Market Update de 20.03.2020
COVID-19 - PANORAMA EXTERNO
Coronavírus - O número de casos reportados da epidemia já ultrapassou a casa dos 250 mil. Já são mais de 10 mil mortos pela doença
► O número de casos registrados de Covid-19 no mundo ultrapassou nesta semana a casa de 250 mil. Conforme o último relatório divulgado pela OMS já são mais de 10 mil mortos em todo o mundo.
Há que se observar a velocidade com a qual o vírus vem se propagando pois a epidemia levou cerca de 3 meses para atingir os primeiros 100 mil casos, no entanto, em apenas 12 dias, este número dobrou.
► No último dia 18/03, pela primeira vez desde o início do surto, a China não registrou nenhum caso de transmissão local do vírus. Atualmente, a Itália, com mais de 30 mil casos reportados, segue como maior foco de propagação. O rápido avanço na Espanha e nos EUA também preocupa.
Coronavírus - A China concentra 31% dos casos e a Itália, com 16%, vem na sequencia. Irã, Alemanha, Espanha, EUA e França, juntos, representam 33% dos casos no mundo. China e Itália também concentram a maioria dos mortos (64%)
Evolução da epidemia - O padrão do avanço da epidemia vem apresentando similaridade entre os países
Evolução do número de casos a partir do 100º caso reportado
► O avanço do número de casos nos países mais afetados pelo Covid-19 apresenta certa similaridade. Considerando os países com maior número de casos (exceto pelo Japão), a partir da data em que o país reportou o 100º caso, bastou de 3 a 5 dias para que o 1000º caso fosse registrado.
► Da mesma forma, entre 9 a 11 dias após o registro da 100ª ocorrência, China, Itália e Irã atingiram a casa 10 mil casos confirmados. Já países como a China e a Coréia do Sul vem conseguindo estabilizar a propagação da epidemia com destaque, também, para o Japão que conseguiu, até o momento, controlar a disseminação, com o avanço de 109 para apenas 950 casos em 20 dias.
Evolução da epidemia - Notadamente, é possível verificar que o governo italiano demorou para tomar atitudes para restringir o alastramento do vírus e suas consequências socioeconômicas
Latência das atitudes
► Ao passo que a cidade de Wuhan foi fechada ainda antes do 1000º caso, na região da Lombardia, o governo só adotou medida semelhante quando o numero de casos registrados já havia ultrapassado a casa dos 10 mil. A Itália, agora, caminha para se tornar o país com maior número de casos, já tendo ultrapasso a China em número absoluto de mortes.
► Nos EUA, estímulos econômicos relevantes ocorreram antes das restrições sanitárias mais severas. No Brasil, as iniciativas de contenção, tomadas ainda antes do 1000º caso confirmado, tendem a controlar o avanço da epidemia evitando que o país siga o mesmo caminho de outros cuja propagação da doença já atingiu um número relevante de pessoas como a Itália e os EUA.
COVID-19 - CENÁRIO DOMÉSTICO
Impacto Varejo - Em março (até dia 19/03) já é possível observar algum impacto da crise do COVID-19 no varejo brasileiro. As vendas já acumulam queda de -5,4% contra o mesmo período de fevereiro
Setorial - Na abertura por grandes grupos de setores, o impacto já fica bem mais notório. Enquanto em bens não duráveis (supermercado e farmácias) houve aumento do volume, em Serviços houve uma drástica redução
A epidemia de Covid19 causou um choque negativo na demanda por serviços, porém o choque não ficará restrito apenas a esse setor. Mesmo que com menor intensidade, outros setores irão sofrer com a redução na demanda
Setores mais e menos impactados
► As preocupações em torno da epidemia de Covid19, antes restritas ao setores exportador e importador, acabaram se transformando em uma ameaça a toda estrutura da economia.
► O setor de serviços é o que mais vem sofrendo com o distanciamento social necessário para conter o vírus, dentre eles, os setores aéreo, de turismo e de serviços de transporte – como locação de veículos e transporte individual por aplicativo.
► Com a redução esperada para o crescimento econômico global, setores ligados às commodities também irão sofrer um impacto forte com a queda dos preços. Já os setores ligados ao consumo de bens não duráveis, por ora, vem se beneficiando desta situação.
