ALIMENTOS E BEBIDAS - Relatório Setorial em 09.01.2019
Dezembro: Exportações continuam brilhando com perspectiva ainda positiva
Alimentos
Em dezembro, as exportações brasileiras encerraram o ano com números brilhantes, com a China se destacando. O volume exportado de carne bovina aumentou 17% a/a, enquanto os preços médios em dólares continuaram sua tendência de alta observada ao longo do 2S19 e cresceram 32% a/a. Ao longo do ano, por outro lado, o aumento de 15% a/a em volumes superou o aumento de 4% a/a em preços.
Nesse contexto, destacamos o volume de carne exportada para a China que aumentou substancialmente 74% a/a, levando o país asiático a representar 41% do volume total das exportações de carne bovina do Brasil em 2019.
Embora os volumes m/m tenham diminuído (-4% em dez), ele continuará em níveis mais altos na comparação anual, em nossa opinião, devido à novas plantas autorizadas durante o 2S19.
Além disso, o preço médio no mercado doméstico também em níveis mais altos pode permitir à indústria de carne bovina sustentar spreads acima da média histórica, mesmo considerando o aumento de 12% a/a no preço do gado durante o ano passado.
A indústria de carne de porco seguiu o mesmo caminho construtivo depois de reportar um aumento notável de 38% a/a no volume exportado e um crescimento de 31% a/a no preço médio em dólar. Em 2019, em comparação com outras carnes, essa proteína apresentou o melhor desempenho em volume (+18% a/a) e preços (+16% a/a), com a China também alcançando uma representatividade importante no volume total exportado (41%).
As exportações de aves, por sua vez, ganharam força em dezembro, com os volumes aumentando 11% a/a. No entanto, durante todo o ano, apesar de positivo, mostrou a pior execução nas exportações, com o volume crescendo 2% a/a e preços 6% a/a.
Dados os preços mais altos da carne bovina nos mercados doméstico e internacional, espera-se uma mudança de substituição para outras proteínas animais e, por esse motivo, vemos espaço para aumentos de volume e preço na indústria de aves.
Quanto às empresas, as perspectivas positivas para as exportações e os preços mais altos no mercado doméstico devem compensar os custos mais altos decorrentes dos preços mais altos dos grãos observados nos últimos meses (+ 27% a / a em dezembro).
Perspectivas.
Mantemos nossa visão otimista sobre o setor de proteínas animais. A peste suína africana (PSA) na Ásia e em outros países da Europa trouxe uma oportunidade significativa para os maiores produtores de carne do mundo, beneficiando especialmente os brasileiros. No 2S19, não apenas a China autorizou novas plantas brasileiras a exportar para o país asiático, mas também Indonésia, Arábia Saudita, Rússia, México e Coréia do Sul.
Assim, esperamos maiores volumes exportados em 2020. Embora tenhamos acompanhado a tendência de alta dos preços nos mercados doméstico e internacional, vemos um espaço limitado para incrementos adicionais no curto prazo devido a:
(i) poder de compra sazonalmente menor no Brasil nos primeiros meses do ano, uma vez que despesas com impostos estão concentradas no 1T; e
(ii) aparente normalização dos estoques de carne da China.
É importante mencionar que, em dezembro, a China anunciou seu objetivo de suspender os impostos de certos volumes de soja e carne suína dos EUA, o que deve impactar os volumes do Brasil no país asiático. No entanto, embora ainda estejam em nosso radar, as negociações não ganharam força.
Em relação ao Irã, estamos acompanhando os desdobramentos dos conflitos entre o país e os EUA, mas até agora não vimos nenhuma ação retaliatória que devesse impactar as exportações brasileiras.
A participação do Irã na receita total das exportações de carne bovina brasileira já havia caído 29% a/a no ano passado e encerrou o ano representando 3,5% do volume total das exportações de carne bovina do Brasil em 2019. Em relação a outras proteínas animais, a relevância do Irã para as exportações é ainda mais baixa.
Considerando os resultados positivos para o setor ao longo de 2019, observamos que as ações das empresas subiram significativamente e, em nossa opinião, deve ser observada uma valorização adicional das ações em 2020. (veja mais detalhes em nosso relatório Perspectivas 2020 - Top Picks)
Bebidas
No segmento de bebidas, a ABEV3 valorizou ~19% em 2019, com desempenho abaixo do Ibovespa que subiu 29% no ano passado. A redução no volume de vendas, juntamente com um ambiente competitivo mais acirrado e custos mais altos, levaram a empresa a apresentar resultados negativos em 2019, com um impacto adverso nas ações da empresa.
De janeiro a outubro, de acordo com os últimos dados disponíveis pelo IBGE, a produção de bebidas alcoólicas cresceu 9% a/a, impulsionada principalmente pelo desempenho positivo em setembro e outubro. No mesmo caminho positivo, a produção de bebida não alcoólica aumentou 3% a/a. Para 2020, esperamos novos incrementos, dada uma expectativa positiva de consumo que deve ser estimulada por:
(i) saques do FGTS;
(ii) melhoria na folha de pagamento;
(iii) menores taxas de juros e
(iv) maior disponibilidade de crédito.
Confira no anexo a íntegra do estudo a respeito preparado por LUCIANA CARVALHO, analista senior do BB iNVESTIMENTOS