilidades das suas operações. 
 
Com relação a Brumadinho, 55% dos pagamentos do acordo de reparação (total de R$ 37,7 bilhões) já foram feitos e a empresa acumula quase R$ 12 bilhões pagos em acordos de indenização individual desde 2019.
 
Em linha com a busca de aumento de segurança, a Vale descaracterizou 7 barragens desde 2019, sendo 2 em 2021, mas ainda restam 23 estruturas de diferentes níveis de emergência a serem endereçadas, cuja conclusão está prevista para 2035 (a estimativa anterior era 2029).
 
Além disso, a empresa está utilizando um sistema de gestão integrada baseado em excelência operacional (VPS, do inglês Vale Production System) e busca zerar os acidentes com lesões até 2025 (a empresa registrou 25 ocorrências em 2021, até outubro). 
 
A Companhia continua enfatizando sua preocupação em eliminar as lacunas em relação às melhores práticas ESG. No aspecto ambiental, a Vale foi a primeira mineradora a revisar a agenda 2030 nos escopos 1 e 2 de emissões de gases de efeito estufa e pretende atingir a neutralidade das emissões em 2050. Além disso, a empresa estabeleceu uma meta de redução de 15% de emissões de escopo 3 até 2035. 
 
Além da ampliação contínua da presença de produtos de alta qualidade em seu portfólio, as estratégias de descarbonização da indústria siderúrgica, que incluem, entre outros, a construção da planta de briquetes verdes (conforme detalhado no Investor & Analyst Tour 2021) e as parcerias com siderúrgicas para desenvolver soluções de redução de emissões, são algumas das iniciativas nesta direção.
 
Outras frentes em que a Empresa está avançando são os investimentos em energia renovável e em transportes de baixa emissão, como o uso de veículos elétricos e autônomos, e de navios de velas rotativas. 
 
No âmbito social, a Empresa possui mais de 300 planos em execução, com destaque para iniciativas voltadas à educação, saúde e geração de renda das comunidades e a causas globais (tais como direitos humanos e Amazônia). Uma de suas metas sociais é retirar 500 mil pessoas da situação de pobreza extrema até 2030, em conjunto com outras entidades. 
 
Em nossa visão, de maneira geral, os pontos apresentados pela Vale nessa seção foram positivos, mostrando que a segurança das operações e o comprometimento com a sociedade e o meio-ambiente continuam sendo intensificados e, desta forma, a empresa está avançando gradualmente em direção ao atingimento de suas metas. 
 
No entanto, entendemos que o caminho para o processo de de-risking ainda é longo e há riscos importantes aos quais a empresa ainda está exposta – principalmente relacionadas ao uso de barragens de rejeitos –, a despeito dos esforços da empresa em monitorá-los e mitigá-los. 
 
Minério de ferro
 
Durante a apresentação, a Vale detalhou suas estratégias para maximizar o flight-to quality no minério de ferro. Além da busca pela retomada de capacidade instalada de 400 Mtpa, a empresa tem uma série de projetos para reduzir a dependência de barragens de rejeitos, como a ampliação de produção pelo método de processamento e concentração a seco e de plantas de filtragem de rejeitos, que, segundo a Empresa, representarão 85% da capacidade instalada ao atingir as 400 Mtpa (ante 73% em 2020 e 40% em 2015).
 
Para isso, já foi investido US$ 1,2 bilhão desde 2019 e mais US$ 1,3 bilhão está previsto entre 2022 e 2025. 
 
Além de aumentar a segurança das operações, os métodos possibilitam a obtenção de produtos com até 68% de teor de ferro, contribuindo para a estratégia de ampliar a presença de produtos de alta qualidade no mix (de 83% em 2021 para 90% no futuro), e a reciclagem de rejeitos, que reduzem a área necessária para sua disposição e podem ser utilizados como matéria-prima junto com outros materiais como cimento e concreto.
 
A Companhia reafirmou que pretende seguir a estratégia value over volume (foco em vendas de produtos de maior qualidade em detrimento de volumes) em 2022, e estima que o teor de ferro médio aumentará de 62,9% em 2021 para 65,5% em 2022. 
 
