Diário do Mercado na 2ª feira, 06.01.2019,
Bolsa repercute o aumento da aversão ao risco, com incertezas sobre petróleo
e evolução das tensões entre EUA e Irã
Comentário.
O agravamento da apreensão global passou a afetar com mais impacto a Bolsa brasileira, especialmente em face das incertezas com o preço do petróleo, no mercado internacional, e das expectativas com a definição de possíveis repasses para o preço da gasolina, no mercado interno.
Até o pregão anterior (na 6ª feira, 03.01), a aversão ao risco vinha afetando mais o mercado de câmbio, do que o juro futuro e a Bolsa. Contudo, já na abertura de hoje, o índice Bovespa abriu em queda, oscilou em curtos movimentos de alta intradiária e encerrou o dia em perda, com liquidez expressiva, registrando 56 papéis em baixa e 16 em alta.
Paralelamente, os juros futuros encerraram o dia em ligeira elevação, entre calibragens de yields, frente às dúvidas com o comportamento do preço da gasolina e seus impactos sobre a inflação, ao passo que o dólar reverteu a queda inicial e retomou a máxima observada nos últimos dias, em R$ 4,07, na contramão da baixa observada perante outras moedas.
Ibovespa.
O índice iniciou a negociação em queda, seguida de volatilidade, e encerrou com variação negativa, aos 116.877 pontos (-0,7%), acumulando +5,18% em um mês e +27,26% em 12 meses. As quedas mais relevantes ocorreram entre as ações de companhias aéreas e distribuidoras de combustível, em linha com as dúvidas sobre petróleo e combustíveis.
Mas, fora do índice, empresas ligadas ao etanol se valorizaram pelo mesmo cenário. Braskem subiu, acompanhando a evolução do acordo com moradores de áreas de risco em Alagoas, Hapvida recuou, com o cancelamento da compra de carteira da Agemed, e os bancos fecharam com perdas, seguindo a tendência geral de aversão ao risco.
O giro financeiro preliminar da Bovespa totalizou R$ 27,4 bilhões.
Capitais Externos na Bolsa B3
No primeiro pregão deste ano, dia 2 de janeiro (último dado disponível), a Bovespa registrou saída líquida de capital estrangeiro no total de R$ -409,224 milhões. Em 2019, a saída líquida total atingiu R$ -44,517 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, os índices PMI do Instituto Markit (que medem as expectativas dos gerentes de compras, das companhias) registraram comportamentos mistos, mas acima dos 50 pontos (indicativos de melhoria de atividade), com discreta evolução no PMI de serviços (de 50,9 para 51,0) e recuo no PMI composto (de 51,8 para 50,9), entre novembro e dezembro.
Nos EUA, os índices PMI se elevaram, de 52,2 para 52,8 (serviços) e de 52,2 para 52,7 (composto).
Na China, os índices PMI Caixin-Markit recuaram, de 53,2 para 52,6 (composto) e de 53,5 para 52,5 (serviços).
Na Alemanha, houve alta do PMI, passando de retração para expansão (índice composto: de 49,4 para 50,2; índice de serviços: de 52,0 para 52,9).
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) se valorizou frente ao real, especialmente ao final da tarde, mas com baixa liquidez, em movimento oposto ao que ocorreu perante as principais divisas.
A moeda encerrou cotada a R$ 4,0620 (+0,17%), acumulando -2,03% em um mês e +9,25% em 12 meses. O risco-país medido pelo CDS Brasil de 5 anos se manteve em 99 pontos.
Juros.
Os juros futuros de vencimentos médios e longos apresentaram discreta elevação, acompanhando as tensões geopolíticas, enquanto os curtos apresentaram variações inexpressivas, no aguardo de desdobramentos envolvendo o preço do petróleo e perspectivas de inflação.
Em relação ao pregão anterior, assim fecharam:
DI janeiro/2021 em 4,53% de 4,52%;
DI janeiro/2022 em 5,29% de 5,28%;
DI janeiro/2023 em 5,84% de 5,81%;
DI janeiro/2025 em 6,49% de 6,45%;
DI janeiro/2027 em 6,82% de 6,79%.
Agenda.
Brasil: IPC-Fipe, vendas de veículos pela Anfavea, IPC-S, IGP-DI, prévia do IGP-M, IPCA, Produção Industrial, volume do setor de serviços, índice de atividade IBC-Br.
EUA: pedidos de fábrica, dados do emprego pela ADP.
China: índices IPP e IPC, PIB;
Alemanha: IPC, PMI Markit, PIB, Pesquisa do instituto ZEW.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 2ª feira, 06.01.2020, elaborado por RENADO ODO, CNPI-P, e HENRIQUE TOMAZ DE AQUINO, CFA, ambos integrantes do BB Investimentos.