AGRONEGÓCIOS -- Relatório Setorial
Análise pelo BB Investimentos
Junho: exportações favorecidas por condições climáticas e guerra comercial
Em Junho, o Ibovespa fechou a 100.967 pontos (+4,1% m/m), enquanto o dólar fechou cotado a R$ 3,86/US$, com desvalorização de 3,6% m/m, influenciados por
(i) expectativas com a reforma da previdência no Brasil e
(ii) desdobramentos da guerra comercial entre China e EUA.
Dentre as empresas cobertas no setor de Agronegócios, destacamos a valorização expressiva de 19,6% da OFSA3, importante fornecedora de medicamentos para a pecuária, setor que está sendo beneficiado pelo contexto da Febre Suína Africana na Ásia - FSA (leia mais em nosso relatório ‘Agronegócios & Alimentos - Nossas considerações sobre a Febre Suína Africana’).
O Acordo Mercosul-UE anunciado no final de Junho também repercutiu de forma positiva no setor, uma vez que este prevê:
(i) eliminação de tarifas para produtos agrícolas (frutas, café, peixes, crustáceos e óleos vegetais);
(ii) cotas exclusivas e redução parcial de tarifas em carnes, açúcar, etanol, arroz, ovos e mel;
(iii) eliminação de tarifas de exportação para produtos industriais;
(iv) participação em licitações da UE;
(v) redução de custos na importação, exportação e trânsito de bens; e
(vi) acesso a insumos de alta tecnologia a preços competitivos – medidas que devem beneficiar o setor de forma gradativa.
Nesse sentido, o Ministério da Agricultura prevê aumento de US$ 87,5 bi no PIB e US$ 113 bi em investimentos em 15 anos, além do incremento de US$ 100 bi em exportações até 2035. De acordo com o IBGE, o PIB da Agropecuária recuou 0,5% t/t no primeiro trimestre, e segue pressionado por custos mais elevados dos insumos agrícolas, apesar da elevação de produção.
SOJA.
No mês de junho houve menor liquidez no mercado à vista, conforme IMEA (Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária), com produtores brasileiros postergando comércio de soja para o 2S, dado as incertezas da safra norte-americana que sofre com os efeitos climáticos.
Nesse sentido, no final do mês, a USDA atualizou suas perspectivas para safra de 2019/20 dos EUA, diminuindo em 10% a/a a área plantada (para 32,38 milhões de hectares), a menor desde 2013, e a produção em 14% (106,82 kton).
No Brasil, de acordo com Conab, o menor volume exportado do grão em junho (-26% a/a), impactado principalmente pela redução de 27% a/a do volume exportado para China, reflexo da menor produção de porcos diante da FSA, contribuíram para a queda de 3% a/a nos preços no mercado doméstico.
Elencamos em seguida alguns aspectos que podem influenciar os preços da soja nos próximos meses, em nossa visão:
(i) o cenário na Ásia com a FSA, que pode recuar ainda mais a demanda chinesa;
(ii) o acordo entre os EUA e China, que pode alterar a dinâmica de exportações da soja brasileira ao país asiático; e
(Iii) o clima favorável no Brasil sustentado a oferta de grãos.
MILHO
Segundo a Conab, a produção de milho brasileira deve ser recorde na 2ª safra de 2018/19, com aumento de 6,9% na área plantada (12,3 milhões de hectares) e 97 milhões de toneladas (20% acima da safra 2017/18).
Assim, dado a oferta favorável de milho, as exportações em junho aumentaram significativamente, segundo a Secex, enquanto os preços apresentaram considerável elevação, de acordo com CEPEA/Esalq.
Dois aspectos que devem impactar os preços de milho no Brasil:
(i) o clima desfavorável nos EUA, que tem prejudicado as plantações de milho no país, aumentando demanda internacional pelo milho brasileiro; e
(ii) o clima doméstico favorável para a segunda safra do grão no Brasil.
Segundo a Conab, espera-se estoques, produção e exportação recordes de milho para a segunda safra.
ALGODÃO
Mês de baixa liquidez, com compradores estocados e aguardando o avanço da colheita, mesmo com vendedores dispostos a baixar preços, segundo a CEPEA. Desta forma, devido aos altos estoques, o preço médio de algodão CEPEA/Esalq caiu 3% m/m em junho.
Para a safra 2018/19, o CEPEA espera um incremento na área plantada de 36,2% e na produção de 33,4% safra/safra, devido ao clima mais favorável, a baixa nos estoques internacionais e a tendência de evolução de preços.
Para o mercado internacional, a USDA indica produção global 2018/19 menor que a safra anterior em 4% (25,88 mihões de toneladas), enquanto o consumo deverá vir em 26,63 mihões de toneladas, com estoques caindo em 4% (para 16,88 mihões de toneladas).
O cenário para o algodão deve permanecer estável, em nossa opinião. No entanto, a produção brasileira que segue intensa, de acordo com a CONAB, deve se beneficiar da redução de 3% safra/safra da semeadura do algodão norte-americano, com redução de área em cinco estados, segundo a USDA.
Desfechos relativos à guerra comercial EUA x China devem também influenciar na intenção do cultivo, cenário possivelmente favorável ao Brasil, dado que a China tem aquecido o mercado e renovado seus estoques.
PECUÁRIA.
Temos uma visão bastante otimista para a indústria pecuária no Brasil, dado a perspectiva mais favorável para as exportações brasileiras com a diminuição da produção suína chinesa diante da FSA, com desdobramentos também para as demais proteínas. Mais detalhes em nosso relatório setorial ‘Alimentos & Bebidas - Junho 2019’.
Notas Setoriais.
Diante da atual situação financeira da Fertilizantes Heringer, a partir deste relatório estamos descontinuando cobertura do papel FHER3.
Confira no anexo a íntegra do relatório preparado por LUCIANA CARVALHO, Analista Sênior, e CATHERINE KISELAR, Analista, integrantes do BB Investimentos