PIB - A atividade econômica no Brasil deve ser fortemente impactada pelas medidas que estão sendo adotadas para contenção da epidemia de coronavírus. Nossa projeção de PIB para 2020 foi revisada de 1,9% para -0,2%
Pandemia deve fazer com que o PIB contraia 0,2% em 2020
► Diante das medidas que vem sendo adotadas para conter a propagação do Covid-19 - como o fechamento do comércio, cancelamento de viagens, suspensão de aulas, paralisação de serviços, entre outras - nossa projeção para o crescimento da economia em 2020, que antes era de 1,9%, foi Revisada para - 0,2%, considerando um cenário de deterioração na segunda quinzena de março, se intensificando ao longo do segundo trimestre e com recuperação gradual a partir do terceiro trimestre.
Há que se considerar, no entanto, a enorme dificuldade de se fazer projeções em um ambiente de tamanha incerteza.
Juros - O Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,5 p.p. renovando a mínima histórica da Selic que agora está em 3,75%. Outras medidas também foram anunciadas para tentar minimizar o impacto da epidemia
BC corta Selic em 0,5 p.p.
► O Copom decidiu, de forma unânime, reduzir a taxa de juros para 3,75% seguindo o movimento observado nos principais BCs do mundo em resposta ao avanço da epidemia de coronavírus.
O BC anunciou também que passará a fazer operações de compra com compromisso de revenda (repos) de títulos soberanos do Brasil denominados em dólares (global bonds) de posse de instituições financeiras nacionais.
No início da semana, a Autoridade Monetária já havia anunciado a redução da alíquota do recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo. Medida esta que somada às decisões do CMN Conselho Monetário Nacional, de
(i) facilitar a renegociação de dívidas de empresas e famílias com operações adimplentes e
(iI) expandir a capacidade de utilização do capital dos bancos, devem melhorar as condições de liquidez do SFN em torno de R$ 135 bilhões.
Juros - Apesar da perspectiva de queda da demanda, o Copom avalia que houve uma deterioração do cenário externo para economias emergentes
Ainda espaço para mais cortes
► O Copom destacou que, em seu balanço, existem fatores de risco em ambas as direções: Por um lado, o nível elevado de ociosidade tende a manter uma pressão negativa para a trajetória da inflação, que pode se intensificar com a redução mais intensa e/ou mais prolongada da demanda interna por conta da incerteza causada pela pandemia.
Por outro lado, o aumento da potência da política monetária, a deterioração do cenário externo para economias emergentes e a eventual frustração com a agenda de reformas são fatores que exercem pressão positiva na trajetória da inflação.
Consideramos que o avanço da pandemia trará impactos significativos para a economia brasileira. Logo, mesmo considerando as medidas de estímulo fiscal que devem ser aplicadas, nossa expectativa é de mais um corte na Selic, de 0,25 p.p., para a próxima reunião. de maio.
Estímulos Fiscais - O Governo Federal anunciou nesta semana uma série de medidas de estímulos para minimizar os efeitos da pandemia e garantir a manutenção dos empregos
Estado de Calamidade
► Além dos estímulos anunciados peloConselho Monetário Nacional e pelo Banco Central, o Governo Federal anunciou também uma série de medidas com o objetivo de minimizar o impacto econômico da pandemia de Covid-19.
Entre elas estão a injeção de quase R$ 170 bilhões na economia por meio da antecipação de abono salarial e do 13º salário de beneficiários do INSS, além da redução/diferimento de tributos federais. Também foi pedido ao congresso a declaração de Estado de Calamidade, o que permitirá ao Governo Federal adotar medidas de estímulo fiscal e de combate à pandemia extrapolando a meta de déficit primário prevista para este ano.
Programa Antidesemprego
► Para evitar demissões durante o período de pandemia, o Ministério da Economia anunciou o Programa Antidesemprego que, entre outras coisas, visa facilitar as negociações trabalhistas permitindo redução de jornada e salários. Para estes casos, haverá uma compensação para os trabalhadores, que poderá variar entre R$ 261,25 até R$ 453,26, durante o período de 3 meses.
Os recursos para este programa serão custeados pelo FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador e deve atingir 11 milhões de pessoas. Para os trabalhadores informais, foi anunciado um auxílio emergencial no valor R$ 200 por pessoa, durante 3 meses.
Confira no anexo a íntegra do relatório preparado por Henrique Tomaz, CFA, e Richardi Ferreira, ambos integrantes do BB Investimentos.