A Vale divulgou seu novo guidance de produção para 2022 de 320-335 Mt de minério de ferro e 34-38 Mt de pelotas (50 Mt a partir de 2023), e de prêmios do minério de ferro, que passarão de US$ 6/t em média em 2021 para US$ 8-12/t entre 2023 e 2026 e, após 2029, são estimados em US$ 12-18/t, já considerando o portfólio esperado para o futuro, com foco na descarbonização da indústria. 
 
A Empresa também pretende aumentar sua competitividade, com a redução do custo caixa C1 de US$ 17/t em 2021 para 15,5-16,0/t em 2023 e 14,0-15,0/t ao atingir as 400 Mpta – este último é superior ao guidance anterior (10,5-12,0/t), em função de inflação mais alta e custos com sondagem geotécnica mais elevados. 
 
Segundo a Empresa, a diminuição será alcançada por meio de diluição de custos fixos pelo aumento da escala de produção, eliminação de ineficiências e ganhos de produtividade.
 
 Com relação aos custos de fretes internacionais, que se elevaram recentemente e têm impactado as cadeias exportadoras, a empresa estima que reduzirá de uma média de US$ 19/t em 2021 para US$ 16/t no médio prazo. Cabe destacar que a maioria dos embarques da Vale envolve contratos de afretamento de longo prazo, e modo que a empresa tenha pouca exposição ao frete spot. 
 
Desta forma, o EBITDA break-even (de equilíbrio) passará de US$ 45/t em 2021 para US$ 35/t ao atingir as 400 Mtpa, segundo estimativas da empresa. 
 
Ao nosso ver, apesar da revisão de guidances para números menos favoráveis aos divulgados anteriormente, a Empresa segue mostrando que, além da busca pela retomada da liderança global em volumes, também possui diversas estratégias para fortalecer sua posição de liderança no mercado de minério de ferro de baixo carbono e para aumentar sua competitividade no segmento, o que reforça nossa confiança de que a empresa permanecerá rentável no longo prazo, mesmo com cenário de preços de minério de ferro em patamares inferiores ao atual.
 
Metais Básicos
 
Outro pilar estratégico da Vale é a transformação em metais básicos, segmento em que a empresa enfrentou desafios importantes em 2021 – como interrupção dos trabalhos em função de greves, paradas para manutenção mais longas do que o esperado, além de restrições relacionadas à Covid-19 –, mas cujas perspectivas são mais positivas a partir de estabilização das operações.
 
A Companhia pretende recuperar volumes de produção de cobre e níquel e, com investimentos em melhorias e ramp-up de novos projetos, incrementar sua posição no segmento e criar opcionalidades para assegurar seu crescimento no longo prazo, aproveitando-se do cenário favorável de demanda e preços dos metais esperado para os próximos anos.
 
O novo guidance de produção de cobre da Vale é de 330-355 kt de cobre para 2022, 390-420 kt em média entre 2023 e 2026, e de 450 kt após 2027. Para níquel, a Empresa estima produzir um volume anual entre 175-190 kt em 2022 e 2023, e superior a 200 kt a partir de 2024. Assim como no minério de ferro, os números revisados são inferiores às estimativas anteriores. 
 
A Empresa reiterou sua intenção de segregar a operação de metais básicos no futuro, com o objetivo de aumentar a visibilidade do segmento ao mercado, com possibilidade de abertura de seu capital, reforçando que a Vale é uma empresa diversificada geograficamente e posicionada em diferentes minerais – que possuem oportunidades e riscos diferentes –, já que acredita que continua sendo precificada como um ativo puramente de minério de ferro. 
 
Alocação de capital 
 
A Empresa divulgou seu guidance de Capex para 2022, de US$ 5,8 bilhões, e para os períodos seguintes, cujo montante anual esperado é de US$ 5 a 6 bilhões, superior ao patamar histórico de investimentos.
 
A Vale segue mostrando avanços na simplificação de seu portfólio de ativos, incluindo a solução gradual dos redutores de caixa (VNC, carvão, Samarco e Renova), que deverão deixar de ter impacto negativo no resultado da empresa a partir de 2022, segundo a empresa. 
 
A Empresa lançou um programa de redução de custos, visando economizar US$ 1 bilhão entre custos fixos e nos investimentos para ganhos de eficiência nos próximos 12 a 24 meses, além de evitar US$ 500 milhões de custos inflacionários em 2022, de forma a direcionar recursos para oportunidades de crescimento em seus negócios core. Com o avanço dos desembolsos para o acordo de Brumadinho, a empresa buscará a redução da alavancagem. 
 
