Sobre os QE Quantitative Easing
Quantitative easing (QE) é uma política monetária não convencional utilizada pelos bancos centrais para estimular a economia nacional, quando tornam-se ineficazes os instrumentos de política monetária convencional.
A excessiva oferta de moeda, que o QE cria no país que o implementa, leva à desvalorização de sua moeda frente às demais divisas interacionais,. Isso proporciona, no mercado interno desse país e no dos demais países, o barateamento dos preços dos produtos desse país frente aos dos produtos dos demais países.
Desse modo, o QE induz à formação de superavites comerciais do país que o estabelece, pelo que pode perfeitamente ser classificado como desvalorização cambial competitiva, assunto a ser tratado pelo FMI na esfera internacional.
Em uma manifestação pragmática e política, a diretora gerente do FMI, Sra. Christine Lagarde, minimizou os efeitos competitivos dos QE implementados por aqueles países, preponderantemente os EUA. E certamente agradou autoridades monetárias desses países que foram responsáveis por sua indicação ao cargo no FMI, o qual lhe confere benefícios salariais não tributáveis de cerca de US$800 mil ao ano, além de outros benefícios não salariais.
Pragmatismo do FMI
O objetivo do FMI é seguir adiante e obter sucesso com a reforma financeira internacional (que não implica em uma nova moeda padrão internacional diferente do dólar americano, mas na regulamentação do sistema financeiro).
É também ter sucesso no programa europeu de controle fiscal dos países da Comunidade do Euro.
Para tanto, Christine Lagarde, pragmática, "dá uma no cravo e outra na ferradura", ao caracterizar como exagero a presente situação internacional de Guerra Cambial, atenuando os efeitos competitivos das desvalorizações cambiais.
Ela também dá uma resposta negativa às demandas do governo brasileiro contra os QE dos países avançados, aproveitando o enfraquecimento político do Miinistro Guido Mântega, responsável pelo diagnóstico de guerra cambial no mercado internacional.
Alem disso, ela dá uma ajuda aos bancos internacionais que almejam a redução dos instrumentos de proteção cambial adotados pelo ministro, os quais reduzem a rentabilidade dos bancos nacionais e internacionais na movimentação de divisas internacionais no Brasil.
Chistine Lagarde parece ter já se esquecido do aporte de recursos ao FMI realizado pelo Brasil, de cerca de US$10 bilhões há pouco mais de dois anos; e deve estar aguardando um segundo aporte.
Brasil, exemplo a não ser seguido
A derrubada da rentabilidade dos bancos no País, seja pela queda da SELIC, seja pelas medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central, além das baixas taxas de crescimento econômico brasileiro, tudo isso no mandato de Dilma Roussef, têm reduzido a atenção do FMI no tratamento dessa causa de interesse do Brasil, a guerra cambial na economia internacional, tema afastado por Christine Lagarde.
Paralelamente, os acordos comerciais entre China e EUA, entre Índia e EUA e entre EUA e Comunidade Européia, parecem buscar reduzir a importância dos BRICs, quebrar sua eventual coesão (que nunca existiu de fato) e reduzir algum protagonismo do Brasil. No mesmo caminho a recente indicação da Índia, pelo presidente francês François Hollande, para integrar o Conselho de Segurança da ONU.
Há um movimento internacional de isolamento do Brasil, pelo que ele representa de audácia no contrariamento dos interesses da banca internacional. Esta tem buscado provar que as políticas adotadas no País não darão certo, para que o exemplo não seja seguido internacionalmente.
A resposta do Ministro Mântega, nesta última semana, foi de que poderá subir a taxa do IOF sobre investimentos especulativos estrangeiros (de curto prazo), mas é determinante que o País volte a crescer e que a inflação seja controlada.