Editorial
Neste dia especial em que esta mídia completa 30 milhões de acessos, esse manifesto dedicado à defesa do grande jornalista estadounidense Glenn Greenwald, um heroi brasileiro a ser venerado pelo povo por seu impagavel serviço ao País.
Na 3ª feira, 21.01.2020, o jornal estadunidense, NYT New York Times publicou matéria de autoria de seu Conselho Editorial em que historia, noticia e avalia a criminalização do jornalista Glenn Greenwald, no dia anterior, pelo Ministério Público Federal brasileiro, por alegadamente publicar conversas pelo Telegram APP e textos vazados que estão a desvelar atividades ilegais do ex-juiz Sérgio Moro.
Relata o NYT que essas atividades ilegais de Moro foram desenvolvidas no âmbito dos processos que tiveram corolário na prisão do ex-presidente Lula da Silva e ajudaram a "abrir caminho para a eleição de Jair Bolsonaro" (JB) nas eleições presidenciais de 2018.
O editorial também não poupa Donald Trump por
"sua incessante rejeição de histórias que ele não gosta como "notícias falsas", por "seus ataques ultrajantes a repórteres como 'inimigos do povo', que socorrem e encorajam gente como Bolsonaro, que alimenta repulsa a repórteres por desdém pessoal pela imprensa livre e como um meio cínico de despertar a raiva de seus seguidores."
Esse manifesto do NYT nos chega no momento em que a imprensa brasileira mostra-se condescendente -- de forma vergonhosa e comprometedora -- com o espírito e com as práticas neo-fascistas de JB e seu grupo de poder, ao ponto de omitir-se na defesa de seus próprios jornalistas, diuturnamente atacados por JB.
O pano de fundo é o panorama de decadência do jornalismo tradicional, perdedor no embate com as mídias alternativas, no qual ocupam a cena o direcionamento punitivo de verbas federais exclusivamente à mídia oligopolista do País, adesista a JB, a queda estrutural das vendas de jornais em bancas e assinaturas, a imagem intimidatória dos militares que crescentemente ocupam a Esplanada dos Ministérios e de generais que compõem a entourage presidencial e, muito mais, a força ilegal miliciana explicitamente manifesta inclusive em ameaças de morte a Greenwald.
Contudo, a cumplicidade da imprensa com o avanço da ultra-direita bolsonarista deve-se principalmente ao apoio oligárquico às reformas ultra-liberais vendidas como necessárias, abortadas no impeachment de Collor de Melo, e mantidas impacientemente no freezer pela direita, desde os anos 90, durante os governos Itamar, Lula e Dilma, ainda que parcialmente conduzidas nos anos FHC.
Nos dois anos do governo "tampão" de Michel Temer tais reformas foram conduzidas por Henrique Meirelles, former CEO do BankBoston, que obteve a aprovação da "Pec do Teto", que impos o congelamento de gastos por 20 anos; e também as leis de terceirização e a da reforma trabalhista das quais resultaram, sob a promessa fracassada de redução do desemprego, a destruição de direitos trabalhistas e a precarização do trabalho assalariado, a chamada uberização.
No governo de JB, "as reformas" têm tido continuidade sob as mãos do ministro Paulo Guedes, no massacre trazido por sua Reforma da Previdência lograda em 2019, que sequer tocou no fantástico desequilíbrio trazido pelas aposentadorias especiais de militares e concentrou sua proposta de economia de recursos públicos, à razao de 85%, na população mais pobre do Pais.
E também em privatizações e perspectivas que trazem de, no futuro imediato, criar negócios privados por meio da apropriação, sob investimento mínimo, do patrimônio público brasileiro pelo empresariado internacional e nacional. Esses foram os casos da Embraer entregue à Boeing-Pentágono e do PréSal, em parte já apropriado pelas petroleiras Exxon e Shell, razão última do golpe de estado que afligiu o País em 2016 e do golpe eleitoral de Moro na prisão de Lula.
Mas, além da reforma tributária já em curso, estão ainda no horizonte desse governo a privatização do Banco do Brasil direcionada ao Bank of America, de forma explicita por Guedes, da Caixa Econômica Federal, da Eletrobras, de quatros refinarias da Petrobras e de centenas de outros empreendimentos estratégicos do Estado Brasileiro, cujas privatizações têm estudo em andamento ou concluído, mas são mantidas sobrestadas para lançamento em avalanche em momento politicamente mais favorável.
Esse é o panorama e esses são os bilhardários interesses subjascentes à perseguição política em curso no Brasil, mascarada de combate à corrupção e levada a cabo por homens do Estado Brasileiro, açambarcado este pela direita e pela extrema direita internacionalista, usurpadora, anti-democrática e nada solidária.
A dissimulação, o jogo articulado com a mídia para formação de massa crítica favorável, voltado ao massacre de reputações e à neutralização de forças opositoras e da esquerda; os ataques oportunísticos aos opositores para alimentar e manter em alerta e cativos segmentos populacionais apoiadores; essa a tática em que se enquadra, como atividade essencial, o avanço ilegal do MPF -- e em flagrante desrespeito à liberdade de imprensa e à democracia --, contra Glenn Greenwald, um heroi a ser venerado pelo Povo Brasileiro, por seu impagavel serviço ao País.
Comportam-se como se não soubessemos que aparam arestas em preparo da candidatura de Moro à presidência da República.
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