A Vale reiterou sua intenção de continuar proporcionando retorno para os acionistas via dividendos, que poderão incluir pagamentos extraordinários em casos de excedente de caixa, e programas de recompra de ações, que a empresa considera um investimento atrativo, principalmente diante do patamar atual de preço das ações.
 
Desempenho das ações e perspectivas
 
As ações da Vale seguem apresentando forte volatilidade, diante do cenário de incertezas ainda presentes sobre o mercado de minério de ferro, bem como pelo arrefecimento da demanda pela commodity na China no curto prazo, que continuam pressionando seus preços spot e futuros.
 
Os papéis da Empresa acumulam queda de 19,7% em 2021, mesmo com os sinais recentes de melhoria para o setor, como indicadores de atividade econômica e industrial na China mais positivos, e anúncios do governo chinês para estimular o mercado imobiliário do país após o caso da incorporadora Evergrande. 
 
Ainda assim, acreditamos que a as dúvidas quanto à continuidade das restrições de produção de aço na China impostas pelo governo e as fortes oscilações das cotações do minério de ferro continuarão pesando sobre o desempenho do papel da Vale e das demais empresas do setor no curto prazo. 
 
Vale destacar, no entanto, que, mesmo com a revisão do valuation da empresa, incorporando principalmente preços de minério de ferro inferiores para os próximos 2 anos, os múltiplos de negociação dos papéis continuam descontados em relação aos pares australianos e abaixo do patamar histórico da ação. 
 
Além disso, as perspectivas de elevado retorno ao acionista via dividendos e recompra de ações podem contribuir para a atratividade dos papéis nos próximos períodos. 
 
Revisão de Preço
 
► Tese de investimento. 
 
(i)  Demanda consistente de minério de ferro pela China, a despeito das interferências do governo do país na indústria siderúrgica; 
 
(ii) queda nos preços de minério de ferro desacelerando gradualmente, e retornando ao patamar normalizado no médio prazo, diante do balanço entre oferta e demanda global mais equilibrado; 
 
(iii) perspectiva de continuidade de retomada da capacidade produtiva de 400 Mtpa de minério de ferro, dentro do novo cronograma divulgado; 
 
(iv) demanda e preços de metais básicos elevados nos próximos anos; 
 
(v) avanços em ESG e demonstração contínua da empresa de sua preocupação com os aspectos de segurança e ambiental, embora ainda esteja perseguindo o fechamento de diversas lacunas; e 
 
(vi) alta rentabilidade e geração de caixa, proporcionando maiores retornos diante do pagamento consistente de dividendos e programas de recompra. 
 
Riscos. 
 
Dentre os principais os riscos que podem afetar nossas projeções, destacamos: 
 
(i)  desaceleração da atividade industrial global, sobretudo na China e nos EUA, afetando a demanda de minério de ferro; 
 
(ii)  queda significativa nos preços internacionais de minério de ferro, além de nossas projeções; 
 
(iii) incrementos substanciais de seus custos em relação ao patamar atual, incluindo os custos de carvão e logística; 
 
(iv)  atrasos relevantes da retomada de capacidade produtiva de minério de ferro; 
 
(v)  falha em proceder com sua estratégia para os ativos de metais básicos; 
 
(vi) quaisquer mudanças estruturais na dinâmica da indústria siderúrgica global, que ameace o mercado mundial de minério de ferro; e 
 
(vii) novos eventos de rompimento de barragem, ou novos passivos relacionados a Brumadinho ou Samarco, embora vejamos isso como improvável.
 
Valuation. 
 
Diante das novas estimativas para a empresa revisamos nosso modelo, incorporando também novas premissas para o setor, e apresentamos o novo preço-alvo 2022e para VALE3 de R$ 99,00 e de US$ 18,00 para VALE US, mantendo a recomendação de Compra.
 
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise a respeito, elaborado por
MARY SILVA, CNPI, do BB INVEDSTIMENTO 

Clique aqui para acessar o aquivo PDF

Fonte: MARY SILVA, CNPI, do BB INVEDSTIMENTO





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