A economista Kayla Popuchet denuncia think tank sediado em Washinton, o Conselho Atlântico, por propor a Joe Biden, presidente dos EUA, fazer 'mudança de regime' na Bielorrússia, onde Aleksandr Lukashenko (pró-Moscou) está no poder desde 1994, vencedor em 6 eleições presidenciais sucessivas.
O Conselho Atlântico detalhou um plano com o objetivo de remover do poder Aleksandr Lukashenko, atual presidente da Bielorrússia [pró-Moscou], incluindo "um grupo de sanções para mudança de regime [pró-Washington]", segundo especialista.
O recém-realizado encontro on-line do think tank Conselho Atlântico visa "forçar mudança de regime" na Bielorrússia,
afirmou a economista Kayla Popuchet, doutora em Estudos Eslavos na Universidade da Cidade de Nova York, em entrevista à Sputnik, na qual faz crítica aguda à proposta do think tank Conselho Atlântico, por seu desrespeito ao princípio de autonomia da nação bielorussa.
O Conselho Atlântico
O Conselho Atlântico busca promover a hegemonia ocidental e um mundo unipolar, isto é, sob domínio dos EUA, entende Kayla Popuchet.
Segundo ela, trata-se de uma organização afiliada à OTAN, que "recebe seu financiamento de bilionários internacionais como Adrienne Ascht, empresas multimilionárias como Goldman Sachs, Facebook e Google, assim como a Fundação Rockefeller e a Fundação JPMorgan Chase, para citar apenas alguns", e da qual participam "algumas das figuras ocidentais mais poderosas do mundo", bem como um representante de Svetlana Tikhanovskaya, principal figura de oposição na Bielorússia.
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Os objetivos do encontro on line do think tank Conselho Atlântico foram, segundo a economista Kayla Popuchet:
► Organizar o governo dos EUA para controlar o movimento de oposição acrescentando uma posição de organizador sênior para administrar e reimpor/manter sanções contra a Bielorrússia, e nomear um responsável sênior para administrar a assistência à oposição.
► Reconhecer a posição de Svetlana Tikhanovskaya como a verdadeira líder da Bielorrússia e deslegitimar o presidente Aleksandr Lukashenko enviando a recém-nomeada embaixadora dos EUA na Bielorrússia, Julie Fisher, a Vilnius, em vez de Minsk.
► Dobrar o valor do financiamento pelo Congresso dos EUA à RFERL Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade, mídia financiada pelo governo dos EUA, o que significa que seu orçamento atual de US$ 117,4 milhões (R$ 630,46 milhões) saltaria para US$ 234,8 milhões (R$ 1,26 bilhão).
► Aconselhar os líderes da oposição bielorrussa a não assustar a Rússia falando em aderir à União Europeia e/ou à OTAN. John Herbst, antigo embaixador dos EUA na Ucrânia e Uzbequistão, sugeriu aos líderes da oposição "reduzir as aspirações da oposição bielorrussa de se envolver nos conselhos de segurança e estruturas econômicas ocidentais".
Corrigindo a proposta do think tank, mas entendendo que Aleksander Lukashenko deve ser obrigado a deixar a presidência, a economista Anders Aslund sugeriu que sejam aplicadas sanções a empresas da Rússia, e não à Bielorrússia. Ela argumentou que, caso contrário, Minsk ficaria mais dependente de Moscou.
Ela também aconselhou sancionar "centenas" de personalidades bielorrussas, afirmando que "o objetivo das sanções é colocar pressão suficiente sobre a Bielorrússia para que Lukashenko tenha que deixar o poder. Este é realmente um grupo de sanções para mudança de regime".
Oposição bielorussa já recebe US$ 60 mlhões/ano
Além disso, Popuchet lembra que o think tank sugeriu que os EUA aumentem o financiamento à oposição bielorrussa de US$ 60 milhões (R$ 322,2 milhões) para US$ 200 milhões (R$ 1,07 bilhão), dizendo que esse valor veio dos ativistas bielorrussos.
"... Estas medidas existem inteiramente para forçar a mudança de regime em uma nação soberana. A missão do Conselho Atlântico é forçar os EUA a controlar o movimento bielorrusso com o objetivo de derrubar Lukashenko e, ao mesmo tempo, afirmar que isto é para respeitar a soberania bielorrussa".
"Eles não respeitam a soberania nem a autodeterminação do povo bielorrusso, eles simplesmente desejam que o Ocidente os instale como proprietários da nação,"
comenta Kayla Popuchet em crítica à oposição bielorussa liderada por Svetlana Tikhanovskaya.
A tentativa de forçar a mudança de regime na Bielorrússia terá efeitos mais nefastos além-fronteiras, adverte Kayla Popuchet, que apela a que o povo bielorrusso decida o destino político do país de forma orgânica, pois ...
"... se a administração Biden assumir as recomendações do Conselho Atlântico em algum momento, isso não só causaria uma tensão significativa e dividiria ainda mais a Bielorrússia, mas também aumentaria as tensões entre os EUA e a Rússia, que já estão tensas como estão."
O Conselho Atlântico "promove a hegemonia ocidental e um mundo unipolar", sublinha Popuchet.