O Facebook excluiu na 4ª feira, 08.07, 88 contas e páginas que seriam ligadas a funcionários do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos, Flávio e Eduardo. Um assessor direto do presidente Jair Bolsonaro, Tercio Arnaud Tomaz (ex-assessor de Carlos Bolsonaro) foi apontado como um dos responsáveis pela administração de algumas dessas páginas, de acordo com a Digital Forensic Research Lab, da Atlantic Council, que tem parceria com o Facebook.
“A atividade incluiu a criação de pessoas fictícias fingindo ser repórteres, publicação de conteúdo e gerenciamento de páginas fingindo ser veículos de notícias”,
declarou o Facebook. Sobre o assessor de Jair Bolsonaro, a DFRLab informou:
“Tercio Arnaud Tomaz é mais conhecido como o administrador da popular página no Facebook ‘Bolsonaro Opressor 2.0’, perfil pró-Bolsonaro que tem cerca de 1 milhão de seguidores, mas que atualmente está offline. Em 2019, a imprensa revelou que, apesar de ser listado como assessor do vereador Carlos Bolsonaro, Arnaud estava trabalhando na comunicação digital de Jair Bolsonaro“.
A rede social informou que as contas agiam desde a campanha eleitoral de 2018 sem informar a verdadeira identidade dos administradores – o que viola a política interna da rede social.
Os administradores usavam uma combinação de contas duplicadas e contas falsas para evitar a aplicação de políticas da plataforma. As contas removidas, que não foram divulgadas, produziam memes políticos, críticas à oposição, e a empresas de mídia.
A rede social afirmou que chegou ao grupo por meio de reportagens e de questionamentos levantadas em audiência no Congresso Nacional.
A plataforma removeu 35 contas, 14 Páginas, 1 grupo no Facebook, e 38 contas no Instagram. US$ 1.500 teriam sido gastos em anúncios por essas páginas. Cerca de 883 mil pessoas seguiam uma ou mais dessas páginas no Facebook.
“Embora as pessoas por trás dessa atividade tenham tentado esconder suas identidades e coordenação, nossa investigação encontrou elos com indivíduos associados ao PSL e alguns empregados nos gabinetes de Anderson Moraes, Alana Passos, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro“,
informou o Facebook. A rede social divulgou imagens das postagens feitas por algumas dessas páginas e contas:
A respeito, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) publicou a seguinte nota:
“O governo Bolsonaro foi eleito com forte apoio popular nas ruas e nas redes sociais e, por isso, é possível encontrar milhares de perfis de apoio. Até onde se sabe, todos eles são livres e independentes.
"Pelo relatório do Facebook, é impossível avaliar que tipo de perfil foi banido e se a plataforma ultrapassou ou não os limites da censura.
"Julgamentos que não permitem o contraditório e a ampla defesa não condizem com a nossa democracia, são armas que podem destruir reputações e vidas”.
A deputada estadual Alana Passos informou que não foi notificada pelo Facebook sobre irregularidades.
O PSL negou que as contas excluídas sejam relacionadas a assessores da sigla, mas sim “de assessores parlamentares dos respectivos gabinetes, sob responsabilidade direta de cada parlamentar, não havendo qualquer relação com o partido”.
“Ainda, o partido esclarece que os políticos citados, na prática, já se afastaram do PSL há alguns meses com a intenção de criar um outro partido, inclusive, tendo muitos deles sido suspensos por infidelidade partidária. Ainda, tem sido o próprio PSL um dos principais alvos de fake news proferidos por este grupo”.
O deputado estadual Anderson Moraes disse que tem um perfil verificado, e que não sofreu bloqueio ou qualquer aviso de ter violado qualquer regra da rede.
“Mas excluíram a conta de uma pessoa que trabalha no gabinete, uma pessoa com perfil real, não é falsa. A remoção da conta foi absurda e arbitrária, porque postava de acordo com ideologia e aquilo que acreditava”.