Mesmo sendo de conhecimento público há décadas a vigilância e a sabotagem praticada pelos serviços de espionagem norte-americano, inglês e israelense,
o G-7 arvora-se de dignidade e lisura de que não é possuidor.
O G7, grupo dos sete países mais industrializados do mundo, exigiu neste domingo, 13.06, que a Rússia tome medidas contra os que fazem ataques cibernéticos e usando ransomware a partir do país.
O ransomeware é um ataque que restringe o acesso ao sistema infectado com uma espécie de bloqueio e cobra um resgate em criptomoedas para que o acesso possa ser restabelecido.
A reprimenda veio em um comunicado emitido após uma cúpula de três dias entre líderes do G7 no Reino Unido, que também pediu que Moscou "pare com seu comportamento desestabilizante e atividades malignas" e conduza uma investigação sobre o uso de armas químicas em território russo.
O comunicado diz que a Rússia precisa "responsabilizar aqueles que, dentro de suas fronteiras, conduzem ataques ransomeware, abusam de moedas virtuais para lavar dinheiro e outros crimes cibernéticos".
A questão está sob os holofotes após um ataque virtual ao Colonial Pipeline, maior tubulação de combustíveis dos Estados Unidos, e outro que interrompeu as operações norte-americanas e australianas do frigorífico JBS.
A nota do G7 pede ações mais amplas contra ataques cibernéticos.
"Pedimos que os estados identifiquem e interrompam redes criminosas de ransomware que operem de dentro de suas fronteiras e responsabilizem essas redes por suas ações",
diz o documento.
O pedido por investigação sobre uso de armas químicas vem após o crítico do Kremlin Alexei Navalny ser atendido na Alemanha, com médicos alemães informando que foi um envenenamento com um agente nervoso de uso militar. Navalny acusa Putin de ordenar o envenenamento, mas o Kremlin nega as acusações.
China
Os líderes do G7 também repreenderam a China sobre os direitos humanos em Xinjiang, pediram que Hong Kong tenha um alto grau de autonomia e exigiram uma investigação completa das origens da covid-19.
Depois de discutir como chegar a uma posição unificada sobre a China, os líderes emitiram um comunicado final sobre questões delicadas para o país.
O presidente dos EUA, Joe Biden, considera a China como maior rival estratégico e prometeu enfrentar abusos econômicos chineses e reagir a violações dos direitos humanos.
"Promoveremos nossos valores, inclusive apelando à China para que respeite os direitos humanos e as liberdades fundamentais, especialmente em relação a Xinjiang e os direitos, liberdades e alto grau de autonomia para Hong Kong",
disse o G7.
"Também pedimos a fase 2 de um estudo transparente, liderado por especialistas e baseado na ciência sobre as origens da covid-19 na China",
afirmou o grupo, que reúne EUA, França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Japão, Canadá e União Europia.
Antes que surgissem as críticas do G7, a China alertou os líderes do G7 que os dias em que "pequenos" grupos de países decidiam o destino do mundo já se foram.
O G7 também disse que destacou "a importância da paz e da estabilidade em todo o Estreito de Taiwan e encoraja a resolução pacífica dos problemas através do Estreito".
O G7 disse estar preocupado com o trabalho forçado nas cadeias de abastecimento globais, incluindo os setores agrícola, solar e de vestuário.
Pequim tem revidado contra o que considera tentativas das potências ocidentais de conter a China, e diz que muitas das principais potências ainda estão dominadas por uma mentalidade imperial desatualizada, após anos humilhando a China.
Especialistas e grupos de direitos humanos estimam que mais de um milhão de pessoas, incluindo uigures e outras minorias muçulmanas, foram detidas nos últimos anos em um vasto sistema de campos em Xinjiang.
A China nega as acusações de trabalho forçado ou abuso. No começo, negou que os campos existissem. Depois, disse que eles são centros vocacionais projetados para combater o extremismo.