SIDERURGIA E MINERAÇÃO - Relatório Setorial - Junho/2019
Preços de MF acima de US$ 100/t;
Em junho, as ações das empresas foram, em sua maioria, impactadas por um tom mais positivo vindo das autoridades brasileiras no que tange as reformas, especialmente a da previdência. Assim, as empresas com maior exposição ao mercado doméstico tiveram valorização significativa de suas ações no mês.
Com exceção da CSN, onde acreditamos ter havido um movimento de realização após a valorização de ~18% em maio, todas as ações do setor performaram acima do Ibovespa, com destaque à Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5) que subiram 9,6% e 9,0%, respectivamente.
Ainda em junho, as exportações de MF caíram 1.4% m/m depois de dispararem 63% em maio. No que tange preço médio (US$/t), entretanto, observamos um movimento de alta contínuo, mesmo nos meses com menores volumes exportados, devido aos altos preços de MF nos mercados internacionais. Em junho, o preço da commodity ficou em média de US$ 110,6/t ante US$ 92,5/t em maio.
Os efeitos de fechamento de capacidades no Brasil devido a Brumadinho e a queda de produção na Austrália em razão de condições climáticas foram catalizadores importantes para a alta nos preços do minério observada nos últimos meses. Adicionalmente, vimos a produção de aço na China em níveis recordes em maio, um fator adicional que ajudou a impulsionar os preços de MF.
Os estoques de MF nos portos chineses caíram para 105,4Mt, com a demanda subindo e a oferta encolhendo. Recentemente, a mineradora australiana, Rio Tinto, revisou seu guidance 2019 de produção para baixo, aumentando as pressões nos preços. Estamos observando o movimento de consumo de estoques, como mencionamos nos relatórios anteriores, devido aos menores embarques chegando aos portos chineses.
Em relação ao frete, de Tubarão (BZ) a Qingdao (CH) os valores aumentaram, uma vez mais, agora em US$ 18,4/t (~+12%) com os conflitos entre EUA e Iran ganhando um tom mais sério. Já para metais básicos, os preços de alumínio, níquel e cobre subiram m/m.
De acordo com a WSA¹, a produção mundial de aço bruto somou 162,7Mt em maio (último dado disponível), 3,9% maior m/m e +5,4% a/a. A produção chinesa somou 89,1Mt, alta de 4,8% m/m e +10% a/a. Com relação ao Brasil, a produção de aço somou 2,75Mt, decrescendo 4,7% m/m, porém avançando 2,9% a/a.
Contudo, lembramos que em maio/18 tivemos os efeitos da greve dos caminhoneiros, a qual afetou os volumes produzidos naquele período. O PMI manufatura na China ficou em 49,4 pts em maio, resultado das tensões entre os EUA e China.
Em relação aos EUA, o payroll de junho criou 224k vagas, acima do consenso de 160k. Desemprego apresentou leve alta, em 3,7% no período, porém ainda em níveis bem baixos. O ISM EUA caiu para 51,4 pts, com as autoridades americanas mantendo suas políticas de imposição tarifária. Já para preços de aço, os números vieram diversos, com preços estáveis na China, porém caindo forte nos Estados Unidos.
No Brasil, na comparação anual, vimos a indústria ainda sofrendo para se recuperar. A produção de aços planos retraiu 3,7% a/a e a de longos, 8,5%, mesmo com a menor base comparativa dada a greve dos caminhoneiros (veja tabela abaixo). As vendas ficaram estáveis, bem como o consumo aparente.
Em julho, a temporada de resultados do 2T se inicia com Usiminas no dia 26, seguida por CSN, Vale e Gerdau.
Outlook.
Para julho, poderemos ver correção de preços de MF, dado o retorno de da mina de Brucutu da Vale e investigações das autoridades chinesas sobre manipulação dos preços da commodity.
Nas siderúrgicas, a demanda deve continuar tímida no curto prazo, seguindo as projeções atuais para a economia doméstica. Dada a temporada de resultados, as ações das empresas deverão ser influenciadas pelos números apresentados, caso eles venham abaixo ou acima do consenso.
Confira no anexo a íntegrado do relatório preparado por GABRIELA E. CORTEZ, Analista Sênior, e CATHERINE KISELAR, Analista, integrantes do BB Investimentos